Folia e aventura em terras de Trás-os-Montes

Só se descobre coisas quando se parte à descoberta. Foi o que fizemos em quatro dias, intensos e bem vividos, por terras de Trás-os-Montes, com um pulinho para lá da fronteira, bem perto de Chaves, o nosso ponto de partida.

Inspirado nas sugestões de um texto que tinha lido no Boa Cama Boa Mesa, do Expresso, fiz slide e montei a cavalo no Pena Adventure Park, percorri lentamente as margens da bela Lagoa do Alvão, os Parques Termais de Vidago e de Pedras Salgadas e andei pelas margens do Rio Poio a fotografar as suas “lagoas”. Mas nem imaginaria que estaria naquele bar de Motards ao Kilómetro 0 pelas 13h de sábado, o primeiro dia de saída, a beber imperiais para comemorar o estar ali, no início da Nacional 2, a grande estrada de Portugal. Não foi só por isso que fiquei com vontade de voltar a Chaves, uma cidade limpa e aberta, com um centro de ruas estreitas ladeadas de casas vetustas encantadoras, que levámos muito tempo a percorrer devido à vontade de parar para fotografar cada recanto.

 Vidago Palace Hotel

Um passeio pelo parque que rodeia o Vidago Palace Hotel leva-nos a pormenores que vale mesmo a pena descobrir.

Uma espreitadela nas igrejas do cimo da colina antecedeu a visita ao castelo e à torre que alberga o seu museu militar. Apesar da minha manifesta falta de apetência bélica, é sempre bom ficar a saber mais qualquer coisa, neste caso de história ligada aquela região. A seguir foi tempo de comprar folhados de chave na Pastelaria Maria, que tem fama e proveito, digo eu, na sua feitura, e acrescentar mais umas fotos ao álbum, já que o charme do exterior do pequeno edifício merece ser recordado.

Uma das coisas que me chamou a atenção, porque havia por todo o lado e era difícil ficar-lhes indiferentes, foram as magnólias. Há qualquer coisa de muito belo nas árvores floridas, que predispõe para a primavera e, para mim, me dá esperança em dias melhores, tão necessários quando estamos sujeitos a mais uma guerra, depois de recuperarmos ainda um pouco de uma pandemia.

 

O Carnaval de Verin

carnaval de Verin

Chicharrons numa pausa entre as tradicionais correrias que marcam os dias de carnaval de Verin, cidade quase fronteira com Portugal.

Há muito que me deixei de carnavais, ou seja, de os comemorar de alguma forma, talvez um pouco traumatizado pela vontade que os foliões tinham de encher a boca dos outros de confetes, atirar sacos de arroz ou cheios de água à cabeça dos outros, ou artefactos explosivos que iam dos simples estalinhos às bombas de um escudo, mas eram parecidas com a dinamite que vemos nos filmes de cowboys. Tinham efeito semelhante, mas em muito menor escala felizmente.

Por sugestão do Turismo de Chaves, fui no dia seguinte ao da chegada ver o Carnaval de Verin, na vizinha Espanha, para assistir aos concertos das suas charangas e aos desfiles dos seus chicharrons, uma espécie de caretos de Podence, com os mesmos badalos à ilharga, que correm em desfile no meu da multidão, com grande barulheira, e vão assestando, de vez em quando, vergastadas nos passantes, alguns deles ataviados também de coelhos e outros animais fofos, e outros disfarces. Foi, realmente, um tempo interessante, cheio de barulho e movimento, com muita música à mistura, e sai de lá aliviado por não ter levado nenhuma chibatada, o que não aconteceu com outros membros da família, talvez por serem mais bonitos do que eu.

 

Uma lagoa fotogénica

Lagoa do Alvão

Em cada curva das margens da Lagoa do Alvão há sempre motivo para mais uma foto.

Outro dos pontos altos da nossa aventura foi o passeio matinal pelas margens da Lagoa do Alvão, que parece ter sido desenhada para ser fotografada. Não são mais do que dois ou três quilómetros, que levaram muito mais a percorrer do que seria razoável, porque é impossível não parar para olhar em volta de vez em quando.

Um pouco mais longe fica o Pena Aventura, parque temático com uma oferta variada de sugestões de atrações. Escolhemos um passeio de cavalo, que não foi nada de especial, e o Fantasticable, uma viagem de mais de 1500 metros a uma velocidade que chega até aos 130 km/h, percorrida a uma altura superior a 150 metros numa boa parte do caminho. Mesmo bom para abrir o apetite. O melhor sítio onde o saciámos, entre os vários que frequentámos, foi, sem dúvida, o Restaurante Carvalho, em Chaves, onde jantámos. Pedimos posta e arroz de fumeiro, que repeti pelo menos três vezes e só parei porque um pouco mais implicaria uma longa passeata antes da deita para o merecido sono reparador.

parque temático Pena Aventura

Mais um cometa humano a chegar ao final da viagem no Fantasticable, no parque temático Pena Aventura.

É verdade que Trás-os-Montes fica bem longe, pelo menos da Área Metropolitana de Lisboa. Por onde andámos, terras do rio Tâmega onde dominam as serras da Padrela e do Alvão, há muito para ver e descobrir, principalmente para quem gosta de andar a pé e não se importe com a chuva miudinha que por vezes cai do céu. Ficámos por lá quatro dias, mas poderiam ter sido mais, porque ainda ficou muito para ver, viver e saborear, e sobrou uma vontade muito grande de lá voltar.

Publicado a 31 Maio 2022

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