A pé pela cidade do Luxemburgo

Percorrer o caminho da Cornija dá acesso a diversas vistas deslumbrantes da cidade que se desenvolve bem abaixo, à beira do Rio Alzette

Percorrer o caminho da Cornija dá acesso a diversas vistas deslumbrantes da cidade que se desenvolve bem abaixo, à beira do Rio Alzette.

 

A capital deste pequeno país é pequena, mas bela e cheio de charme. Uma das coisas que mais me marcou na visita ao Luxemburgo foi o passeio de barco no rio Mosela, mítico pela beleza das suas margens cobertas de vinhas. Apesar de terem pouco declive, seriam certamente mais difíceis de avistar, pelo menos de forma tão abrangente, a partir da estrada marginal ao curso de água, tal como o casario que cortava de vez em quando o mar de vinhas. Claro que o convívio, sempre único no Concurso Mundial de Bruxelas, entre pessoas dos cinco continentes, ajudou ao prazer que tive neste passeio, este ano talvez um pouco mais alegre depois de muitos meses de confinamento. Claro que nos mantínhamos todos a cumprir as regras, até porque o risco não valia a pena.

A equipa portuguesa do júri do Concurso Nacional de Bruxelas, durante o passeio de barco no rio Mosela.

A equipa portuguesa do júri do Concurso Nacional de Bruxelas, durante o passeio de barco no rio Mosela.

Nesse dia foram sendo provados diversos vinhos produzidos no Luxemburgo, uma viagem surpreendente de descoberta, que vale sempre a pena fazer. Destaco, entre os vinhos que provei, o espumante, do Luxemburgo, Cuvée Pinot Noir Rosé da colheita de 2015, da Casa L&R KOX, pela sua frescura, estrutura, complexidade e final de boca. Quis trazê-lo, mas depois lembrei-me que o rebentamento de uma garrafa de espumante não é coisa digna de se sentir. Como não sabia o que se poderia passar na mala de porão, deixei-o ficar. Talvez num outro dia. Nunca se sabe.

 

Corinne e Laurent Kox, as duas gerações à frente dos destinos da casa L&R Kox

 

Uma pausa para uma cerveja branca

O concurso deste ano, em que provei, segundo as minhas contas, 180 vinhos em três dias, decorreu num grande hotel perto da capital do país. Por isso, a visita à cidade era natural e essencial, o que fiz em duas das tardes em que estive por lá.

É difícil de imaginar como me souberam bem as cervejas blanche que bebi no Ënnert de Steiler, mais devagar que o habitual, enquanto apreciava a vista e dialogava em amena cavaqueira com os meus parceiros daquela tarde cálida da cidade do Luxemburgo. Caracterizada pela sua cor palha clara e ligeiramente turva, com aromas marcados pelas notas citrinas e de coentros, que lhe dão uma capacidade refrescante que se mantém, mesmo quando o líquido vai aquecendo no copo, estava a saber-me mesmo bem.

Depois de ter saído do hotel onde decorreu, este ano, o Concurso Mundial de Bruxelas, naquele início de tarde de segunda-feira, e esperado apenas alguns minutos pelo autocarro, que me transportou quase até ao centro da cidade, descobri que tínhamos saído duas paragens para além da pretendida. Mas ali tudo é perto. E como gosto de andar, lá fomos caminhando até à Praça Guilherme II, no centro da cidade, o nosso objetivo inicial, atravessando o sedutor Parque Municipal do Luxemburgo antes de entrarmos no centro, por onde deambulámos um pouco antes de nos sentarmos, ao sol, naquela esplanada bem povoada.

Parque Municipal do Luxemburgo

Parque Municipal do Luxemburgo

Uma vista deslumbrante

Infelizmente o Palácio Grão-Ducal estava fechado, tal como o museu dedicado à história da cidade, sítios que pretendia visitar. Por isso, limitei-me a uma espreitadela à catedral, deambulei, primeiro, pelo centro da cidade e depois fiz lentamente o Chemin de la Corniche (Caminho da Cornija), percurso sobre muralhas do século XVII com vista para telhados, igrejas e o vale do Alzette, com inúmeras paragens para fotografar a paisagem urbana junto ao rio, que parece ter sido desenhada para tornar mais atraente o local.

Não resisti ao seu poder de atração, e decidi ir até à margem do rio na zona de Clausen, onde fica um espaço grande dedicado à restauração, para dar uma espreitadela e iniciar uma caminhada à beira do Rio Alzette até à ponte do Stierchen, construída no século 15, antes de escalar lentamente a escada, primeiro, e as ruas inclinadas do Monte Clausen depois, até ao planalto que alberga a zona mais antiga da cidade. Gostei de andar por ali nesse dia e voltei de novo para admirar outras vistas, destas feita com colegas russos, com pausa para um copo numa das esplanadas, porque a capital do Luxemburgo é um espaço pequeno belo e cheio de charme, que vale a pena visitar.

Publicado a 15 Outubro 2021

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