A Executiva e a Cupra promoveram mais uma CUPRA Talks by Executiva, desta vez sobre “Novos estilos de vida.” O espaço CUPRA City Garage Lisboa, no coração da capital, voltou a acolher uma plateia interessada e entusiasta para assistir a uma conversa inspiradora entre Ana Stilwell cantora e compositora, e Rodrigo Costa, fundador da Grow Tennis Academy.
Na abertura do evento, Teresa Lameiras, diretora de Comunicação e Marca da SIVA|PHS, deu as boas-vindas a todas as participantes que se reuniram, mais uma vez, neste stand de automóveis, um espaço único e tão especial, há dois anos a fazer vibrar o coração de Lisboa. Congratulou-se pela história de irreverência e alegria desta marca desafiante e sofisticada, direcionada para quem quer conduzir o seu destino. Nascida há seis anos em Barcelona, claramente comprometida e apostada em fazer crescer a gama de veículos eletrificados, conquistou o mercado português, com vendas que acompanham o seu crescimento.
É preciso coragem, e não só, para levar a vida que acreditamos que nos faz feliz. A cantora e compositora Ana Stilwell, mãe de quatro filhos, aventurou-se numa digressão pelo país, em autocaravana, com a família, para promover a sua música, enquanto o empreendedor Rodrigo Costa, encontrou um novo propósito: fundou uma academia de ténis e tornou-se coach e mentor. Ambos têm um denominador comum: são pais de quatro filhos e de um par de gémeos. Nesta conversa, conduzida pela Executiva, vamos conhecer as escolhas que fizeram e que mudaram o rumo das suas vidas.
Ana Stilwell: “Primeiro temos de assumir, depois, temos de aparecer, de estar, de arriscar sempre, e pôr essas sementes em todo lado, até que alguma coisa vá dando frutos.“
Ana Stilwell tinha o sonho de querer viver da música, mas faltava-lhe confiança. “Trazia a ideia romântica dos filmes, em que a pessoa vai pela rua a cantar e alguém descobre o seu talento e, não acontecendo isto, não dá para sermos cantoras”, conta. Estudar jornalismo pareceu-lhe o caminho mais óbvio, afinal, conhecia bem o ambiente das redações, sendo filha da jornalista e escritora Isabel Stilwell. Depressa percebeu que não adiantava seguir as pisadas da mãe, quando o apelo da música não a largava, e era cada vez mais forte. Deixou o curso, que sabia que não ia resultar, “andava tristíssima e cheia de ataques de ansiedade”, e deu o grito do Ipiranga. Mudou-se para Londres, para aprender canto em teatro musical, enquanto trabalhava num jardim de infância para ajudar a pagar o curso, o que lhe despertou a paixão pelo mundo das crianças. De regresso a Lisboa, onde não havia teatro musical, foi estudar jazz. Como não acreditava que esta podia ser “uma hipótese séria de vida”, voltou à universidade, para fazer o curso de educadora de infância.
Durante muito tempo, combateu a vontade de fazer carreira na música, mas acabou por não resistir, quando decidiu não cruzar os braços e assumir-se como cantora. Parecia uma cena de filme, explica, mas aconteceu. Tinha decidido que iria responder “sou cantora a quem me perguntasse o que fazia”, quando o acaso lhe bateu à porta e o sonho concretizou-se. “Estava a dar uma entrevista com a minha mãe, quando a jornalista me perguntou se eu cantava e disse ‘sim, quer ver?’, e fui buscar a guitarra. Ela tinha um amigo numa produtora, que, passados poucos dias, me convidou para gravar um disco”, recorda, acrescentando que foi a sua grande lição de vida. “Primeiro temos de assumir, depois, temos de aparecer, de estar, de arriscar sempre, e pôr essas sementes em todo lado, até que alguma coisa vá dando frutos.”
Rodrigo Costa: “Hoje passo 70% do tempo dentro de um escritório, de calções.”
Rodrigo Costa nasceu com veia de empreendedor e recorda-se de montar peças de computadores, quando andava na escola, que vendia “aos tios, primos, a toda a gente.” Aprimorava ainda mais esta vocação, por altura do seu aniversário, quando usava uma técnica infalível de negociação para os seus próprios presentes. “Faço anos, em maio, e pedia o meu presente adiatado, em fevereiro, e dava cheques pré-datados, como contrapartida, um sistema que tínhamos em casa dos meus pais. Mas quando chegava a altura do aniversário, eu começava a fazer um choradinho para os cheques pré-datados serem rasgados. Como já tinha o presente adiantado, pedia que o meu presente fosse rasgarem os ditos cheques. E era o que acontecia, porque qual é a mãe que chega ao dia de anos do filho sem o presente de aniversário? Assim, tinha o presente e rasgavam-me os cheques.”
Este espírito de negócio, que moldou sempre a sua trajetória profissional, definiu a sua forma de estar. “Desde muito cedo, que não deixo ninguém guiar a minha vida.” Formado em Gestão de Marketing, a que juntou, mais tarde, uma pós-graduação e um MBA em Gestão, quando começou a trabalhar focou-se em aprender o máximo nas empresas onde estava. “Para ganhar um salário, não preciso que outros o gerem por mim, eu consigo gerá-lo.” Foi durante os seis anos em que trabalhou no Grupo PT, que conheceu os seus sócios, que, em 2006, fundaram a Monday. A empresa começou por ser uma agência digital. “Construímos centenas de sites, o que naquela época era uma coisa inovadora.” Quando o projeto cresceu, tomou a decisão de sair da PT: “estava tudo muito estruturado e preparado e o risco era relativamente baixo.” Como o ‘bichinho’ do empreendedorismo faz parte do seu ADN, foi criando outros negócios pelo caminho. “A Monday não era única para mim”, diz Rodrigo Costa, falando sobre a recente venda desta empresa de consultoria de business design. Havia mais projetos que queria fazer. “Criei uma empresa de turismo, a Our Dreams, tinha uma guest house em Lisboa, vários apartamentos, e agora um hotel nas Azenhas do Mar.”
Há sete anos, decidiu mudar de rumo profissional e encontrou um novo propósito – impactar positivamente o máximo de pessoas. Fundou a Grow Tennis Academy e, mais recentemente, tornou-se coach e mentor profissional, atividade que ocupa a larga maioria do seu tempo, a que se dedica de corpo e alma. Reconhece que não tinha o perfil de impactar pessoas positivamente, antes pelo contrário: “era um gestor que impactava mais negativamente, e o coaching deu-me uma noção de que a parte mais importante na minha vida é o autoconhecimento.” Uma ferramenta que aplicou na sua academia de ténis, um dos desportos da sua vida, com um conceito diferente do tradicional. Esta mudança de vida, diz ser a concretização de um sonho: “hoje passo 70% do tempo dentro de um escritório, de calções.”
O que começou como um projeto de prazer, “em que eu ia dar umas aulas na Vila Galé”, transformou-se, ao fim de três anos, em 10 escolas, 3 academias e 400 alunos. Uma conquista que considera “não ser completamente positiva.” Explica que, enquanto empreendedores, “temos sonhos, mas depois vai-se perdendo o objetivo, e as coisas tornam-se mais obsessivas”. “Tenho crises existenciais 3 ou 4 vezes por dia”, reconhece.
Ana Stilwell: “A parte boa de não ganhar muito dinheiro é a liberdade para fazer tudo o quero.”
Para Ana Stilwell, a paixão pela música aparece de mãos dadas com o amor incondicional pela família. São a sua essência e também a sua fragilidade. Nos processos de criação artística, revela que os seus álbuns “têm sempre uma crise existencial entre eles. Ponho tudo em dúvida, acho que nunca mais vou conseguir fazer nada e vai ser tudo péssimo.” Depois da estreia do primeiro álbum, teve a certeza de que “precisava de fazer os próximos sozinha”, de criar projetos independentes. Começou a compor num tom mais pessoal e intimista, que vai ao encontro do que está a viver, e a deixar de compartimentar a maternidade com a música. E muita da sua inspiração vem mesmo da vida em família. Sendo mãe de quatro filhos, três raparigas, duas delas gémeas, e um rapaz, ganhou um novo olhar sobre ela própria e a certeza da importância da música na sua vida. “Percebi, com uma das minhas filhas, que a música que me saía nessa altura era sobre aquilo que eu conhecia, que me era querido”, conta. E salienta: “Fiz uma música para ela que se chama Fiz-te a Ti. A letra diz, eu sei que há pessoas que inventaram no Google, eu sei que há pessoas que fizeram o Facebook, mas eu fiz-te a ti, eu criei este ser maravilhoso e esta família.”
A parte boa de não ganhar muito dinheiro, garante, é a liberdade: “para fazer tudo o quero.” Quando o seu maior desejo foi viajar de autocaravana, a música e a maternidade “já não eram coisas separadas”, por isso, fez questão de ter os quatro filhos e marido por perto, na sua road trip pelo País, em caravana. Uma experiência inesquecível, que a família, especialmente as raparigas, já lhe pediu para repetir. Desta digressão guarda as melhores recordações. “Tínhamos a autocaravana no parque de campismo, eu ia tocar e quando voltava, às duas da manhã, com a guitarra, sentia-me como num filme, a aproximar-me da caravana, no meio de uma noite estrelada, a abrir a porta e ter lá a toda a minha família.” Ficou a sensação de sonho cumprido, em que diz ter feito as pazes com os seus dois lados. “Lembro-me de estar lá deitada na cama e pensar: eu gosto mesmo disto, era mesmo isto que eu queria fazer.”
Ao longo da sua vida, Ana Stilwell experimentou várias áreas diferentes. Estreou-se na escrita, aos 16 anos, com a sua mãe, tendo já publicado dois livros a solo. Muitas vidas depois, diz que passou a fazer de Uber para os filhos, a que juntou dois teatros musicais, a preparação do seu 3.º disco e o projeto Birras de Mãe, que criou com a sua mãe, onde as duas partilham semanalmente, no Público, os desafios da parentalidade, pelos olhos de uma mãe e de uma avó. O sucesso foi tanto que se multiplicou num podcast e num livro.
Ter uma vida pouco convencional, traz “muitas desvantagens, muita instabilidade e muita desorganização e, às vezes, é aflitivo”, mas não a trocaria por outra. “Podia ter mais dinheiro ou podia ter mais segurança, mas este meu estilo de vida casa com a minha personalidade e com a minha forma de ser e gosto de viver assim.”
Crê para muitas pessoas não é óbvio ou imediato o valor que pode criar. “Às vezes, parece que só quero fazer coisas que me apetece.” Tem na mãe o exemplo que a inspira: “gosta tanto de trabalhar que é quase como se fosse só prazer”, o que lhe garante a confiança de que “a minha bússola, que procura o meu prazer, acaba por se transformar em coisas boas.” Do lado do pai, ficou-lhe aquela sua forma de ver o trabalho “como uma coisa que se fazia, assim, rapidamente antes de ir fazer windsurf.” Recorda, com graça, um dia em que tinham ido fazer windsurf, e “enquanto esperava na carrinha, o telefone tocou, e ele diz-me ‘atende e diz que eu estou numa reunião’.”
Tem a plena convicção de que foi a licença de maternidade que lhe deu “aquele puxão de liberdade” que a fez pensar que há mesmo muito mais vida para além da vida dita normal. O clique aconteceu durante um passeio com as gémeas, numa manhã, de um dia de semana, a local onde estavam várias pessoas a fazer escalada, uma atividade que pratica e que a ajuda a recentrar-se. “Pensei, há milhares de pessoas que estão a trabalhar neste segundo, mas há um mundo inteiro de outras que estão a escalar e isso é extraordinário e é super válido.”
Ainda que não se arrependa nada da escolha de vida que fez, não esconde que esta tem um lado lunar muito desafiante. Confessa que chega até a ter medo de ir a festas, porque invariavelmente a pergunta de circunstância é sempre a mesma: “O que é que faz? Qual é o seu trabalho?.” A diferença que faria, diz, se a questão fosse: “O que é que gosta de fazer?” Não tem dúvidas de que está no sítio certo, “uns meses melhores que os outros”, mas a verdade é que não recomenda a ninguém o seu estilo de vida.
Rodrigo Costa: “São precisas mulheres extraordinárias, como a minha, e equipas extraordinárias, como a nossa, para fazer estas coisas acontecer.”
“Não sou empreendedor sozinho, não tenho nenhum projeto que tenha feito a solo”, esclarece Rodrigo Costa, que garante ser uma pessoa de sorte por ter encontrado parceiros de negócios, “como o Diogo Romão, na Monday, como a minha mulher, ou agora o meu sócio Nuno”, de que se orgulha, admitindo sem falsas modéstias terem capacidades muito acima das suas.
Se é verdade que a mudança de rumo de carreira o impactou, não tem dúvidas de que a chegada do par de gémeos foi o mais transformador da sua vida. Havia a vida antes e depois dos gémeos, ressalva. “Sonhávamos ter duas filhas, viver junto ao mar, viajar muito.” Tudo corria como planeado, até ao dia em que decidiram ter mais um filho. “E, quando reparámos, eram dois. Houve um momento de silêncio, de mais ou menos de três dias, até conseguirmos desconstruir tudo isto.” Quando questionado sobre qual é o impacto, a resposta é imediata e sem filtros: “O impacto é não haver descanso.” Ter âncoras de suporte é vital para levar a bom porto um desafio desta grandeza. “São precisas mulheres extraordinárias, como a minha, e equipas extraordinárias, como a nossa, para fazer estas coisas acontecer.”
Ao longo dos anos, foi ganhando estratégias ‘de sobrevivência’ que replica em casa e no trabalho. Uma das técnicas que aplica, como surfista que foi, é deixar-se ir com a maré, seguindo as lições dos especialistas em gestão de cenários. “Às vezes, a maré não está como nós queremos, mas temos que ir nela e perceber onde é que vai desabar, e prepararmo-nos.” Ao contrário de antigamente, em que comprava muitas guerras, aprendeu a focar-se no objetivo final. Recorrendo à analogia com o surf, garante que “se um set tiver sete ondas, vou optar por ir para baixo de seis, e vou lutar por uma.”
De tudo o que deixou para trás na outra vida, confessa que o que lhe deixa mais saudades é o tempo que dedicava aos amigos e que agora escasseia. As rotinas de trabalho são as mesmas: “acordo, saio, vou trabalhar para o que tiver de fazer”. A diferença é que vai de calções.
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