Katharina Schlaipfer, alemã de 42 anos, trabalhou em quatro países antes de chegar a Portugal. Começou a sua carreira na Alemanha. Mudou-se para o Waldorf Astoria Rome Cavalieri, em Itália, onde ocupou diferentes posições, fez a abertura do Hilton Molino Stucky, em Veneza, como diretora comercial, desempenhou pela primeira vez funções de diretora geral aos 34 anos de idade, no Hilton Brussels City, na Bélgica, e mudou-se para o Hilton Strasbourg, em França, com as mesmas funções.
Deixou Florença, em Itália, onde era cluster general manager dos hotéis Hilton e Hilton Garden Inn Florence, para se instalar no Algarve, em Janeiro de 2017, e desempenhar funções de diretora geral do Conrad Algarve. Katharina Schlaipfer tem como missão melhorar a taxa de ocupação ao longo de todo o ano do resort na Quinta Lago que foi eleito o melhor resort de luxo e lazer de todo o mundo, todos os anos de 2013 a 2016.
A gestora gosta de conhecer novas culturas e aprender novas línguas e caracteriza-se por uma forte capacidade de adaptação. Em Portugal, ganhou o hábito de comer sopa e lá fora não se cansa de elogiar os portugueses, de quem se diz embaixadora.
Esta é a sua quarta missão internacional como expatriada. O que é que aprendeu com as três anteriores?
Gosto de trabalhar em diferentes países e a vantagem é que pude aprender ou melhorar as respetivas línguas. Como consequência, hoje falo seis línguas (alemão, inglês, francês, italiano, espanhol e português).
As experiências nesses países, no final de contas, moldaram quem eu sou e como perceciono o mundo. A exposição a diferentes cozinhas, culturas e línguas estão entre as minhas atividades de lazer favoritas, e a História sempre foi para mim uma paixão.
As nomeações internacionais também me ajudaram a fortalecer as minhas aptidões interpessoais, o que pode fazer uma diferença importante quando uma pessoa tem que evidenciar sensibilidade cultural e construir relações com novos colegas e clientes, no estrangeiro. Ao longo dos anos, fui criando uma imensa rede de contactos, em cada país, o que beneficia sempre também o hotel onde estou a trabalhar.
A globalização da economia exige líderes internacionais/globalizados – uma colocação internacional ajuda a mergulhar em projetos emocionantes, que moldam-nos como profissionais altamente adaptáveis.
Precisamos de promover os destinos Portugal e o Algarve no mundo para que se saiba que existem hotéis de luxo lindos, em locais deslumbrantes neste país.
Qual é a sua missão, na Conrad?
Logo na primeira vez que vim ao Conrad Algarve, senti que este era realmente um hotel especial. Nós temos um hotel muito bonito, mas eu digo sempre que o que faz um hotel são as pessoas. E o essencial é colocar a alma e o coração no hotel, através dos nossos colegas de equipa. É por isso que a nossa missão principal no Conrad é proporcionar um serviço de atendimento excecional e criar, para cada hóspede, uma experiência personalizada, com a qual se sintam especiais e queiram voltar.
Estando localizado no Algarve, outra das missões principais é melhorar a nossa taxa de ocupação durante as épocas baixa e intermédia, tendo como alvos os MICE [acrónimo de Meetings, Incentives, Conferencing and Exhibitions – Reuniões, Incentivos, Conferências e Exposições], o negócio do golfe e atraindo viajantes de diferentes países.
Quais é que são os principais desafios de gerir um hotel de luxo em Portugal?
Eu diria que o principal desafio é a nossa oportunidade. Precisamos de promover os destinos Portugal e o Algarve no mundo para que se saiba que existem hotéis de luxo lindos, em locais deslumbrantes neste país.
No último ano, aumentámos a taxa de viajantes por lazer dos Estados Unidos, Alemanha e França e ainda assistimos a um crescimento constante. No entanto, tendo trabalhado num hotel de luxo em Roma durante sete anos, vejo que ainda temos imensas oportunidades de crescimento.
Sendo eu uma convidada no seu país, a minha visão é sempre que sou eu que preciso de me adaptar à equipa e à cultura.
Como é que se adaptou a uma equipa que não conhecia, num ambiente estranho?
A coisa mais importante é ter o mindset correto. Sendo eu uma convidada no seu país, a minha visão é sempre que sou eu que preciso de me adaptar à equipa e à cultura, e não eles precisarem de se adaptar a mim. É assim que rapidamente se consegue a aceitação de membros da equipa, parceiros comerciais e hóspedes. A língua é com certeza muito importante. Comecei a aprender português imediatamente, e mostrar o esforço é muito importante e conduz ao respeito.
Do seu ponto de vista, o que é que trouxe à gestão do Conrad?
A minha formação não é só em operações, mas também comercial, e fico feliz por termos continuado a nossa história de sucesso. No ano passado fomos capazes de atingir um crescimento significativo na ocupação e na taxa média, e construir uma base de negócio para os anos vindouros. É encorajador que o negócio cresça continuamente.
Uma coisa muito importante para mim é desenvolver talentos e dar-lhes oportunidades de carreira. Fico contente por alguns dos membros da equipa terem progredido nas suas carreiras, terem encontrado oportunidades fora de Portugal ou dentro do Conrad Algarve. Nós também promovemos jovens portugueses talentosos para cargos de gestão.
Tenho um estilo de gestão colaborativa e fico feliz por a satisfação e o comprometimento dos membros da equipa estarem no nível mais elevado.
Sinto-me sempre em casa nos países onde estou a viver.
Quais são os principais atrativos de uma carreira internacional?
Aprendizagem de línguas e construir uma forte rede internacional de contactos de amigos, colegas, colegas de trabalho e parceiros comerciais, o que vai multiplicar o número de oportunidades que se tem mais tarde na vida. Quando se tem experiência internacional de trabalho, é provável que se seja confiante e tenha uma personalidade extrovertida.
De que é que gosta mais em Portugal?
Dos portugueses: são muito acolhedores e hospitaleiros. Como costumo dizer, a genuína hospitalidade Portuguesa! Nunca a encontrei em mais nenhum lado do Mundo (e eu viajei muito).
O que é que menos aprecia em Portugal?
Portugal é um país tão bonito, tem tanta gente talentosa, ótimos produtos, excelente comida e vinhos, mas isto nem sempre é conhecido fora de Portugal. As pessoas apenas o descobrem quando passam férias ou vivem aqui. Existe tanto potencial no país que merece mais divulgação. Eu agora sou uma grande embaixadora de Portugal: onde quer que vá, com quem quer que fale, eu elogio Portugal e as suas pessoas.
O que é melhor em Portugal do que em outro lado qualquer?
As pessoas.
Onde é que se sente em casa?
Sinto-me sempre em casa nos países onde estou a viver.
Que rotinas é que adquiriu em Portugal?
Comer uma boa sopa ao almoço ou ao jantar, e onde quer que vá elas são sempre deliciosas.
Quais são os seus hobbies?
Viajar, música clássica e arte.
Um conselho final para jovens mulheres executivas que almejem ter uma carreira na indústria hoteleira?
Primeiro que tudo, é preciso ter uma paixão pela hospitalidade e é preciso adorar viajar e trabalhar em países diferentes.
Acreditar em si própria não é uma opção, é uma obrigação e tem de se ter autoconsciência do nosso impacto nos outros. É a combinação dessas duas coisas que é muito importante.
Finalmente, tudo está relacionado com a nossa capacidade de liderança. Vou dar o meu exemplo. Ao longo dos anos, tenho desenvolvido naturalmente uma filosofia de liderança, que uso como bússola. O meu foco principal é na colaboração, ouvir os colegas, delegar e ter sempre a porta aberta para eles. O resultado é uma equipa extremamente motivada, que se vai esforçar para atingir a excelência e nos vai ajudar a alcançar e ultrapassar os nossos objetivos de negócio.