Conflitos nas organizações: Meet them where they are

O conflito nas organizações entre empregados tem aumentado nos últimos anos. Guerras, crises económicas, discussões religiosas, greves, temas fraturantes como os da diversidade e inclusão, eleições — o mundo está cada vez mais polarizado, e muitos colocam-se em posições extremas, resistindo a encontrar um ponto comum. As conversas são geridas como se andássemos sobre cascas de ovos, é muito fácil ferir suscetibilidades e a frase “ou estás comigo ou estás contra mim” parece ser o mote de muitas pessoas.

Acontece fora das empresas e, atualmente, passa-se cada vez mais dentro delas. Pedir aos colaboradores para manterem estes assuntos fora da hora de trabalho é cada mais difícil e pode até ser contraproducente e ser visto como “calar” a sua opinião.

Assim, cabe ao líder gerir estes conflitos nas organizações, juntando esta habilidade à lista quase interminável que deve cumprir.

Na verdade, ter dentro de portas funcionários que criam discussões e trazem sensibilidades pessoais às rotinas profissionais, diminui a produtividade, aumenta o absentismo, contagia os colegas e prejudica o ambiente de trabalho rapidamente.

Então, qual é o melhor método? Entre ignorar, competir, conciliar ou colaborar, cada gestor escolherá o seu estilo. No entanto, acredito que fugir do assunto só o tornará maior.

Assim, existem métodos que se treinam e ajudam a resolver conflitos.

  • Mais do que “o quê”, que muitas vezes é evidente, é importante perceber o “porquê”. De onde vem a discussão. Pedir a ambas as partes para sumarizar o que cada lado avançou nas suas razões para que não haja dúvidas na forma como são vistos.
  • Depois de avaliar as emoções, onde muitas vezes o que cada pessoa apenas quer é ser ouvido, é essencial focar no objetivo: estão no trabalho e há tarefas e funções a cumprir. Explicar as perdas de produtividade e o ambiente criado pelo conflito. Voltar à base.
  • Encontrar um compromisso – junto com as duas partes, chegar a um acordo que seja aceite e fazer cumpri-lo. Pode ser necessária a tomada de decisões difíceis, a assertividade muitas vezes pode até ser contraproducente mas, no limite, o bem comum prevalecerá e, optar por ele, será sempre visto como o correto e aceite pela equipa, mesmo que momentaneamente pareça complicado de assumir.

Ninguém saberá resolver todos os conflitos que lhe apareçam a nível pessoal ou profissional. Existem muitas formações que oferecem ferramentas para melhorar a nossa capacidade de resposta a estes problemas. Mas se formos consistentes, dedicados e sensíveis ao outro, a perceção e a disponibilidade da equipa para ajudar será maior.

“Meet them where they are”, isto é, ir ao encontro da pessoa onde ela está (mais do que obrigá-la a vir para o nosso lado) é, muitas vezes, o suficiente para acalmar ânimos e criar um ambiente de confiança e segurança. No fundo, é o que todos queremos. Viver num mundo onde as diferenças não são uma ameaça ao nosso bem-estar. Se conseguirmos fazer isso pela nossa equipa, nos tempos que correm, talvez estejamos a fazer o mais importante pela nossa organização.

 

Inês Brandão é fundadora e Global Business Manager da Frenpolymer. Leia mais artigos de Inês Brandão.

Publicado a 14 Março 2024

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