Ina Garten: “Traçar objetivos nem sempre ajuda”

Em entrevista à plataforma online Motto, da revista Time, Ina Garten, a chef que se celebrizou no programa Barefoot Contessa, da Food Network, dá a conhecer os ingredientes com que cozinhou o seu próprio êxito profissional.

Ina Garten acredita que é arriscando que a vida tem mais condimento.

Habituada a aguçar o apetite de milhares de espectadores em todo o mundo com os seus pratos tão elegantes quanto despretensiosos, Ina Garten, surpreende, desta feita, com a improvável receita que convida as novas gerações com fome de sucesso a seguirem. “Quando temos 20 anos, sentimos a obrigação de estabelecer objetivos e há tantas outras coisas que deveríamos estar a fazer, em vez disso”, alerta.

Quando pensava que iria enveredar pelo mercado imobiliário, Ina abriu uma loja gourmet.

O percurso que a consagrou como chef alimentou-se precisamente dessa fuga ao óbvio e à sensaboria. Tendo começado a sua carreira, no final da década de 70, em torno da gestão e definição de orçamentos para a política nuclear da Casa Branca, a jovem analista decidiu canalizar energias para a área que sempre a fizera mover: a culinária. Ao deparar-se no New York Times, com um anúncio de uma loja gourmet posta à venda “num lugar onde nunca sequer tinha estado: West Hampton”, Ina Garten não teve receio de pôr as mãos na massa, adquirindo o espaço onde amadureceu o nome que, mais tarde, se tornaria imagem de marca: Barefoot Contessa.

É por isso que admite torcer o nariz ao excesso de planeamento. “Quanto mais vejo o meu negócio e a minha carreira crescerem, mais me convenço de que traçar objetivos nem sempre ajuda – pelo menos no meu caso.” Para a empresária que, até avançar para trás do balcão da sua loja, estava convencida de que “iria enveredar pelo mercado imobiliário”, é arriscando que a vida tem mais condimento. “Se definirmos objetivos muito rígidos, estamos a afastar-nos de caminhos alternativos que se podem vir a revelar muito interessantes”, conclui.

Uma vida pessoal sólida é o que lhe tem permitido assumir riscos profissionais.

Ao invés de deixar a paixão pela cozinha apurar em lume brando na loja gourmet que geriu por 20 anos, Ina Garten não perdeu, porém, a sede de novas aventuras. Foi então, conta, que resolveu vender a loja aos seus empregados, “mesmo sem ter ainda uma ideia concreta do que iria fazer depois”. A partir daí, o sucesso deu-se a provar de um trago só. O primeiro livro de receitas escrito “enquanto tentava determinar qual seria o próximo passo” veio abrir um capítulo decisivo na história da Barefoot Contessa, hoje autora de nove bestsellers de culinária e rosto de um dos programas mais vistos da Food Network, no ar desde 2002.

Cereja no topo do bolo repartido em conselhos para as jovens mulheres que estejam agora a iniciar as suas carreiras, a chef lança ainda um último repto: “compliquem a vossa vida profissional, não a vossa vida pessoal”. Uma “vida pessoal sólida” é o que lhe tem permitido “assumir riscos profissionais” que, de outro modo lhe estariam vedados, e saborear conquistas, remata. “Ter essa estabilidade ajudou a tornar-me alguém que mergulha de cabeça nos desafios, em vez de ficar à margem, eternamente questionando como teria sido se tivesse arriscado.”

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