Anne Hidalgo é a primeira mulher a liderar a Câmara de Paris e consciente dos malabarismos que todas as mães que trabalham têm de fazer para articular a carreira com a educação dos filhos, mostra-se decidida a manter a aposta na rede de creches do seu município. Até porque esta medida tem uma outra importante vantagem: torna a sua cidade mais competitiva.
Na capital francesa, 87% das mulheres em idade ativa trabalham, em parte graças a uma boa rede de creches, que aceita crianças a partir dos três meses, e a um sistema escolar público, que as acolhe aos três anos. “Este modelo dá às mulheres a possibilidade de não precisarem de escolher entre ter um filho ou uma vida profissional”, explicou Anne Hidalgo, que tem três filhos, numa entrevista citada na Exame Brasil. “Isto é muito importante porque permite que toda a classe média possa trabalhar, o que vai sustentar e impulsionar a economia”.
Em Paris as empresas cotadas têm uma média de 37% de mulheres em cargos de gestão.
Em todo o país, 83% das francesas entre os 25 e os 55 anos participam da força de trabalho, de acordo com dados oficiais, e as empresas cotadas em bolsa com sede em Paris têm uma média de 37% de mulheres em cargos de gestão. Segundo dados da Bloomberg este valor é superior ao verificado em Nova Iorque (32%) e Londres (27%). A este facto não será alheio o facto de 45% das crianças parisienses em idade pré-escolar estar em creches municipais, por comparação aos 15% registados no resto do país.
“A empregabilidade das mulheres é um elemento de sustentabilidade económica para um país e para uma cidade como a minha”, defende Anne Hidalgo, de origem espanhola, que preside à câmara da capital francesa desde abril do ano passado.