Women Empowerment Talk “Mulheres que aceleram a carreira” com Viktoria Kaufmann e Carla Rebelo

Viktoria Kaufmann, managing director da SIVA | PHS, e Carla Rebelo, global head of Permanent Recruitment da Adecco, foram as convidadas da Women Empowerment Talk “Mulheres que aceleram a carreira”, que a Executiva promoveu, na véspera do Dia Internacional da Mulher, no CUPRA City Garage Lisboa.

Carla Rebelo e Viktoria Kaufmann (ao centro) a serem entrevistadas por Isabel Canha e Maria Serina.

Em antecipação do Dia da Mulher, a Executiva e a Cupra promoveram mais uma Women Empowerment Talk, sobre “Mulheres que aceleram a carreira”. Uma plateia de executivas e mulheres de talento acorreu ao CUPRA City Garage Lisboa para assistir a uma conversa inspiradora entre Viktoria Kaufmann, managing director da SIVA | PHS, e Carla Rebelo, global head of Permanent Recruitment da Adecco.

Na abertura do evento, Teresa Lameiras, diretora de Comunicação e Marca da SIVA|PHS, e Cristina Rola, diretora de marketing da Seat l Cupra, congratularam-se pelo facto de as vendas dos automóveis da marca cor de cobre terem triplicado num ano, ancoradas nos valores de design, performance e sofisticação. E que melhor tema para esta talk sobre “Mulheres que aceleram a carreira” do que perceber como foi para as duas oradoras o caminho até ao topo, qual o fio condutor das suas carreiras, os desafios que têm encontrado no caminho e o que foi fundamental para atingirem funções de liderança.

 

Mulheres que aceleram a carreira

Carla Rebelo, doutorada em Gestão, adora números, mas há 20 anos que a sua carreira é feita em consultoria de recursos humanos, uma área de pessoas. Trabalhou na Holanda, teve a sua primeira experiência como diretora-geral no Brasil, em duas empresas, e voltou a Portugal para diretora-geral da Adecco em 2015. No ano passado, assumiu a direção mundial do negócio de recrutamento da Adecco, com responsabilidade por 48 países.

Questionada nesta conversa “Mulheres que aceleram a carreira” sobre quais os fatores que foram determinantes para conduzir ao topo e acelerar esse percurso, Carla Rebelo não teve dúvidas em apontar três: a carreira internacional, a formação contínua e a atitude de se focar sempre na solução e não no problema. Esta executiva revelou que sempre procurou estar permanentemente atualizada, até em áreas contíguas aquelas em que trabalha. “Da minha experiência de 33 anos em empresas, quando existem pessoas proativas, que se focam nas soluções e que não passam a maior parte do tempo a falar dos problemas, mas tentam resolvê-los, e fazer o impossível, essa atitude e essa vontade é um grande acelerador”, desvendou. Estar permanentemente preparada é outro dos fatores. “Sempre procurei trazer soluções e, para isso, é preciso saber mais em áreas diferentes daquela que é a nossa área nuclear”, acrescentou.

Também Viktoria Kaufmann viu na carreira internacional uma forma de chegar mais rapidamente ao seu objetivo. Ainda era estagiária quando definiu que a sua ambição era chegar a diretora-geral e, por isso, traçou a rota de trabalhar no estrangeiro. Licenciada em Ciências Aplicadas, o seu primeiro emprego foi na Porsche Áustria, em 2008. Trabalhou no Chile, e na Colômbia, onde em 2012, tornou-se diretora-geral da Porsche Colômbia. No final de 2019 aterrou em Portugal como managing director da SIVA.

“A carreira internacional foi uma etapa fundamental na minha carreira e um acelerador da minha progressão”, analisa a executiva. “A Porsche Holding é uma empresa internacional, mas muito austríaca, por isso muitos querem ficar na Áustria, mas para mim era claro que se queria acelerar a minha carreira, tinha de ir para fora”, diz em português fluente, com apenas algumas (compreensíveis) palavras em espanhol. Quando surgiu a oportunidade de embarcar para o Chile como project manager nem hesitou, pois sempre gostou de países latinos. Quando levantou a mão e disse “eu quero”, perguntaram-lhe se falava espanhol. “Não, mas vou aprender” foi a sua resposta. Essa vontade e atitude é também muito importante. E, claro, “entregar bons resultados; ter a ambição de atingir os objetivos e superá-los.”

Claro que é sempre preciso muito trabalho e uma atitude de não desistir, como acrescentou Carla Rebelo. Viktoria Kaufmann, por seu turno, chamou a atenção para a atitude de estar aberta para aprender sempre, para fazer qualquer caminho que surja, agarrando as oportunidades, e aberta a novas culturas. Importantes conselhos nesta conversa “Mulheres que aceleram a carreira”.

 

Diferentes rotas rumo ao topo

Quando o destino é o topo das empresas, o percurso trilhado para chegar a essa meta pode ser muito diverso. E as carreiras nunca acontecem como planeado, como alertou a responsável pela SIVA.

Que o diga Carla Rebelo, apaixonada por números, que hoje trabalha com pessoas. A executiva que lidera a nível mundial a área de recrutamento permanente da Adecco começou a trabalhar aos 16 anos num gabinete de contabilidade como aprendiz em part-time, e aos 19 já era chefe de contabilidade numa empresa da Nestlé. “Nós fazemos uma parte, mas também conhecemos as pessoas certas que apostam em nós e também arriscam por nós e isso também deve inspirar-nos a fazer o mesmo sempre que tenhamos essa oportunidade”, comentou. Depois de concluídos os estudos no ISCAL, foi adjunta da diretora financeira de uma farmacêutica, pois queria trabalhar em setores de atividade diferentes, para ter uma experiência muito diversificada, de onde saiu para a Deloitte e, aquando da integração da Deloitte com a Arthur Andersen, mudou para a Randstad, entrando, desta forma, no mercado dos Recursos Humanos, como diretora financeira.

Foi esta empresa de raiz holandesa que lhe propôs trabalhar na sede, para replicar uma série de ferramentas e formas de trabalhar que tinha aplicado em Portugal. Desempenhou funções de senior grupo controller da Randstad em Amesterdão. Depois foi trabalhar para o Brasil, onde assumiu as duas primeiras funções de diretora geral, primeiro na Kelly, depois na Hays. Em 2015, após quatro anos no Brasil, decidiu mudar para “o país mais bonito do mundo onde tive a sorte de nascer, que é Portugal”.  Ao fim de seis anos e meio como líder da Adecco, a empresa propôs-lhe responsabilidades maiores, que não recusou, dirigindo a área de recrutamento permanente da multinacional de Recursos Humanos. “Sempre tive um desconforto enorme com o conforto. Quando as coisas começam a ficar fáceis, eu fico preocupadíssima”, resume. “É a altura de procurar outra coisa para não ficar cristalizada”.

Quem também não parou a sua progressão foi Viktoria Kaufmann. Licenciada em  Ciências Aplicadas pela Universidade de FH-Joanneum, Mag. (FH), Styria, começou a carreira na Porsche Austria, em 2008, como responsável pelo desenvolvimento da rede e ainda pelo Departamento de Controlo de Vendas (de todas as marcas Porsche Áustria). Em 2012 rumou ao Chile, onde integrou a Porsche Chile, como diretora de marca e líder do Departamento de Business Management. “O Chile foi desafiante porque não falava ainda espanhol, mas aprendi muito e representou uma suave entrada na América Latina”. Três anos e meio depois, sentiu que era a hora de mudar e, em 2016, abraçou um novo desafio, desta vez na Colômbia, ao serviço da Porsche Colombia, como CEO do importador VW, Audi, Seat, Škoda. A decisão foi imediata: vamos! Até que o CEO a visitou na Colômbia com o objetivo de lhe propor outra mudança. Gostava de estar na Colômbia, mas a família começava a equacionar o regresso à Europa e “Portugal é a melhor opção para isso acontecer”. É assim que, desde 2019, passou a integrar a SIVA – Sociedade de Importação de Veículos Automóveis, como diretora-geral. Chegou e foi apanhada pela pandemia da Covid-19.

 

Gestoras interculturais

Nesta conversa “Mulheres que aceleram a carreira”, ambas as executivas partilharam que tiveram as suas primeiras experiências de direção geral de empresas quando estavam expatriadas. Quando lhes perguntamos quais as competências chave para ser bem sucedida nesse ambiente desconhecido, Carla Rebelo não hesita: “Tem de se ter a consciência de que são culturas diferentes e ter algum conhecimento do comportamento das pessoas à luz dessas culturas. Porém, depressa descobri que aquilo que nos unia era maior do que o que nos separava, porque todos são seres humanos, todos querem as mesmas coisas. O mais importante é ser humilde para se adaptar aos contextos, rodear-se de pessoas locais e estar disponível para ouvir. Ter a capacidade de tratar as pessoas com o respeito que elas merecem, em qualquer lado do mundo e qualquer que seja a função que desempenhem vai facilitar a nossa vida. E ter bom sentido de humor, que, como dizia Mark Twain, é a benção maior. Uma pessoa com sentido de humor consegue sempre integrar-se ou resolver problemas.”

Viktoria Kaufmann nunca teve problemas de adaptação a outras culturas. “Desde o dia 1 percebi que o que funciona na Áustria não funciona no Chile”, conta. “Sentimos isso também na Colômbia e aqui em Portugal”. Por isso considera que é preciso “ser aberta, sociável e saber ouvir para compreender antes de agir. É muito importante motivar as pessoas e inclui-las na definição das estratégias. Isso é fundamental quando queremos fazer a fusão da cultura local com a cultura da empresa, fazer isso de forma que as pessoas compreendem e estejam de acordo”. E, claro, a perseverança ajuda sempre, acrescenta.

A executiva austríaca é casada e o marido acompanhou-a para o Chile, para a Colômbia e agora para Portugal, e considera que este foi um factor crucial do sucesso da sua expatriação. “Ele sempre me empurrou para os passos seguintes. Sem ele, eu acho que não teria esta oportunidade. Sempre tive este backup que é muito importante”, reconhece.

 

Princípios das líderes

Para Viktoria Kaufmann, a liderança deve ser exercida pelo exemplo. “Nas empresas temos de ser role models para os nossos colaboradores: como estamos a actuar e quais os nossos valores. Não basta escrever os valores, tem de se viver de acordo com eles, mostrar o que significam”, afirmou a líder da SIVA |PHS.

Carla Rebelo coloca o acento tónico na proximidade com as equipas que gere à distância ou em curtas estadias em cada país. “Para influenciar as pessoas, primeiro tenho de me conectar. Invisto muito tempo a fazer essa conexão, pois com ela a confiança aparece. E quando a confiança começa a ser estabelecida as pessoas começam a ver-nos como parceiros e é fácil que os resultados sejam bons. Nós fomos a empresa que no ano passado mais cresceu neste negócio que estou a trabalhar”, afirmou a executiva nesta Women Empowerment Talk “Mulheres que aceleram a carreira”.

 

Os desafios do negócio

Quisemos aproveitar a presença desta duas gestoras para tirar o pulso ao setor de negócio em que se movem. Na área dos Recursos Humanos, muito se fala da escassez de talento. “Eu não acho que haja uma escassez de talento. Creio que existe, sim, uma grande crise de desenvolvimento de pessoas”, afirma peremptória Carla Rebelo. “São poucos os líderes e as equipas que olham para o desenvolvimento dos outros como sendo também a sua missão. Muitas vezes o talento existe na organização e podia ser desenvolvido, acompanhado, treinado e isso não acontece. O desenvolvimento das pessoas deixou de ser uma prioridade. Nós vemos isso diariamente: quero uma pessoa mais senior, pedem-nos. Vejo os clientes no mundo inteiro mais preocupados em recrutar pessoas, por vezes com perfis que não existem, tendo em conta a relação custo-benefício, do que em desenvolver as que existem na organização”.

Na área automóvel, os desafios são, sobretudo, de natureza diferente. Viktoria Kaufman chegou a Lisboa em Outubro de 2019 “com muito entusiasmo e motivação”  e seis meses depois de assumir funções  o país entrou em confinamento. “Tudo o que estava planeado teve de ser repensado. Este foi para nós, claramente, um dos maiores desafios”, conta. Mas para a executiva da SIVA, a sua missão mantinha-se inalterada: transformar uma empresa de cariz nacional numa empresa enquadrada numa multinacional, tornando-a rentável e emblemática, dando um novo fôlego às marcas do Grupo VW. “Foi muito duro para todos, mas também aprendemos rapidamente. O que precisam as pessoas? Em todos os países, as pessoas precisam exactamente do mesmo: segurança, confiança e serem informadas. O nosso comité de crise fez duas reuniões por dia para comunicar e estar em contacto com as pessoas, para que sintam a segurança de que nós nos preocupamos com elas. Uma das aprendizagens importantes deste período é que a comunicação é crucial.”

 

Conselhos a uma jovem executiva

Não podíamos terminar esta conversa “Mulheres que aceleram a carreira” sem questionar estas líderes sobre os conselhos mais valiosos que dariam a uma jovem em início de carreira. “Ampliar a sua perspectiva e saber que a criatividade não é só procurar novas soluções, mas também procurar novos problemas para resolver. Uma executiva que tenha a ambição de ter uma carreira acelerada tem de encontrar muito rapidamente qual vai ser o seu diferenciador, que não pode ser trabalhar 24 horas por dia”, indica Carla Rebelo, para quem três palavras são poderosas: “Proximidade, humildade e versatilidade. Os profissionais do futuro vão ser cada vez menos especialistas e cada vez mais generalistas”, sentencia. “O grande desafio desta nova geração é a facilidade cognitiva. Hoje em dia, toda a gente evita problemas complexos. Começamos a desenvolver pessoas que têm pouca habilidade para resolver problemas. A complexidade é importante para que nos possamos preparar, pois há um momento na nossa vida profissional, acontece sempre, a todos, em que vamos mostrar se estamos ou não à altura do desafio. Quem conseguir mostrar essa segurança vai ver a sua carreira acelerar”.

Por seu turno, Viktoria Kaufmann deixa o seu mais precioso conselho: “Levantar a mão e dizer ‘eu quero”. Como analisa, “muitas vezes as mulheres são um pouco mais tímidas e estão na segunda linha quando têm tudo o que é preciso para fazer esse trabalho, por vezes melhor do que os outros. Têm de levantar a mão, afirmar que estão preparadas e que podem fazer esse trabalho”. Tomar a iniciativa de se candidatar e de mostrar que se está disponível para novos desafios é um incentivo que muitas mulheres ainda precisam de ouvir e que se for seguido pode ajudar a catapultar as suas carreiras.

 

Veja a fotogaleria do evento aqui.

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