Determinado a regressar às suas origens, investindo no mundo do vinho, em 2012 o empresário têxtil Paulo Santos decidiu transformar uma antiga empresa agrícola numa moderna empresa produtora de vinhos. Apesar de na família não haver a tradição de produção de vinho, o seu objectivo é colocar Nelas no mapa dos grandes vinhos do Dão. A sua filha, Lígia Santos, é o seu braço direito, liderando a Caminhos Cruzados. No seu currículo, com assinatura da equipa dos enólogos Manuel Vieira e Carlos Magalhães, surgem os vinhos Terras de Nelas, Terras de Santar e a marca bandeira da empresa, a gama de vinhos Titular, que conquista cada vez mais visibilidade internacional. Em 2014 adquiriu a Quinta da Teixuga, também no concelho de Nelas, onde está a construir a nova adega, em forma de X, e a produzir aquele que é o topo de gama dos vinhos de Paulo Santos, o Teixuga, que foi lançado no mercado em Maio de 2016.
A Caminhos Cruzados está assente no mercado nacional, mas a empresa encontra-se já representada em países como Alemanha, Angola, Brasil, Canadá, China, França, Suiça, entre outros. Lígia Santos desdobra-se entre Lisboa, Nelas e as viagens frequentes a diferentes geografias. Eis o seu registo do que é um dia normal da sua agenda.
7h30
Acordar. Hoje em Lisboa, mas é igualmente provável acordar em Nelas (no Dão) ou em qualquer ponto do globo onde se beba vinho e que seja um dos meus mercados de exportação. Ainda com um olho meio aberto e outro meio fechado, vou ler e-mails. Quando se gere uma empresa à distância, o contacto constante é tudo. Respondo a e-mails da China e dos Estados Unidos, que vivem em fusos horários muito diferentes.
8h00
Pequeno-almoço e “Bom Dia Portugal” na RTP. Vejo as notícias da manhã e aprendo com o “assim se escreve em bom português”. É um dos momentos zen do dia!
8h45
Faço uma lista de tudo o que tenho para fazer nesse dia, num caderninho que me segue para todo o lado. Organizo o dia entre a manhã e a tarde (e, tantas vezes, a noite).
9h00
Abre a adega, começa o dia de trabalho. Telefono para a adega, falo com os vários departamentos para resolver situações do dia anterior e para antecipar o que o dia nos vai trazer.
11h00
Hora de organizar o almoço. Normalmente, aproveito o almoço para trabalhar e visitar clientes. O vinho é um produto de relações e de pequenas celebrações, por isso é comum marcar reuniões para o almoço onde posso apresentar novos produtos ou prová-los em contextos diferentes. Quando assim é, a meio da manhã tenho de designar os vinhos, ver se tenho garrafas comigo, confirmar a temperatura e garantir que pelas 13h00 está tudo perfeito.
12h00
Mais telefonemas para a equipa, para fazer o ponto de situação da manhã.
12h15
Sprint para acabar as coisas que me propus fazer na parte da manhã! Fico sempre surpreendida com o que conseguimos fazer quando estamos sob a pressão do tempo.
Faço o que mais gosto, que é provar e falar sobre vinhos.
13h00
Almoço com clientes. Faço o que mais gosto, que é provar e falar sobre vinhos. A gastronomia portuguesa é variada e de qualidade, por isso é raro ter más experiências.
15h00
Retomar o contacto com o “meu” mundo, acompanhar stocks, encomendas. Quando não tenho reuniões à tarde, aproveito para fazer trabalho de escritório e planear os próximos dias, marcar as próximas viagens de trabalho (gosto de ser eu a marcar tudo e escolher os meus horários, porque, naturalmente, conheço melhor a minha agenda e as minhas necessidades).
17h30
Faço o ponto de situação com a adega, produção e departamento de vendas. Nos dias bons, consigo começar a preparar a lista de afazeres para o dia seguinte (coisa que adoro e me dá muita tranquilidade).
18h00
Adega fecha, mas o mercado americano está em pleno dia de trabalho. Ligo para o Brasil e para os Estados Unidos – os destinos das minhas próximas viagens de trabalho.
Não raras vezes acabo a resolver problemas de trabalho durante a corrida.
19h00
Faço desporto sempre que posso. É o garante da minha saúde física e mental e a minha boa disposição! Nos dias melhores, vou até ao Crossfit Alvalade, onde desafio todos os meus limites. Nos dias menos programados, vou correr. Gosto de correr e não raras vezes acabo a resolver problemas de trabalho durante a corrida. Mesmo quando estou fora, não dispenso pelo menos 30 min de exercício diário, procuro sempre hotéis com ginásio para poder relaxar ao fim do dia, ou logo de manhã, dependendo do estilo de viagem.
21h00
Não tenho muita rotina de jantar. Pode acontecer ter prova de vinhos, ou jantar de trabalho. Pode acontecer que seja o único momento do dia para ver os meus amigos, ou pode acontecer jantar em casa, em família. O único dado certo, é que não sou eu a cozinhar! Não tenho especial paciência (nem jeito) para cozinhar, mas tenho a felicidade de viver com um cozinheiro de mão-cheia que me facilita a vida.
22h00
É a única altura do dia em que consigo ser dona de casa e aproveito para organizar algumas coisas, fazer máquinas de roupa, etc. Lá em casa, somos muito organizados e, por isso, não é preciso muito para manter a nossa vida doméstica em ordem.
23h00
Hora de tentar dormir. Não vejo televisão à noite, mas não dispenso um livro. Neste momento, ando viciada no Afonso Cruz, mais concretamente no “Jesus Cristo bebia cerveja”. Não consigo desligar do telefone, por isso dou mais uma espreitadela aos mails, redes sociais da empresa (adoro seguir as reações às nossas publicações!) e, eventualmente, adormeço.