De Portugal sabem os portugueses

Adoro o meu País. Quando tinha 23 anos, vivi uns meses na Alemanha e vim de lá apaixonada por Portugal. É sempre assim, não é? Só damos conta do que tínhamos, quando nos falta. O Sol, a comida, as pessoas. O desenrasque, a capacidade de adaptação, os brandos costumes. Como recebemos os outros. Tudo aquilo que também criticamos, tantas vezes.

Por outro lado, também protesto muito com Portugal. Com os processos lentos. Com o desenrasque, que não nos deixa planear convenientemente. Com a falta de organização. Com o “chico-espertismo”. Com a má liderança. Com a falta de dinheiro.

Eu queixo-me. Mas irrita-me muito, mas mesmo muito, se são outras nacionalidades a apontar-nos essas ou outras falhas.

Até posso estar num grupo de portugueses, todos a dizer mal das nossas coisas, que se um estrangeiro intervier, com o mesmo discurso, fico aborrecida.

É como a família. Eu até posso queixar-me da minha, mas mais ninguém pode.

Até porque, reparem, quais são as necessidades básicas à nossa sobrevivência? Respirar, comer, beber, Sol, água, natureza. Saúde, educação, segurança.

Se formos analisar bem, não haverá muitos mais países no mundo melhores do que o nosso nestas áreas:

  • Sol – com uma média de 300 dias de sol, Portugal tem ainda um clima ameno e temperado, ideal para viver e trabalhar.
  • Mar – com uma costa de 1793 km, apesar de ser um País pequeno, é um dos maiores com ligação direta ao mar e tudo o que dele vem: pesca, praias, desporto marítimo, até o maravilhoso por do sol na linha do horizonte…
  • Gastronomia – Portugal foi considerado o nono país do Mundo com melhor gastronomia, graças à sua variedade, de base mediterrânea, e ao uso de produtos frescos e locais.
  • Saúde – de acordo com um estudo de 2021 da União Europeia, para o estado da saúde em Portugal, a esperança média de vida é meio ano superior à média europeia. O investimento feito na Saúde é inferior ao que acontece na Europa, mas os cuidados primários são considerados bons. A vacinação está em patamares altos e tanto a prevenção oncológica, como a taxa de sobrevivência à doença, é considerada alta. Com melhorias a considerar, sem dúvida alguma, a realidade é que o Sistema Nacional de Saúde está acessível a toda a população, e a qualidade dos nossos médicos e enfermeiros é indiscutível.
  • Educação – talvez seja o ponto mais comum nas minhas conversas multinacionais – nós somos bem preparados e formados. As empresas gostam de ter portugueses a trabalhar, somos sinónimo de competência e adaptação a novas culturas. Exemplo disso são as muitas organizações que montam na nossa terra os seus centros de desenvolvimento.
  • Segurança – Portugal foi considerado o sexto país mais seguro pelo Global Peace Index de 2022.

Com todos os defeitos que possamos ter, e muitos deles são maioritariamente económicos, a verdade é que viver em Portugal é sinónimo de garantia das necessidades básicas que, no fundo, são o que realmente importa e o que justifica a afluência de gente para viver cá a sua reforma.

Quanto mais viajo e conheço novas culturas e áreas geográficas, mais gosto do meu país. Mais noção tenho do que lhe falta, mas mais valorizo o que temos de sobra. E reservo-me o direito de defender a minha casa.

Logo, estrangeiros que nos visitem, que vivam cá momentaneamente, que trabalhem connosco, trinquem a língua quando quiserem criticar a minha pátria.

Da minha “família”, sei eu.

 

Inês Brandão é fundadora e Global Business Manager da Frenpolymer. Leia mais artigos de Inês Brandão.

Publicado a 30 Março 2023

Partilhar Artigo

Parceiros Premium
Parceiros