A 1 de Janeiro, a italiana Fabiola Gianotti, de 55 anos, tomou posse como diretora-geral do CERN – European Organization for Nuclear Research, com um mandato de cinco anos, tornando-se a primeira mulher a liderar o conhecido laboratório multinacional de física das partículas, desde a sua fundação em 1954. Fabiola Gianotti é investigadora no CERN, desde 1987. Entre 2009 e 2013, a cientista liderou o projeto ATLAS, com uma equipa de três mil cientistas. Esta investigação foi realizada na fronteira entre a França e a Suiça no acelerador de partículas LHC – Large Hadron Collider, onde são produzidas colisões entre protões e outras partículas, que permitiu a descoberta do Bosão de Higgs (em 2013 o prémio Nobel da Física foi atribuído a Peter Higgs e François Englert, que nos anos 1960 previram a existência da “partícula de Deus”). O LHC custou 10 mil milhões de dólares e é a maior “máquina” alguma vez construída. Nos últimos tempos, o CERN está focado na senda da matéria negra, de que 25% do universo é composto, mas fica de fora do modelo padrão da física.
“Foi a visão de Fabiola Gianotti para o futuro do CERN como laboratório líder no campo dos aceleradores de partículas, assim como o seu conhecimento sobre este centro de investigação e a sua especialização na física experimental das partículas que nos levou a tomar esta decisão”, afirmou a presidente do Conselho do CERN, Agnieszka Zalewska, explicando a escolha para suceder ao alemão Rolf Heuer. Este centro de ciência europeu envolve 20 países, entre os quais Portugal, e investigadores de mais de 100 nacionalidades. “O CERN é um centro de excelência e uma fonte de orgulho e inspiração para físicos de todo o mundo, um berço para a tecnologia e inovação e um exemplo concreto de cooperação científica e de paz”, afirmou Fabiola Gianotti a 4 de Novembro de 2014, quando soube da sua nomeação. A diretora geral garantiu que nunca sentiu obstáculos adicionais na sua progressão profissional por ser mulher, mas reconheceu que isso não acontece com todas as outras mulheres.
Fabiola Gianotti é vista como uma nova geração de cientistas. Licenciada em arte e literatura, entrou no domínio da física já relativamente tarde. Faz-se notar pelo seu sentido de moda, gosta de cozinhar, de corrida, de se manter atualizada e de música: tem formação musical em piano e chegou a pensar fazer da música a sua profissão. “Vou dar o meu melhor”, prometeu quando foi escolhida.