Desde muito cedo, que Giovanna Vitelli soube o que queria fazer. Lembra-se de viajar pelo mundo, ainda criança, com o seu pai, enquanto ele abria novos concessionários de iates e estaleiros. Aos seis anos foi-lhe dada uma folha de papel em branco, para que escrevesse tudo o que achava que estava mal num barco, enquanto o visitava. “Quando voltei para uma nova visita ao estaleiro, podem imaginar a minha felicidade ao ver que algo do que eu tinha escrito fora incorporado na embarcação”, afirma ao The Times.
Movida por uma forte paixão pelo trabalho, tem provado o seu valor e desde o ano passado que está ao leme do maior império de iates do mundo, como presidente da Azimut Benetti, a empresa italiana fundada pelo seu pai, em 1969, e que emprega 2500 pessoas — o pai faleceu subitamente no final de 2024, aos 77 anos.
Giovanna Vitelli é, aos 49 anos, uma das poucas líderes femininas nesta indústria, dominada por homens. Em 2024 ganhou, em Itália, o Prémio Entrepreneur of the Year, promovido pela EY, “não só por ter conduzido a empresa para o crescimento em dimensão e rentabilidade, mas também por inspirar avanços tecnológicos e projetos focados na sustentabilidade, no bem-estar dos colaboradores e na responsabilidade social corporativa”.
Advogada de formação, exerceu a profissão em Milão e Nova Iorque, antes de se juntar ao negócio da família, em 2000. Durante duas décadas, a mulher mais poderosa do setor, ocupou vários cargos de liderança no Grupo, sempre focada na mudança. Não há como negar a sua influência na modernização da empresa, apesar da resistência inicial, sobretudo dos colaboradores mais velhos. “No início olhavam para mim como se eu fosse apenas ‘a filha de'”, recorda. “Demorei anos a mostrar que estava certa e que o mercado estava a mudar.”
Giovanna Vitelli trouxe designers do mundo do imobiliário de luxo para captar clientes mais jovens e o resultado foi um sucesso. A nova geração de compradores de iates procura barcos grandes, elegantes e fáceis de usar, diz. Uma evolução positiva que aposta na sustentabilidade e estilo.
Reconhecendo que não existe uma solução mágica para reduzir as emissões de um iate, Giovanna Vitelli acredita que há ferramentas que podem tornar a navegação mais sustentável, e que tem implementado. Como o uso de óleo vegetal hidrogenado, um biocombustível que reduz as emissões até 90%. A empresa está também a investir em materiais de construção mais leves, como a fibra de carbono e energia solar.
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