Marta Belo: “Seguir o exemplo é bom, mas ser exemplar é ainda melhor”

Marta Belo, diretora dos Serviços Corporativos da EDP Global Solutions, defende que as empresas têm um papel importante para atrair e reter mais talento feminino para a tecnologia, mas também é fundamental que as mulheres tenham coragem de avançar e se tornem exemplos a seguir.

Marta belo é diretora dos Serviços Corporativos da EDP Global Solutions,

Licenciada em Economia no ISEG, Marta Belo iniciou a carreira na L’Oréal, como controller financeira.  Em 2009, entrou no mundo EDP e também no da tecnologia, com funções em áreas financeiras, de operações e melhoria contínua e experiência de cliente. Mais tarde, foi convidada a criar a Direção de Melhoria Contínua na EDP Global Solutions, empresa deserviços partilhados, onde liderou vários projetos de transformação digital nas diversas geografias com grande impacto no grupo. Atualmente, é diretora dos Serviços Corporativos da empresa e sente quase como missão a responsabilidade de contribuir para atrair mais mulheres para as áreas tecnológicas.

Conheça o seu percurso, como se apaixonou pela tecnologia e as medidas que defende para captar mais talento feminino para esta área que as mulheres continuam a considerar pouco estimulante.

 

O que a levou a trocar a L’Oréal pela EDP?

Iniciei a minha carreira como trainee de controlo de gestão da Divisão de Produtos de Grande Consumo da L’Oréal. Foi uma etapa muito exigente que me permitiu desenvolver competências técnicas, mas acima de tudo soft skills que me ajudam na forma como encaro os desafios.

Fascina-me fazer coisas diferentes todos os dias e senti que já tinha uma excelente base consolidada para experimentar outros desafios ligados à transformação e inovação, onde conseguisse sentir o impacto e resultado para além dos números. Foi nessa altura que surgiu a oportunidade de ir trabalhar para o Grupo EDP, para uma função transversal com vários desafios: controlo financeiro, controlo de operações e projetos de transformação.

Como transitou da área financeira para a tecnologia?

Sempre tive gosto e curiosidade pelas engenharias, mas 15 dias antes de me inscrever na universidade mudei de ideias e decidi formar-me em Economia. O percurso pela área financeira deu-me um background relevante para as funções que tenho vindo a desempenhar, mas o gosto por inovar e contribuir para a mudança estavam muito presentes. A mudança para áreas de tecnologia aconteceu na EDP com a participação em projetos de transformação digital com foco no cliente.

 

Para além da tecnologia ser uma área em constante evolução, com a participação em projetos de transformação digital percebi o impacto que estas áreas têm nas organizações e no cliente e a facilidade com que é possível inovar nos processos e produtos.

 

Como foi o seu percurso na EDP até chegar à função que hoje ocupa?

Em 2009, entrei no mundo EDP, onde passei por diversas áreas da cadeia de valor do Grupo, desde a distribuição de energia à comercialização em mercado regulado e liberalizado. As principais funções foram em áreas financeiras, operações e melhoria contínua.

Em 2016, abracei o desafio de criar a Direção de Melhoria Contínua e experiência de Cliente na EDP Global Solutions (empresa de shared services do Grupo) onde liderei vários projetos de transformação digital nas diversas geografias.

Atualmente, sou diretora dos Corporate Services, área responsável pela gestão de frota, serviços TI e comunicações, travel e expense, segurança e ambiente, operações de formação e conhecimento e gestão do contact center de serviços partilhados do Grupo.

Qual o momento  em que percebeu que a tecnologia era a área em que gostaria de fazer carreira?

Para além da tecnologia ser uma área em constante evolução, com a participação em projetos de transformação digital percebi o impacto que estas áreas têm nas organizações e no cliente e a facilidade com que é possível inovar nos processos e produtos.

Com as primeiras iniciativas de transformação digital na EDP, percebi que o que gostava era de projetos de melhoria continua e experiência de cliente. Poder contribuir para a mudança e ajudar a tornar a relação entre empresa e cliente uma relação simples, próxima e diferenciadora. A tecnologia permite inovar e criar novas soluções permanentemente.

Trabalhando nesta área, quais considera serem as principais razões que impedem que mais mulheres queiram trabalhar em tecnologia?

As mulheres tendem a pensar que não teriam sucesso a trabalhar em tecnologia e que não se iriam sentir confortáveis num ambiente visto como masculino. É necessário mostrar -lhes o impacto que a aposta nestas áreas pode ter na sua carreira e o potencial económico associado. Muitas vezes, não entendem quais as opções que estão disponíveis neste campo e isso também as impede de ambicionarem esta carreira. Por outro lado, esta vertente não é desenvolvida como estímulo na educação e crescimento das mulheres.

 

É responsabilidade das empresas criar e incorporar uma cultura de diversidade como uma prioridade estratégica de forma a ajudar a atrair e reter as mulheres no campo da tecnologia.

 

Que medidas poderiam ser tomadas para atrair mais talento feminino para esta área? 

Hoje as pessoas estão mais conscientes sobre a diversidade, mas há ainda alguns estereótipos tais como, “tecnologia é um campo dominado apenas por homens”, que devem ser ultrapassados. As empresas devem, portanto, tornar atraentes também para as mulheres as funções ligadas diretamente à tecnologia. Podem fazê-lo através da criação de programas de desenvolvimento e de grupos de partilha de experiências com mulheres que sejam referências nestas áreas, assim como da realização de palestras que deem voz e palco a estas mulheres.

Depois de atrair o talento feminino para as áreas tecnológicas, é importante apostar na formação constante e na comunicação corporativa das atividades desenvolvidas por estas mulheres.

O mentoring direcionado é outra medida com impacto — a passagem de visões, sonhos, ideais, princípios, valores, atitudes e know how permitem que outras mulheres se sintam mais estimuladas a seguir carreiras de tecnologia.

Outro aspeto importante é a implementação de políticas e benefícios específicos para mulheres nestas áreas. É, portanto, responsabilidade das empresas criar e incorporar uma cultura de diversidade como uma prioridade estratégica de forma a criar essa visibilidade e ajudar a atrair e reter as mulheres no campo da tecnologia.

O que diria às mulheres quando pensam que trabalhar em tecnologia deve ser complicado e pouco interessante?

O exemplo tem uma força muito importante. Existem poucas mulheres nesta área porque nas suas famílias também não é comum mulheres a trabalhar em tecnologia, e o “normal” é seguir-se os padrões. O desafio é deixar de seguir o exemplo e ser exemplar! Ter coragem de querer avançar! Seguir o exemplo é bom, mas ser exemplar é ainda melhor!

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