Em 2024 a Sonae liderada por Cláudia de Azevedo concluiu três negócios internacionais onde investiu mais de mil milhões de euros. No setor do retalho, expandiu o portefólio para o segmento de animais de estimação na Finlândia, Suécia e Noruega, através do controlo de 80,65% da finlandesa Musti, que, entretanto, adquiriu a Pet City nos Países Bálticos. Conclui-se a fusão entre a Arenal e a Druni, criando o líder de mercado no segmento de saúde, beleza e bem-estar na Península Ibérica. No setor da inovação alimentar, a Sparkfood concluiu a aquisição de uma participação de 89% na BCF Life Sciences, em França, que “produz ingredientes para a indústria de nutrição através de um processo de produção inovador apoiado nos princípios da economia circular”.
Foi o regresso da Sonae aos grandes negócios internacionais depois das aquisições feitas pela Sonae Indústria com a aquisição da Tafisa e da Glunz, da internacionalização da Sonae Sierra e da frustrada internacionalização do retalho alimentar feitas pelo pai, Belmiro de Azevedo.
“Tive a sorte de ter um legado de valores e princípios muito fortes, primeiro com o meu pai e depois com o meu irmão Paulo, o que torna a coisa bastante mais fácil. Ter uma equipa como tenho na Sonae é fabuloso e fundamental para o sucesso da Sonae”, disse Cláudia Azevedo num depoimento quando recebeu em 2023 o Prémio Empresária do BPI. Mas se o legado é importante, a sua gestão, que se iniciou em abril de 2019, pode ser medida pelo facto de o volume de negócios ter duplicado de 4,308 mil milhões de euros em 2018 para 8,4 mil milhões de euros, apesar de haver um efeito inflação.
A orientação para o futuro
Esta invocação do legado é uma constante de Cláudia Azevedo. Em 17 de fevereiro de 2022 a Sonae lançou uma nova imagem e identidade e mudou a designação das empresas, com o retalho alimentar a designar-se MC (era Sonae MC), a unidade de centros comerciais assume o nome Sierra (era Sonae Sierra), os serviços financeiros passam a ser Universo (era Sonae FS), a unidade de moda é agora Zeitreel (era Sonae Fashion) e a unidade de gestão de investimentos em tecnologia muda para Bright Pixel (era Sonae IM), as telecomunicações com a Nos (37,4%), e revelou a nova assinatura “shaping tomorrow, today”.
Nessa altura as suas palavras foram: “tudo o que fazemos tem por base os nossos valores. São o nosso legado e os princípios que nos orientam para o futuro. Definem como trabalhamos e a nossa cultura. Uma cultura que se adapta e evolui, sem nunca perder os pilares que a distinguem”.
Nascida a 13 janeiro de 1970 no Porto, Cláudia é a mais nova dos três filhos de Belmiro de Azevedo, os outros dois irmãos são Paulo, que liderou a Sonae entre 2007 e início de 2019, e Nuno, mais ligado à Fundação Belmiro de Azevedo. Licenciou-se em Gestão pela Universidade Católica Portuguesa, tem um MBA pelo INSEAD e a sua carreira está ligada à gestão de empresas do Grupo Sonae onde está desde 1992, tendo entrada pela área dos serviços financeiros do cartão Universo, que seis anos depois foi vendido ao BPI, Cláudia Azevedo passou para o marketing da Optimus, hoje Nos, depois da fusão com a Zon Multimedia.
A chegada ao topo
Em julho de 2018, Cláudia Azevedo foi escolhida para presidente executiva do grupo, tomando posse a 30 de abril de 2019 em substituição do irmão Paulo Azevedo, que assumiu os destinos da holding de controlo da Sonae, a Efanor Investimentos. Dois anos após chegar ao topo da Sonae, e com uma pandemia global como não se via há um século, Cláudia Azevedo traçou os caminhos de futuro para o grupo Sonae: tecnologia, digitalização, sustentabilidade e mais mulheres na liderança. Em 2023 atingiu os 40% de paridade de género, definiu que, até 2026, 46% das posições de liderança no grupo serão ocupadas por mulheres.
Seguindo as pisadas do pai, Belmiro de Azevedo, tem participado em todas as reuniões do World Economic Forum, onde tem uma participação ativa. Faz parte do CEO Action Group for the European Green Deal. Numa entrevista à revista da McKinsey, Cláudia Azevedo defendeu “se formos mais eficientes, temos um menor impacto no planeta, podemos responder mais rapidamente à inovação e às mudanças no ambiente externo e podemos concentrar os nossos recursos no que é importante. A eficiência é um fator essencial para evoluirmos, tanto como indústria como empresa”.
Através da Efanor Investimentos os três irmãos Azevedo controlam 53,01% da Sonae, 100% da Sonae Capital e 50% da Sonae-Arauco. Cláudia detém 25,11% da Efanor Investimentos tal como os irmãos Paulo (25,11%) e Nuno (25,11%), a Fundação Belmiro de Azevedo (10%) e a mãe, Margarida Teixeira de Azevedo (10%), mas está detém mais direitos de voto (33,330), cabendo a cada um dos outros quatro acionistas 16,660%.
Leia mais sobre o Prémio Executivas do Ano