A proposta para se mudar para Madrid caiu como sopas no mel, pois Susana Albuquerque já ansiava por uma experiência internacional. Como copy writer esteve na Wunderman, Publicis e Bates Y&R e foi diretora criativa da Lintas, da Lowe and Partners e da 141 Worldwide. Em 2013 fez as malas para a capital espanhola para ir trabalhar como diretora geral criativa para a Tapsa/Y&R, com a qual conquistou três “leões” em Cannes. Para as filhas gémeas, então com 9 anos, não foi uma adaptação fácil. Tiveram de aprender castelhano e inglês ao mesmo tempo, porque a maioria das escolas são bilingues. Hoje já corrigem o sotaque da mãe a toda a hora. A capital espanhola revelou-se uma agradável surpresa, não apenas porque é mais acolhedora do que Susana pensara, como também porque lhe trouxe uma nova e inesperada oportunidade de trabalho. “Achava que ia ser impossível mudar de emprego cá, por não conhecer o mercado, e aconteceu!”, diz agora a diretora criativa na DDB Madrid.
O melhor café? Pan Comido, uma padaria na Calle Zurbano. Além da típica torrada com azeite e tomate, tem bons croissants e o espaço tem um calor natural, sem grandes frescuras, daqueles que dá vontade de ficar a ler o jornal e chegar atrasada ao trabalho. A Azotea do Circulo das Belas Artes tem a melhor vista de Madrid. De Verão tem restaurante, mas dá para subir o ano todo e tomar algo, ou ficar só a ver a vista.
O restaurante para um almoço de trabalho? StreetXO. A versão street food do David Muñoz do DiverXO. Deslumbrante à vista e na boca. O melhor hambúrguer, mesmo para quem achava que não gostava de carne, está na A Ana La Santa, na Plaza de Santa Ana. A Muta, na Calle Ponzano é um restaurante mutante que muda de cozinha e de decoração a cada par de meses.
As melhores tapas? Na Sala de Despiece, também na Calle Ponzano. Um bar de tapas moderno rodeado de bares de tapas tradicionais no melhor bairro para tapear, Chamberi (o meu bairro, claro).
A livraria imperdível? Livraria Central, que fica ao lado da Plaza del Callao, e é um oásis acolhedor numa zona plantada de franchisings. É bonita, criteriosa, tem vários pisos com salas pequenas que comunicam entre elas, e um bom café no piso térreo para ler as primeiras 20 páginas.
A sala de espectáculos obrigatória? A oferta é mais que muita. Onde vou parar mais vezes é aos Teatros do Canal (têm bons festivais de teatro, dança e música) e ao Matadero, um antigo matadouro junto ao rio, transformado em centro cultural.
Um museu a não perder? O CaixaFórum, o Thyssen e a Fundación Telefónica. Têm as melhores exposições temporárias. E o edifício do CaixaForum também vale a visita pela arquitectura de Herzog & De Meuron e pelo jardim vertical ao lado.
As lojas de decoração a que não resiste? Tenho uma casa pequena que já veio decorada de Lisboa. Mas se alguém me pedisse ajuda, levava-o aos antiquários à volta do Rastro.
As lojas favoritas para comprar roupa? Compro cada vez menos roupa. Mas a loja onde mais me apetece comprar é a Gion, uma loja de roupa e acessórios japoneses em segunda mão, na Calle Barquillo, 18.
Onde se perde por sapatos e carteiras? Na Camper. Isso não mudou com a vinda para Espanha.
Os seus beauty spots? Cabeleireiro só vou duas vezes por ano, e escolho a Aveda. Acupuntura ao lado de casa quando as costas pedem.
O mercado ou a mercearia para comprar bons produtos? O mercado de Chamberi, um mercado municipal para peixe, fruta, vegetais e massas DeCecco. A Carnicería López, na Calle Ponzano tem presunto, croquetas, marmelada caseira, hummus, e um nível de simpatia que já é quase amizade. Além de ser o único talho com bom aspecto onde alguma vez entrei (lojas gourmet não contam).
O que mais gosta na cidade? Tapear a qualquer hora. As boas exposições. Sacar uma bicicleta eléctrica à porta de casa e poder largá-la em qualquer lugar da cidade.
O que menos gosta? Muitos carros e pouca praia.
Qual o segredo mais bem guardado de Madrid? A praça de Olavide. Acho que só os madrilenos a conhecem. Para mim representa o melhor de Madrid. Estar na rua, apanhar sol, comer, beber, conversar, e as crianças a brincar no parque. Lavapiés, que é o centro multicultural de Madrid, e que muitos consideram o bairro menos nobre do centro, é para mim um dos mais especiais.
Que hábito ganhou em Madrid que não tinha em Portugal? Comer presunto. Antes de chegar a Madrid achava que não gostava.
O que diria a uma executiva que foi convidada a trabalhar em Madrid? Que não hesitasse. É uma cidade que acolhe bem os estrangeiros, quase ninguém em Madrid é de Madrid. É uma cidade onde se vem para trabalhar e onde se aproveita para viver bem.