Que vençam!

Mulheres. E homens.

Mulheres (e homens) que carregam os filhos e a mala, que traz o que pode.

Mulheres (e homens) que choram a despedirem-se dos maridos (e das mulheres) e da sua família, encostando-se a janelas de carros e comboios, sem saber quando se vão reencontrar novamente.

Mulheres (e homens) que sofrem com as crianças sujas, que andaram dezenas de quilómetros para chegar a uma fronteira, que abandonaram os seus carros, presos em filas nas autoestradas.

Mulheres (e homens) que embalam bebés e infantes doentes em hospitais montados em abrigos, no fundo da terra, entre pó e terra e paredes sem tinta. Mas ainda sorriem para a câmara, cantam canções, embalam nos seus colos as dores e as tristezas dos pais e filhos.

Mulheres (e homens) que carregam armas, professoras, misses, recém-casadas, empresárias. Que as mexem pela primeira vez, ansiosas e nervosas, mas decididas. Sem maquilhagem, cabelos presos, roupas próprias, quentes, mas práticas, olhando alerta para todos os lados que as rodeiam.

Mulheres (e homens) que se emocionam com o sofrimento dos outros, que recolhem bens, alimentos, medicamentos, conduzem carrinhas para levar tudo para o outro lado da Europa.

Mulheres (e homens) que se manifestam pela democracia e pela liberdades, nas ruas das cidades e dos países, algumas a serem presas e levadas para lugares desconhecidos.

Mulheres (e homens) que endurecem discursos, tratam ditadores como os seres inferiores que são e não os deixarão vencer, que impõem sanções nunca antes vistas, escolhem lados como nunca fizeram.

Mulheres (e homens) que desprezam a Guerra, tudo o que representa, mas não fogem a ela. Que têm como prioridade a família, as crianças, os lares dos seres humanos que todos somos, e não o dinheiro, a oligarquia, o ego.

Mulheres (e homens) que querem a Paz, mas se tiverem de lutar para a ganhar, avançarão.

Mulheres (e homens) que nunca começariam batalhas, mas se as obrigarem a defender a sua família e a sua pátria assim o farão ferozmente.

Há duas grandes diferenças entre a Guerra hoje e a Guerra de há 80 anos atrás.

É que hoje há redes sociais e a sua rapidez associada.

E há mulheres (e homens que pensam como elas) a governar. Muitas e muitos.

Sem medo.

 

Bem-vindos ao século XXI.

O tempo delas (com eles).

Que vençam.

 

Inês Brandão é fundadora e Global Business Manager da Frenpolymer. Leia mais artigos da autora aqui

Publicado a 02 Março 2022

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