Vai uma biqueirada?
Têm filhos como eu, algumas ainda daqueles minorcas, que bolçam camisas brancas e deixam olheiras até aos joelhos. E às oito da manhã lá estão elas, lindas e esplendorosas, com saltos agulha, mochilas da Princesa Sofia numa mão e carteiras Michael Kors na outra.
Ao mesmo tempo que me irritam profundamente, por eu ser tão femininamente invejosa, têm o mesmo efeito em mim que os artigos de beleza das revistas femininas – quando acabo de os ler, decido que vou comprar tudo e fazer tudo, incluindo as massagens circulares anticelulite.
Na manhã seguinte, ganho coragem e enfrento a escadaria da escola com as andas super fashion que comprei na Gardénia, com trolleys, lancheiras, chapéus-de-chuva e ainda as caixas de ovos decoradas para a festa da páscoa.
Deixo as crianças e quando vou a sair com um ar triunfante, atrevendo-me mesmo a acelerar o passo, sinto uma mão no meu ombro.
– As melhoras, mãe – diz a educadora com uma voz preocupada – eu também fico assim quando volto ao ginásio depois das férias.
E uma biqueirada, não?