Jack Soifer foi consultor em 298 empresas em 12 países, como Estados Unidos, Brasil, China, Suécia, Rússia e Angola.
As mulheres, em geral, são mais perspicazes, ouvem mais, questionam em vez de contradizer, o que torna o diálogo mais criativo e positivo. Em muitos setores e funções as mulheres são vitais, pelas suas características únicas, como em produção e venda de roupa e calçado, no setor alimentar, na aviação, no turismo, na limpeza ou mesmo nos transportes. E esta consideração é válida para qualquer função, seja ou não de liderança.
No Brasil, numa fábrica de componentes eletrónicos concluí que as mulheres que trabalhavam na montagem e no controlo de qualidade eram mais minuciosas e o índice de rejeição final reduzia para quase zero. Porque algumas eram lentas e outras falavam muito no trabalho e tinham falhas, sugeri a atribuição de bónus de produtividade e passar música na fábrica — esta medida reduziu as conversas e as falhas diminuíram. Os homens foram mudados para outras seções.
Numa empresa de conservas de peixe nas Filipinas voltei a sugerir a música nas jornadas de trabalho e com isso as trabalhadoras reduziram também o número de conversas entre elas porque passaram a cantar as letras das músicas que ouviam ao longo do dia.
Numa rede de supermercados na Suécia privilegiámos mulheres para o atendimento ao cliente pois escutam mais, não o contradizem tanto, antes tomam uma atitude mais apaziguadora, dizendo, por exemplo, que a situação não é fácil e que farão o possível para resolver o problema.
Uma das empresas de que fui sócio era uma fábrica de mobiliário para escritório e auditórios. Sempre que montávamos os móveis no espaço do cliente, deixávamo-los polidos para a inauguração. Selecionei uma senhora para liderar este trabalho final.
Nos Estados Unidos, na KFC, testei usar apenas mulheres entre os 30 e os 40 anos, e não mais jovens, nas caixas de pagamento de dez lojas que ficavam em centros financeiros ou em zonas de escritórios de advogados. Os clientes chegavam tensos e elas transmitiam a tranquilidade que as mães têm ao cuidar de adolescentes e jovens.
Ainda nos EUA, para a rede Corvette, há décadas, propus elevar à direção uma decoradora, que traria um ar melhor às lojas. Na Rússia, o mesmo numa fábrica de tecidos em Tjeboksari, à beira do rio Volga.
Na Suécia, há 40 anos, admirei-me das lojas IKEA terem um espaço para as crianças brincarem. Foi ideia da filha do proprietário, Ingvar Kamprad, que tinha filhos pequenos e percebeu que as famílias jovens passavam mais tempo na loja e compravam mais quando sentiam um ambiente familiar.
No setor público discordo das promoções automáticas que apenas têm em conta a antiguidade. Justo seria a promoção ser em função do atendimento e da capacidade de resolução de problemas. Isso daria às mulheres mais funções de liderança, que elas, efetivamente, merecem.
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