No melhor pano cai a nódoa e (quase) todos deixamos escapar uma gralha de vez em quando. Mas não são as letras trocadas nem das dificuldades de adaptação ao novo acordo ortográfico que afetam a sua imagem, mas sim erros crassos que é inaceitável para alguém na sua posição. Mesmo que o Português nunca tenha sido o seu forte na escola, hoje há inúmeras formas de evitar estas situações. Uma delas é ter à mão livros como 500 Erros Mais Comuns da Língua Portuguesa, de Sandra Duarte Tavares (A Esfera dos Livros), que é facílimo de usar e dá resposta à maioria das dúvidas que lhe podem surgir no dia-a-dia.
Depois de o folhearmos com muito interesse e de termos também nós feito algumas ‘descobertas’, selecionámos 12 erros que nos parecem mais frequentes. Além destes, há mais 488 erros à espera de serem desmascarados neste livro que tem o prefácio assinado por Ricardo Araújo Pereira.
ERRADO 80% das pessoas votou
CERTO 80% das pessoas votaram
Nesta construção o verbo deve ser flexionado no plural, concordando com a expressão ‘das pessoas’. Quando o sujeito de uma frase é composto por um valor de percentagem e por uma expressão preposicionada, o verbo concorda sempre com a expressão preposicionada. Exemplos: 80% da população votou; 80% das pessoas votaram
ERRADO Não sei aonde fica a impressora
CERTO Não sei onde fica a impressora
A palavra ‘aonde’ só pode ser usada em substituição de ‘para onde’. Por exemplo, ‘aonde vais no domingo’ está correto, mas ‘aonde estão os meus óculos’ é um erro crasso.
ERRADO Um dos alunos que concluiu
CERTO Um dos alunos que concluíram
Nesta construção introduzida por ‘um dos que’, o verbo concluir deve ser flexionado no plural, concordando com o respetivo sujeito, que é o pronome relativo ‘que’, cujo antecedente é o nome ‘alunos’. Alterando a ordem dos elementos da frase, teremos: ‘Dos alunos que concluíram o trabalho, o Rodrigo foi um deles.’
ERRADO Esse assunto não tem a haver comigo
CERTO Esse assunto não tem a ver comigo
‘Ter a haver’ é equivalente a ‘ter a receber’, enquanto ‘ter a ver’ significa ‘dizer respeito a…”. Se emprestou dinheiro a alguém, pode dizer que ‘tem a haver esse dinheiro’.
ERRADO Por que faltaste?
CERTO Porque faltaste?
‘Porque’ escrito aglutinadamente, tem um valor semântico causal, pelo que se usa sempre para fazer perguntas cuja resposta expressa uma causa. Usa-se sempre antes de um verbo. Exemplo: Porque faltaste à reunião?
‘Porque’ escrito separadamente, usa-se em frases interrogativas cuja resposta pode ou não expressar uma causa. Usa-se sempre antes de um nome e pode ser substituído por ‘por qual’. Exemplos: Por que porta entraste hoje?, Por que motivo faltaste à reunião?
ERRADO Pior classificado
CERTO Mais mal classificado
Os advérbios ‘mal’ e ‘bem’ têm duas formas para os graus comparativo e superlativo: uma regular: mais mal/mais bem: outra irregular: pior/melhor. Sempre que modifica um verbo usa-se a forma irregular pior/melhor. Exemplo: Dormi mal hoje, mas ontem ainda dormi pior. Sempre que modifica um adjetivo, usa-se a forma regular analítica ‘mais bem’. Exemplo: O Jorge ficou mais bem classificado do que o Pedro.
ERRADO Isso vai de encontro à minha proposta
CERTO Isso vai ao encontro da minha proposta
Estas expressões são opostas. No primeiro caso a ideia é o contrário da minha proposta, enquanto na segunda situação está absolutamente de acordo com ela.
ERRADO Vão haver duas feiras de tecnologia
CERTO Vai haver duas feiras de tecnologia
O verbo ir deve estar no singular porque é auxiliar do verbo haver. Sempre que é verbo principal, o verbo haver só se conjuga na 3.ª pessoa do singular, visto que é um verbo impessoal. Esta regra aplica-se também quando este verbo é acompanhado de verbos auxiliares, tanto nos tempos compostos (com o verbo ‘ter’), como nas conjugações perifrásticas (com os verbos estar, passar, continuar, ir…), que também não podem ser conjugados no plural. Exemplo: No próximo ano passa a haver duas feiras de tecnologia
ERRADO Onde foste?
CERTO Aonde foste?
O advérbio ‘aonde’ significa ‘a/para que lugar’ e deve ser usado com verbos que implicam movimento. Exemplo: Aonde vais depois da reunião?.
O advérbio ‘onde’ provém do latim ‘unde’, que significa ‘em que lugar’. Deve ser usado com verbos que não implicam movimento. Exemplo: Onde estás sentada?
ERRADO Informá-lo que
CERTO Informá-lo de que
O complemento do verbo informar é introduzido pela preposição ‘de’ sempre que estiver expressa a entidade a quem se informa. Exemplo: Informamos todos os colaboradores de que o horário de almoço vai ser alterado.
Sempre que não estiver expressa a pessoa a quem se informa, o verbo informar não ocorre com a preposição ‘de’, porque o complemento oracional para ele mesmo a desempenhar a função sintática de complemento direto. Exemplo: Informamos que o horário de almoço vai ser alterado
ERRADO Quaisqueres informações é comigo
CERTO Quaisquer informações é comigo
O plural do quantificador ‘qualquer’ é ‘quaisquer’. Esta palavra é formada pela aglutinação do pronome relativo ‘qual’ à forma verbal ‘quer’, pelo que apenas o relativo assume o plural: quais.
ERRADO Fazem agora dois anos que entrei na empresa
CERTO Faz agora dois anos que entrei na empresa
O verbo fazer quando se refere a tempo é impessoal, não tem sujeito. Assim, independentemente do número da expressão temporal que se lhe siga, só deve ser conjugado na 3.ª pessoa do singular.