Barack Obama: “É responsabilidade dos homens combater o sexismo”

Afirmando-se feminista, o presidente dos Estados Unidos publicou um ensaio na revista Glamour, no qual defende a importância de um combate unânime e implacável aos preconceitos de género.

Barack Obama sublinha a importância de as filhas, Malia e Sasha, de 18 e 15 anos, encararem o pai como feminista.

Por ocasião do seu 55.º aniversário, celebrado a 4 de agosto, e a poucos meses de deixar a Casa Branca, o líder norte-americano fez questão de deixar um poderoso testemunho sobre as conquistas e os desafios da luta pela igualdade de género, que assume como sua. Num artigo assinado pelo próprio na revista Glamour, Barack Obama começa por sublinhar que esta é “uma altura extraordinária para se ser mulher”, graças ao “progresso” alcançado num passado recente.

Não menosprezar “o quanto se avançou” não significa, porém, negar que “ainda temos muito a fazer para melhorar as perspetivas das mulheres e das meninas em todo o mundo”, argumenta. E ainda que seja fundamental não baixar a guarda no campo político, “há mudanças que nada têm a ver com a aprovação de novas leis”, adverte Barack Obama. “A mudança mais importante é talvez a mais difícil: mudarmo-nos a nós próprios.”

Ainda estamos muito limitados por estereótipos sobre como homens e mulheres se devem comportar.

Apesar dos passos que já foram dados, a este nível, o presidente norte-americano lembra “que ainda estamos limitados por estereótipos sobre como homens e mulheres se devem comportar”. Padrões que são especialmente duros para com o sexo feminino, admite. “Todos sabemos que estes estereótipos afetam a forma como as mulheres se encaram a si próprias desde muito cedo, fazendo-as sentir que, se não tiverem uma determinada imagem ou comportamento, têm menos valor.”

Uma sociedade com “dois pesos e duas medidas”

Reconhecendo que “as pessoas mais importantes” da sua vida foram sempre mulheres, nomeadamente a mãe, Ann Dunham, a avó materna, Madelyn Dunham e a mulher, Michelle Obama, Barack Obama confessa que é na qualidade de pai de duas filhas que tem ganho ainda maior consciência da “enorme pressão” a que as mulheres continuam sujeitas.

É preciso mudar a atitude que valoriza a confiança e a ambição profissional, a menos que se trate de uma mulher.

É também em nome de Malia e Sasha, de 18 e 15 anos, respetivamente, que o presidente cessante ergue a voz contra uma sociedade  com “dois pesos e duas medidas”, que “cria as raparigas para serem recatadas e os rapazes para serem assertivos, que critica as nossas filhas por darem a sua opinião e os nossos filhos por verterem uma lágrima, que penaliza as mulheres pela sua sexualidade e recompensa os homens pela deles”. No mercado de trabalho, em particular, acrescenta, é preciso “mudar a atitude que valoriza a confiança e a ambição profissional, a menos que se trate de uma mulher”. Deixando para trás o comportamento “que ensina os homens a sentirem-se ameaçados pela presença e o sucesso das mulheres”.

Um momento histórico para a América

É importante que as minhas filhas tenham um pai feminista, porque é isso que elas devem esperar de todos os homens.

Ajudar as novas gerações a derrubar as barreiras de género é uma missão que para Barack Obama começa dentro de casa, com o seu próprio exemplo. “É importante que as minhas filhas tenham um pai feminista, porque é isso que elas devem esperar de todos os homens”, frisa. Afinal, “é responsabilidade dos homens combater o sexismo”. “Como esposos, companheiros ou namorados, temos de nos esforçar para construir relações verdadeiramente igualitárias.” Igualdade é mesmo o princípio basilar do feminismo do século XXI, considera: “a ideia de que quando somos todos iguais, somos todos mais livres”.

A reflexão do líder norte-americano não esquece ainda “a eleição histórica” que decidirá o futuro do país, já em novembro próximo. O momento em que, “pela primeira vez”, uma mulher – Hillary Clinton – irá a votos como candidata presidencial por um dos maiores partidos políticos norte-americanos. Independentemente de quais as inclinações políticas de cada um, Barack Obama não tem dúvidas de que “este é só mais um exemplo do caminho que as mulheres já trilharam na longa jornada pela igualdade”.

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