Filipa Martins: “O MBA foi uma oportunidade de prolongar a aprendizagem e reforçar o networking”

Filipa Martins, diretora-geral da Edenred Portugal, fala-nos sobre os desafios que enfrenta nessa função, a decisão de fazer o The Lisbon MBA Católica|Nova, e o impacto que este teve na sua carreira. Defensora da ligação entre a Academia e as empresas, recomenda a jovens executivas o investimento em formação.

Filipa Martins é diretora-geral da Edenred.

Com mais de 15 anos de experiência no mercado de media digital, Filipa Martins deixou o portal SAPO, marca da Altice Portugal e maior agregador de conteúdos locais no mercado português, para assumir funções de diretora-geral da Edenred Portugal, empresa especializada em benefícios sociais, cujo serviço mais conhecido é o do cartão refeição. “É para mim uma oportunidade única poder trabalhar numa indústria que tem este grau de retribuição para a sociedade, ao mesmo tempo que continuo um percurso ligado a tecnologia e internet”, explica Filipa Martins.

Nesta entrevista, Filipa Martins fala-nos sobre a sua carreira até chegar a esta nova função, os desafios de ampliar e digitalizar a oferta, num contexto pandémico. Filipa Martins fala-nos também da decisão de fazer o The Lisbon MBA CatólicalNova e o impacto que este teve na sua carreira, numa fase de maior maturidade.

 

Como evoluiu a sua carreira profissional, desde que se formou em Gestão?

Sou licenciada em Business Administration pela Universidade Católica Portuguesa e com um mestrado e um MBA pela NOVA School of Business and Economics. Iniciei a minha carreira profissional na A.T.Kearney, enquanto consultora nas áreas de Transportes, Administração Pública, Instituições Financeiras e Pasta e Papel.

Ingressei na indústria Telco (antiga Portugal Telecom) para a área de Internet no Portal SAPO, onde permaneci, primeiro como gestora de parcerias, depois com diretora de produto e finalmente como diretora-geral. Liderei aí as equipas editoriais, de produto, comerciais e tecnológicas do SAPO, na agora Altice Portugal. Era, ainda, administradora não executiva das empresas Sportinveste Multimédia, Janela Digital e Venda Já. Até que, em Fevereiro de 2021, assumi a liderança da Edenred Portugal, como diretora-geral (CEO).

 

Que mais-valias lhe trouxe o início da sua carreira numa consultora?

Costumo dizer que a consultoria foi, na verdade, uma extensão da universidade porque o processo de aquisição de conhecimentos foi constante, intenso e muito acelerado. Os projetos são tipicamente curtos e temos a possibilidade de experimentar diversas indústrias e áreas funcionais, o que para mim, que sempre gostei de gestão geral, foi fundamental, por não me obrigar a tomar opções muito cedo. O facto de fazer projetos de Alta Direção foi também muito importante, porque nos põe desde cedo a pensar na ótica da Administração. Foi uma verdadeira escola e o melhor início de carreira que podia ter tido, também pelo ambiente de excelência e exigência que se vive.

 

Mais de uma década na Portugal Telecom

O que a manteve durante 11 anos na Portugal Telecom?

O que me fez aceitar o desafio de gerir uma equipa na Portugal Telecom foi ingressar num projecto digital, na área da internet, e gerir parcerias de conteúdos, onde tinha que manter uma perspetiva de gestão geral de modelos de negócio com parceiros. Depois disso, todos os anos foram uma aprendizagem constante para acompanhar a evolução da internet e do digital, com o desenvolvimento da web2.0 (nascimento do Youtube, Facebook…), do conceito de multiplataforma (com o aparecimento do iPhone e smartTV) e da internacionalização do SAPO para África e projetos com o Brasil. Quando assumo a direção-geral do SAPO já a Portugal Telecom era Altice e o projeto passou por recentrar a atividade do portal num media digital.

 

Foi administradora não executiva de algumas empresas. O que representou para si o desempenho de uma função a nível de board?

Ter tido a oportunidade de ser administradora não executiva das empresas Sportinveste Multimédia (2017/2020), Janela Digital e Venda Já (2016/2021) facultou-me não só experiência em negócios diversificados, como a experiência numa gestão mais próxima de acionistas, muito útil até no meu desafio atual na Edenred Portugal, que tem também dois acionistas, o Novobanco e a Edenred SA.

 

O impacto do The Lisbon MBA Católica|Nova

Porque decidiu fazer o MBA e porque escolheu o The Lisbon MBA Católica|Nova? 

Depois da experiência de uns anos de consultoria, o MBA foi novamente uma oportunidade de prolongar a aprendizagem, mas desta vez sistematizando na Academia um conjunto de conhecimentos que já tinham sido vividos na prática. Para além do reforço do network com colegas dos mais diversos backgrounds, ajudou-me a estruturar melhor os conceitos de gestão geral, quando já tinha vivência sobre use cases.

 

Para muitas mulheres a falta de tempo é o maior obstáculo para fazer um programa de MBA. Como é que ultrapassou esse desafio?

Esse é um tema um pouco pessoal, depende da fase da vida. No meu caso optei por fazer full-time, não tive qualquer constrangimento. Mas posso testemunhar os mais variados casos, desde colegas que foram mães durante o MBA, outras que optaram por part-time, outras que já eram mães e levaram a família com elas para viver perto do campus… se houver vontade e apoio, tudo se faz.

 

Qual o impacto que o The Lisbon MBA Católica|Nova teve na sua vida e na sua carreira? Ajudou-a a definir e implementar o seu propósito e a atingir os seus objetivos profissionais? 

Como a minha formação base já era Gestão, muito por gosto e convição, o MBA veio sedimentar os conhecimentos numa fase de maior maturidade e já com experiência profissional que me fazia rever os conceitos na vida ativa. Fez toda a diferença e recomendo muito o investimento neste tipo de formação. A troca de experiências com colegas de diferentes backgrounds, indústrias e mesmo nacionalidades foi outra mais-valia.

 

Como viveu a experiência de learning by doing tão crítica e importante no The Lisbon MBA Católica|Nova?

Sou uma defensora acérrima da estreita colaboração entre a Academia e o mundo empresarial como forma de desenvolver conhecimento que responda aos desafios e oportunidades da vida real, pelo que valorizo muito todas as oportunidades de learning by doing. No caso do The Lisbon MBA, pude desenvolver diversos trabalhos de grupo que permitiram simular a realidade empresarial em use cases. Além disso, desenvolvi a minha a tese na área de marketing para a Mudança de Imagem Corporativa de uma grande empresa de Utilities portuguesa, o que me permitiu estudar, documentar e analisar do ponto de vista académico um caso real desenvolvido no âmbito corporativo. Pela possibilidade de partilha de conhecimento com outras gerações de estudantes, a experiência de publicação deste trabalho “Galp Energia – Uma Operação de Marketing Estratégico”, no livro Marketing – Conceitos e Casos Portugueses, da Escolar Editora, bem como de outro, “Manuel Rui Nabeiro e os cafés Delta” no livro Comportamento Organizacional e Gestão – Casos Portugueses e Exercícios, da RH Lda., foi muito enriquecedora.

 

Dois grandes desafios na função de diretora-geral da Edenred Portugal

Em fevereiro de 2021 mudou-se para a Edenred Portugal. Quais os principais desafios que esta nova função lhe coloca e qual é a sua missão à frente da empresa?

A Edenred é uma empresa especializada em benefícios sociais, que são mecanismos de criação de valor para a economia, criando um círculo virtuoso para empresas, colaboradores, comerciantes e Estado. O serviço mais conhecido é o do cartão refeição, mas temos soluções para as áreas de creche, educação, prémios e incentivos, todos suportados em redes de utilização específicas, com um contexto regulatório e fiscal próprio.

Eu diria que vim encontrar dois desafios no sector. O primeiro, ampliar a oferta, num contexto pandémico, que ainda trouxe maior evidência do valor macroeconómico deste tipo de mecanismos. O segundo, a digitalização da oferta, por via de plataformas e modos de pagamento. Curiosamente, são exatamente os dois pontos que o Paper da OCDE de 2021, “Social Vouchers: Innovative Tools for Social Inclusion and Local Development” vem destacar.

É para mim uma oportunidade única, poder trabalhar numa indústria que tem este grau de retribuição para a sociedade, ao mesmo tempo que continuo um percurso ligado a tecnologia e internet. O nosso propósito: “Enrich connections, for good”.

 

Que conselho deixa a uma jovem executiva? 

Façam o que gostam e o que está certo, e façam-no bem, de modo a que acrescente valor. Aproveitem as oportunidades que vos surgirem, invistam na vossa formação. Não se pode dar nada por adquirido, mas assumam sempre que ser líder mulher é, como deve ser, uma normalidade associada ao mérito.

 

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