Se os números dizem que as mulheres estudam cada vez mais, estão em maior número nas salas das universidades e nas empresas, se têm características diferenciadoras muito positivas, por que não vão tão longe quanto os homens? Uma pergunta já muitas vezes colocada, e à medida que a mulher entra no mundo estudantil e profissional ela é cada vez mais intrigante.
Sobre esta questão, as diretoras da Executiva, Isabel Canha e Maria Serina, também quiseram ouvir a opinião do painel de CEO formado por Inês Caldeira (L’Oréal), Teresa Cardoso de Menezes (Informa D&B), Sofia Tenreiro (Cisco), e Ana Claúdia Ruiz (Diageo). E particularizaram mais a pergunta ao quererem saber pelas ideias que têm sido implementadas nestas empresas para ajudar a promover a ascenção das mulheres.
Uma boa maneira de fomentar essa ascensão é a de ouvir as experiências de mulheres que já chegaram ao topo. Veja o vídeo.
“Aos 15 anos as raparigas acham que não são suficientemente boas, por isso não avançam e, inclusivamente, abandonam os estudos”, Sofia Tenreiro
Sofia Tenreiro – “Na Cisco desenvolvemos ações para dentro e para fora da empresa. Falamos com as universidades e implementamos várias atividades digitais para motivar as raparigas a participar mais no mundo tecnológico. Um estudo nosso feito a nível mundial diz-nos que aos 15 anos as raparigas acham que não são suficientemente boas, por isso não avançam e, inclusivamente, abandonam os estudos.
Internamente, temos várias políticas e a questão da flexibilidade é uma delas. Por exemplo, poder trabalhar a partir de casa, e outras medidas mais pequenas como as salas de maternidade ou os lugares de garagem especiais para mulheres em determinadas situações. Na empresa há ainda grupos de pessoas que se voluntariam (acumulando este trabalho com as suas funções diárias) para trazer determinados temas a debate, convidando especialistas para falar de pediatria, nutrição, comunicação, psicologia, assuntos que contribuem para que as mulheres tenham um ambiente de trabalho mais facilitado.”
“Já propus muitas conference call na Diageo. É importante ter esta flexibilidade”, Ana Claúdia Ruiz
Ana Claúdia Ruiz – “O mais importante é que o exemplo venha de cima e que haja capacidade de gerir bem o dia para não ser preciso exigir que as pessoas estejam fisicamente no escritório. Já propus muitas vezes conferences call na Diageo. É importante dar estas facilidades para que os colaboradores sejam mais donos das suas vidas. E é com isto que temos de nos preocupar, especialmente sendo mulher. É importantíssimo ter esta flexibilidade. A política da empresa é importante mas a estrutura social é ainda mais”.
“Fico horrorizada com a forma como os homens prescindem da licença de maternidade”, Teresa Menezes
Teresa Cardoso de Menezes – “Admito que as empresas que são geridas por mulheres ou têm equilíbrio nas equipas de gestão estão muito mais avançadas na forma como tomam conta da sua estrutura social. Na Informa fico horrorizada com a forma como os homens prescindem da licença de maternidade. Devíamos forçar um pouco os pais a assumir esse papel.
Há um aspeto a que dou muita atenção: gosto de ver como se escolhem as pessoas-chave nos vários departamentos. As mulheres tendem a escolher mulheres e os homens escolhem mais homens. É a natureza humana. Mas a questão da mistura de géneros é muito enriquecedora para as empresas”.
“Somos a primeira filial mundial a atingir a paridade no comité executivo”, Inês Caldeira
Inês Caldeira – “A L’Oréal tem o programa mundial For Women in Science porque sabe que as mulheres se excluem desde muito cedo dos ambientes ou tecnológicos ou de ciência. Temos uma bolsa mundial, e em Portugal ela já existe há vários anos, que é uma iniciativa nossa com a Unesco.
Temos também protocolos de maternidade bastante desenvolvidos com acompanhamento no antes, durante e depois do regresso do período de maternidade, e uma grande preocupação com as políticas de paternidade também. Para que os pais também gozem de momentos que na realidade não se repetem muitas vezes na vida.
Em setembro atingimos a paridade. Somos a primeira filial mundial a atingir a paridade no comité executivo”.
