A Agenda de… Teresa Guedes

Durante o dia, a prioridade de Teresa Guedes, diretora do Zoo Santo Inácio, em Gaia, são os mais de 700 animais de 150 espécies, provenientes dos cinco continentes. A partir do final da tarde foca-se nos quatro filhos e no marido. O seu segredo é tentar viver cada coisa a seu momento, de forma que não haja sobreposição de tarefas nem de atenções.

Teresa Guedes é diretora do Zoo Santo Inácio, em Gaia.

Com 42 anos, Teresa Guedes esteve, desde que se lembra, em contacto próximo com a natureza e, talvez por isso, e por influência do seu pai, Roberto Guedes, foi desenvolvendo um amor assolapado pelos animais. Licenciada em Engenharia Zootécnica, iniciou a sua carreira no maior e mais verde Zoo do Norte em 2006 e, 7 anos depois, assumiu a direção do Zoo Santo Inácio.

Nascido de um sonho de uma família com a natureza no ADN, o Zoo Santo Inácio abriu portas há mais de duas décadas e, atualmente, alberga mais de 700 animais de 150 espécies, provenientes dos cinco continentes.

Mãe de quatro filhos, Teresa Guedes consegue o equilíbrio entre uma vida familiar preenchida de amor e uma vida profissional agitada, dedicada à missão da conservação da natureza e da vida animal.

Apaixonada por viajar e cenários com o mar no horizonte, sonha com o crescimento contínuo do zoológico e no reconhecimento deste como “o” local de conservação!

7h00

O despertador arranca, mas… só mais 5 minutos e, às vezes, mais outros 5…  Entre o toque do despertador ou o meu filho a aproximar-se a dar-me uma festinha, lá tem de ser, levantar para um novo dia! O dia arranca logo a toda a velocidade, entre arranjar-me e acelerar quatro crianças para a escola, andar atrás delas para tomarem o pequeno-almoço ou procurar a sapatilha perdida, ter os materiais para as atividades extra prontos e as lancheiras nas mochilas (que tento que sejam sempre diferentes e muito saudáveis, mas acabam por não variar quase nada de dia para dia), garantir ainda que os dentes vão bem escovados e que não pinga pasta de dentes para a roupa acabada de sair do armário. E com isto muitos cabelos brancos são gastos logo de manhã… mas cá vamos nós!

8h15

Deixo um, dois ou três filhos nas diferentes escolas, tentando escapulir para que a minha filha não peça para a deixar também! Com um beijinho na testa e um “tenham um bom dia na escola e divirtam-se muito”, lá sigo do Porto para o Zoo Santo Inácio, em Gaia. Esta viagem é excelente para uma gargalhada, um desabafo ou um up-to-date em telefonemas com amigas ou simplesmente conduzir ao som do rádio e de tantas piadas e boas músicas que vão para o ar. Apesar de ser o mesmo caminho, não me canso de admirar o nascer do sol a vir do rio para o mar, criando uma paisagem singular ao longo da ponte da Arrábida.

Chego ao Zoo. E, mal chego, os meus olhos já estão em modo “olho de lince”, à procura de qualquer falha a tempo de ser remendada para a abertura do Zoo ao público. Primeira paragem obrigatória: máquina de café. E com o gole e o cheiro de café, estou pronta para começar o dia. Primeiro confirmo a agenda e, logo de seguida, começo por analisar as entradas de visitantes e vendas do dia anterior. De seguida, toca a abrir os emails todos que surgiram e que vão, entretanto, surgindo, de forma a dar resposta ao máximo de assuntos possível.

10h00

Atenta aos primeiros sinais do dia… Quando se começam a ouvir os gritos ansiosos das crianças e as chamadas de atenção dos pais ou as contagens numéricas dos professores, é sinal de que os visitantes estão a chegar e cheios de vontade para um dia em grande!

Regra geral, é uma hora muito ativa de colegas a surgir pelos escritórios, sendo que não consigo ter uma rotina de assuntos ou de tarefas, porque vão sendo moldados e mudados consoante as pessoas que aparecem e as suas necessidades. Tanto estamos a pensar num novo habitat e nos materiais a utilizar, como qual o melhor forno a colocar na restauração, como qual nova espécie animal poderemos receber, ou até mesmo em que frase escrever para a newsletter ou para as redes sociais. Se há coisa que não tenho são dias iguais ou monotonia.

12h30

Começam a soar os alarmes de fome, deve ser do ar de campo… “Vamos almoçar? Onde?”

Na maioria dos dias, almoço com os meus colegas e, para mim, até as horas de almoço são para rentabilizar. Muitas vezes aproveito para tratar de tarefas para a casa (comprar fruta, que está sempre a acabar, ou calças, que estão sempre a rasgar-se nos joelhos, ou sapatos, que deixam de servir tão rápido), conseguindo conciliar companhia, conversa e tarefas de casa de uma só vez.

Entretanto, aproveito para ver e responder às mensagens de whatsapp dos grupos todos das escolas, dos presentes conjuntos para as festas de anos dos amigos deles, dos meus amigos, dos programas para os fins-de-semana, das boleias das atividades dos filhos e fazer o telefonema a meio do dia com o meu marido.

14h00

Muitas vezes a tarde começa com um “E se…?!?”. Lá vem uma ideia nova!

E lá vamos para o terreno analisar, imaginar, de fita métrica na mão ou então riscar as plantas e mapas do Zoo com várias cores e vários riscos sobrepostos, na esperança de criar novidades e melhorias às nossas ofertas. Esta é talvez das funções que mais me dá “pica”. Coisas novas, diferentes. Imaginar como ficará. Imaginar qual será a reação dos visitantes ou do staff, consoante os projetos.

Em todos os projetos, tento por o cunho da conservação e da educação, de forma a dar mais força à nossa missão de preservação de espécies e reforçando a razão da existência do Zoo e do papel tão importante que os parques zoológicos desempenham nos dias de hoje na manutenção da biodiversidade. Criar uma ideia, um texto, uma placa, ou um projeto novo e conseguir aliar a nossa missão, e que esta mensagem seja percetível para o público e colegas é, para mim, missão cumprida e um dia em grande!

Entre confirmar e aprovar faturas e pagamentos de faturas; ter reuniões com outras empresas; entrevistar pessoas para uma futura contratação; verificar o estado dos materiais ou escolher novos; fazer a ronda ao Zoo e tirar notas para consertos ou para futuras tarefas dos vários departamentos; conversar com visitantes e com colegas; experimentar novas iguarias para a restauração; ver novos produtos para a loja do Zoo; comentar e observar a saúde, o comportamento, a alimentação e o bem estar dos animais; escolher flores e plantas para preencher os espaços verdes do Zoo; e tantas outras tarefas, os dias são, todos eles, únicos, diferentes e cheios. Há sempre mais por fazer e há sempre coisas que ficam para o dia seguinte e, acima de tudo, há a vontade de fazer e sonhar com mais.

17h30-18h00

Sempre atrasada para sair, a rematar os vários assuntos pendentes, e a ter de chegar a horas às escolas para os levar para as atividades, ou para a reunião de pais, ou para a consulta do pediatra ou dentista…

19h00-21h00

Chegar a casa, desfazer lancheiras, tirar das mochilas as roupas do ballet ou do karaté, chamar cada um 10 vezes para os banhos, mandar fazer os TPC ou preparar as mochilas para o dia seguinte, encomendar as compras de supermercado para a semana, aquecer o jantar, jantar a ouvir as imensas histórias carregadas de emoção sobre o dia de cada um, jogar um jogo em família, fazer uma brincadeira ou apenas ver televisão uns minutinhos e, entretanto, ir buscar um ao treino de futebol, chega a hora de rezarem ao Jesus e irem dormir. Ufa!

21h30

Aqui começa o momento zen do dia, meu e do meu marido. Sentamo-nos no sofá, vemos uma série enquanto vamos falando e programando os nossos dias.

Tento não me deitar muito tarde – porque uma boa noite de sono faz maravilhas – e deixo as noitadas para os fins-de-semana, que me sabem tão bem!

Raramente trabalho em casa, tento viver cada coisa a seu momento, de forma que não haja sobreposição de tarefas nem de atenções. Ter tempo para mim como mãe, como pessoa, com o meu marido, com os meus filhos, com a minha família, com os meus amigos e no meu trabalho. Cada coisa no seu tempo próprio. Atualmente, o ritmo já está muito acelerado. Com muita organização, conseguimos fazer as várias tarefas do dia. Uns dias custam mais, é certo. Outros não conseguimos desligar de uma preocupação. Mas os outros dias compensam. Se não conseguirmos parar e aproveitar cada um dos momentos, de nada nos serve, apenas preenchemos a agenda.

 

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