A maioria dos portugueses preferia não estar em teletrabalho

E não é só pelas causas que nos levaram a adoptá-lo. Um estudo da Universidade Europeia, realizado por Isabel Moço, analisa a gestão do trabalho remoto durante o estado de emergência.

As mulheres são mais penalizadas.

São 90% os portugueses que se encontram em regime de teletrabalho, sendo que a maioria (65%) preferia não estar, embora apenas uma reduzida percentagem de participantes se encontre “nada satisfeito” (3%) ou “pouco satisfeito”(9%) com a situação.Perto de 80% dos participantes identifica o ganho de tempo como a principal vantagem deste regime. Estas são algumas conclusões do estudo sobre os “Desafios da Gestão de Pessoas em Trabalho Remoto”, desenvolvido pela Universidade Europeia, com o objetivo de caracterizar quais os principais desafios que se colocam às empresas, à gestão de pessoas e às próprias pessoas, que na presente conjuntura de combate à propagação do Covid-19 estão a trabalhar remotamente. Embora 65% dos inquiridos tenham revelado que preferiam não estar em teletrabalho, 79% dos participantes identifica o ganho de tempo como a principal vantagem deste regime.

A maior parte dos participantes sente que é mais produtivo ou que mantém o nível de produtividade.

Segundo os resultados do estudo, do total de 539 respostas avaliadas, a maioria dos portugueses inquiridos trabalha em regime de full-time (96%), estando também a maior parte em situação de isolamento social (84%).  No que se refere às perceções individuais sobre a experiência de teletrabalho, a maior parte dos participantes sente que trabalha mais (49%) ou que trabalha o mesmo (35%). De igual forma, a maior parte dos participantes sente que é mais produtivo (37%) ou que mantém o nível de produtividade (37%).

Cerca de metade dos inquiridos (49%) sente-se mais afastado da empresa e praticamente a restante proporção de participantes (46%) sente que não há alterações. Independentemente da dimensão da empresa, a maioria dos participantes (68%) refere não existir um mecanismo de controlo do tempo de teletrabalho por parte da chefia. No entanto, quando existe algum mecanismo, esse parece ser mais frequente em empresas de média dimensão, ou seja, em empresas com 50 a 249 colaboradores (28%) e empresas com 250 a 500 colaboradores (27%).

A principal desvantagem é  afastamento dos colegas.

Relativamente às principais vantagens sentidas pela população em regime de teletrabalho, a esmagadora maioria identificou o ganho de tempo (79%), a gestão de horários (57%) e uma maior flexibilidade (44%). Quanto às desvantagens do teletrabalho, destaca-se a sensação de afastamento dos colegas (76%), “mistura” entre a vida profissional e familiar (64%), bem como o sentimento de não ter apoio quando é necessário (39%). No que toca às principais dificuldades sentidas pelos participantes no estudo da Universidade Europeia, salienta-se a “mistura” entre a vida profissional e familiar (56%), a existência de um espaço físico apropriado para o trabalho (49%), bem como a dificuldade de acessos a tecnologia (35%).

Quem tem filhos está mais stressado; quem não tem sente mais o isolamento.

Entre as diferentes repercussões do teletrabalho consideradas, o estudo constata que as mulheres reportaram um nível de stress (média = 3,10 e 2,90, respetivamente) e cansaço mais elevados (média = 3,17 e 2,83, respetivamente) do que os homens.  As pessoas casadas e com filhos avaliaram de forma diferente a experiência de teletrabalho. Os participantes com filhos, reportaram níveis mais elevados de conflito trabalho-família (Média = 2,97 e 2,70, respetivamente), stress (Média = 3,20 e 2,87, respetivamente) e cansaço (Média = 3,18 e 2,92, respetivamente). Os indivíduos solteiros foram os que reportaram sentir-se mais isolados em relação aos outros (Média = 3,8). No âmbito da análise do nível de satisfação geral com a situação de teletrabalho, verificou-se que os participantes sem filhos estavam significativamente mais satisfeitos (média =3,71), com a situação de teletrabalho, comparativamente com os participantes que têm filhos (média = 3,45).

Como conclusões do estudo “Desafios da Gestão de Pessoas em Trabalho Remoto” destacam-se  o facto da gestão de pessoas dever assumir alguns princípios, como, padrões e medidas de promoção da saúde ocupacional, do equilíbrio emocional e do bem-estar pessoal, nomeadamente o “direito à desconexão” e a limitação dos espaços de trabalho; regulação dos tempos de trabalho e medidas de promoção da produtividade; “(Re)educação” de trabalhadores e chefias; contrato de trabalho específico para teletrabalho e suas condições.

O relatório integral do estudo “Desafios da Gestão de Pessoas em Trabalho Remoto” está disponível para consulta através deste link.

 

Ficha Técnica do Estudo

Promovido pela Faculdade Empresariais e Sociais da Universidade Europeia, o estudo “Desafios da Gestão de Pessoas em Trabalho Remoto” foi realizado através de questionário disponibilizado nas redes sociais, entre os dias 20 e 30 de março, correspondendo ao período de “confinamento” definido pelo Estado de Emergência, tendo uma amostra composta por 539 indivíduos, residentes no Continente e Regiões Autónomas. O estudo foi desenvolvido por Isabel Moço (Docente), Sílvia Lopes (Docente e Investigadora) e Raquel Soares (Dean e Docente) da Faculdade de Ciências Empresariais e Sociais da Universidade Europeia.

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