Glória Almeida era diretora na Luz Saúde há cinco anos quando decidiu fazer o programa One Step Ahead – Líderes no Feminino, uma parceria entre a AESE Business School e a Executiva e o programa acabaria por a ajudar a dar um novo passo na carreira. Licenciada em Análises Clínicas e Saúde Pública na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, graduada em Administração Hospitalar pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa e no Innovating Health for Tomorrow do INSEAD, Glória Almeida tem também uma pós-graduação, com especialização em Finanças, pelo Programa Geral de Gestão da Universidade Católica Portuguesa, e fez o Programa de Alta Direção de Instituições de Saúde da AESE Business School. Depois de ter desempenhado diversas funções de gestão em unidades públicas e privadas de saúde Glória Almeida é, desde outubro de 2022, responsável pelas Relações Institucionais da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares.
Quais são as principais dificuldades que se podem encontrar na gestão de um hospital e quais as melhores formas de as superar com sucesso?
Os hospitais, como tantas outras organizações, dependem de pessoas. O fator humano é crucial para o funcionamento e sucesso do atendimento e tratamento dos que os procuram. E é preciso não esquecer também que quem procura um hospital está normalmente numa situação vulnerável, o que torna a qualidade do atendimento mais importante e desafiante.
Um hospital é uma estrutura complexa onde trabalham profissionais altamente diferenciados. Para o seu bom funcionamento é necessário encontrar o equilíbrio entre os vários profissionais, de forma a oferecer o melhor serviço possível. Outro desafio, que hoje, mais do que nunca, se verifica na saúde, é a captação e retenção destes profissionais altamente diferenciados. Nos últimos anos, tem-se sentido a pressão da emigração e da fuga dos profissionais para países que oferecem melhores condições.
A forma de superar estes problemas não é simples, nem este é um tema exclusivo da saúde. Por isso, as soluções a aplicar serão iguais às de outros setores que enfrentam o mesmo tipo de questões. Por um lado, é necessário motivar os profissionais, criar espírito de equipa e de pertença à instituição onde trabalham. Quando existe um ambiente de trabalho saudável, a interajuda, colaboração e empatia aumentam, assegurando assim bons resultados a longo prazo. Mas é preciso também oferecer a estes profissionais condições competitivas, que tornem a emigração menos atrativa.
Quais são as principais virtudes que o gestor hospitalar deve ter?
Um gestor, e em particular um gestor hospitalar, necessita de ter uma multiplicidade de ferramentas para o bom desempenho da sua função. Mas destaco a empatia e capacidade de escutar, que permitem perceber as necessidades dos pacientes e das suas famílias e um compromisso com a qualidade dos cuidados de saúde prestados. Tendo por base este conhecimento, o gestor deve ser capaz de decidir e comunicar eficazmente, de forma a motivar as equipas para a concretização dos objetivos.
Deve ser, ainda, curioso. As áreas clínicas estão em constante e rápida evolução e é necessário que o gestor se mantenha informado e atualizado sobre os novos equipamentos, terapêuticas, etc.
Tirou inicialmente um curso de tecnologia na área da saúde, onde trabalhou, para depois se dedicar à Gestão. O conhecimento tecnológico que adquiriu contribuiu, de alguma forma, para o sucesso da sua carreira?
Trabalho na área da saúde desde os 21 anos, e a minha experiência anterior, apesar de não ser crucial para a gestão hospitalar, foi sem dúvida uma grande ajuda. Foi importante para conhecer as dinâmicas e funcionamento de um hospital. Como disse, um hospital é uma organização complexa, e é uma mais valia conhecer diferentes realidades e incentivos que são criados organicamente neste tipo de instituição. Outra grande vantagem é o domínio da terminologia, o que ajuda, e muito, a comunicar com as equipas clínicas.
“Tenho a necessidade de procurar mais conhecimento”
Tem apostado, de forma mais ou menos constante, na sua formação ao longo dos anos. Com que objetivos?
Curiosidade e vontade de aprender. Tenho uma insatisfação intrínseca, que faz com que não esteja parada durante muito tempo. Tenho a necessidade de explorar novos mundos, o que me leva também a procurar mais conhecimento.
Porque decidiu fazer o programa One Step Ahead – Líderes no Feminino?
O One Step Ahead veio numa fase importante e de mudança na minha vida. Estava claramente num processo de mudança quando me cruzei com o curso. E como já conhecia a AESE por ter realizado o PADIS, sabia que iria encontrar ensino de qualidade e uma grande atenção a todos os detalhes. Decidi apostar nele, e com algum esforço pessoal, pois vivia no Porto e as aulas eram em Lisboa. O que mais influenciou a escolha, para além da qualidade da escola, foi o programa de mentoring. Ainda não tinha experimentado o processo de mentoring e tinha curiosidade. Foi muito enriquecedor poder trabalhar com alguém que estava ali para me fazer crescer enquanto profissional e, em última análise, enquanto pessoa. Estou muito grata à minha mentora pelo percurso que fizemos juntas.
Qual foi o impacto do programa na sua vida?
O processo de mudança pessoal já estava em curso quando me candidatei ao OSA, mas o programa veio dar, através do processo de mentoring e das histórias de vida que várias executivas partilharam connosco, o empurrão final que precisava. Veio clarificar alguns processos e decisões relativamente ao rumo que queria dar à minha carreira. Após estas aprendizagens, percebi o que mais valorizava e foi-me possível encontrar uma atividade que se adequa mais às minhas prioridades.
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