Como assumir os cabelos brancos

O caminho para conseguir um visual elegante e saudável mantendo os fios brancos no cabelo – como fizeram as escritoras norte-americana Cindy Joseph e Anne Kreamer, que até editou o livro Going Gray, ou ainda Christine Lagarde, a diretora do Fundo Monetário Internacional -, exige cuidados e algumas visitas ao cabeleireiro até que a transformação esteja completa. E depois é fundamental puxar pelo estilo jovem para conseguir “segurar” o visual e não ficar com um ar pesado de avózinha. Estes conselhos são especialmente desafiantes para quem não tem paciência para andar de quinze em quinze dias em salões de cabeleireiro a disfarçar e a encobrir os cabelos brancos e não aceita a escravatura das tintas.

O objetivo é ficar chique como Meryl Streep no filme O Diabo Veste Prada, e poderosa como no livro da Anne Kreamer, que esteve dezoito meses sem pintar as raízes depois de se comparar à filha adolescente e entender que estava a exagerar na guerra com a idade. A sua experiência levou-a não só a escrever um livro, como a publicar duas fotografias suas num site de relacionamentos, uma com o cabelo pintado e outra com o cabelo grisalho, e o resultado foi surpreendente: os homens interessaram-se mais pela segunda imagem.

Alourar em vez de envelhecer

É a forte tendência das mulheres (e de alguns homens também) quando os primeiros cabelos brancos aparecem no alto da cabeça ou junto à linha do rosto. E quase se tornou num fenómeno: a partir de determinada idade, geralmente a partir dos 30 anos, as mulheres tornam-se loiras. Para camuflar os cabelos brancos começa-se a alourar com colorações, nuances, técnicas de disfarce tão bem conseguidas que baralham a idade de uma pessoa quando vista pelas costas. “Muitas mulheres não querem ter cabelos brancos porque as envelhece e lhes dá um ar cansado e outras não têm paciência para a fase de transição que implica assumir os cabelos brancos”, explica o hairstylist Ângelo Salgado do espaço 244Avenida. Mas há estratégias para deixar o cabelo natural, sem pinturas, mantendo o ar cuidado, saudável, e elegante.

Lidar com o cabelo branco

Chegou recentemente ao mercado um novo produto que permite a opção de quatro tons diferentes de brancos, que ajudam a lidar melhor com a mudança de cor. Será uma moda, esta a das mulheres começarem a assumir os fios brancos? “É um lifestyle”, opina Ângelo Salgado, “tem a ver com a conjuntura que estamos a viver – uma vida mais saudável, sem químicos, mais natural e assumida. Os cabelos brancos ficam para o resto da vida e não obrigam a tantas idas ao cabeleireiro para manutenção”.

Igor Silver White é o nome do novo produto (laboratório Schwarzkopf) que é uma espécie de coloração que deixa o cabelo branco com mais brilho e retira o pigmento amarelo que geralmente dá um ar pouco tratado. O produto só é aplicado em cabeleireiros e é uma recente solução para quando já há muitos brancos e quando eles tendem a encrespar devido à ausência de pigmentos. As quatro tonalidades lançadas (arroxeado, prateado, acinzentado, branco neve) dão muito brilho ao cabelo e um ar muito tratado e jovial.

O preço deste ativador de brilho é equivalente ao preço de uma coloração. Contudo, como os cabelos brancos não obrigam a ir tão frequentemente ao cabeleireiro, o custo reduz-se quase para metade.

O melhor corte para o branco

A verdade é que a fase de transição entre um cabelo pintado e um cabelo uniformemente branco não é fácil, reconhece Ângelo Salgado. Uma hipótese é fazer um corte mais radical, um corte curtinho, e esperar que cresça já com a nova tonalidade. Um conselho muito indicado para quem tem madeixas e nuances. Outra solução é a de ser paciente e ir fazendo tratamentos de dois em dois ou de três em três meses no cabeleireiro.

Há cortes que resultam geralmente melhor. O bob curto, nunca abaixo da linha do maxilar, é um deles. E nesta versão mais curta a fase de transição para o cabelo grisalho é mais rápida e por isso o cabelo fica mais depressa uniforme. Os cabelos compridos, além de darem um ar mais pesado ao rosto, demoram também mais tempo a uniformizar a cor.

A grande tendência para os próximos tempos é a dos cortes mais curtos. O bob longo (até aos ombros, a bater na clavícula) vai continuar, um pouco menos convencional, com mais texturas, com umas franjas, mas sempre a manter o aspeto reto do bob, esclarece Ângelo Salgado.