Humor nas empresas? Sim, por favor!

Num estudo realizado pelo IPAM, em 2020, concluiu-se que o tipo de humor mais utilizado pelos gestores nacionais é o “Humor Auto-Realçador”, característico de quem mantém uma visão bem-humorada sobre a vida e que utiliza o humor para lidar com o stress e a pressão no trabalho. Faça o teste e descubra qual o seu estilo de humor.

Texto de Patrícia Araújo, docente convidada e supervisora de investigação de mestrado no IPAM,  Márcia Nascimento, COO da XD Brasil e mestre em Gestão de Marketing pelo IPAM, e Alexandra Araújo, co-supervisora de investigação de Mestrado no IPAM

 

Nos últimos tempos, a aposta na comunicação interna, na psicologia organizacional e na gestão dos recursos humanos, tem sido identificada como tendência relevante na gestão das organizações. Mas, e o humor? Não é verdade que está intimamente ligado à felicidade e ao bem-estar em contexto empresarial?

O humor é um componente usual da interação entre pessoas, impactando diversos tipos de relações sociais, nos mais variados âmbitos. Mais recentemente, tem sido tópico de interesse de investigação, para se assumir como uma ferramenta imprescindível no que concerne à gestão de uma organização e, igualmente, como um elemento aplicado para atingir diversos objetivos.

A felicidade organizacional, recentemente mais sistematizada pela investigadora Susan Fisher, é fundamental para proporcionar um ambiente que promove o sentimento de satisfação pessoal nos colaboradores que, por sua vez, desempenham as suas funções com maior qualidade, criatividade e mais comprometidos com as suas tarefas e com a cultura da empresa. Assim, a par, por exemplo, de características como a liderança e a empatia, o humor desempenha um papel basilar, na medida em que melhora o bem-estar psicológico dos indivíduos, facilita as relações interpessoais e contribui para a diminuição do stress, quer a nível pessoal como profissional.

A verdade é que as organizações sabem que é imprescindível investir em novas ferramentas, mais direcionadas para a felicidade, bem-estar e valorização dos colaboradores, através de uma comunicação divertida e capaz de criar emoções positivas. O uso do humor, por gestores e diretores, é visto como sendo um recurso consistente e eficaz para motivar, incentivar e envolver os colaboradores com as tarefas diárias. Deste modo, é útil que as organizações compreendam e identifiquem os estilos de humor que os seus gestores estão a adotar para a gestão dos colaboradores.

Num estudo realizado pelo IPAM, em 2020, sobre os estilos de humor nos gestores portugueses, constatou-se que, de facto, existe uma relação direta entre a utilização desta ferramenta e o grau de satisfação e felicidade em contexto laboral.  A partir de uma amostra de 101 indivíduos em cargos de gestão, concluiu-se que o tipo de humor mais utilizado no panorama nacional é o denominado “Humor Auto-Realçador”, característico de quem mantém uma visão bem-humorada sobre a vida e que utiliza o humor para lidar com o stress e a pressão no trabalho.

A pergunta que se impõe, atualmente, é: será que os gestores estão preparados para agir com humor no meio de uma crise? Nos últimos meses, devido ao contexto pandémico, a realidade alterou-se bruscamente e as organizações foram obrigadas a adaptar-se, de uma forma imediata. Este é, sem dúvida, um novo desafio para os gestores portugueses, que podem não estar preparados para motivar e incentivar os seus colaboradores numa fase tão incerta como a atual.

Num estudo realizado pelo IPAM, em 2020, sobre os estilos de humor nos gestores portugueses, constatou-se que, de facto, existe uma relação direta entre a utilização desta ferramenta e o grau de satisfação e felicidade em contexto laboral.  O estudo procurou compreender, especificamente, os principais estilos de humor nos gestores portugueses em plena “crise organizacional”, usando os trabalhos e instrumentos do Professor Rod Martin, professor na University of Western Ontario (EUA) e autor da obra fundamental Psicologia do Humor, com quem a equipa do IPAM esteve em contacto direto.

A partir de uma amostra de 101 indivíduos em cargos de gestão, concluiu-se que o tipo de humor mais utilizado no panorama nacional é o denominado “Humor Auto-Realçador”, característico de quem mantém uma visão bem-humorada sobre a vida e que utiliza o humor para lidar com o stress e a pressão no trabalho. Outro estilo de humor muito aclamado entre os gestores portugueses é o “Humor Afiliativo”, a tendência a compartilhar humor com outras pessoas, contar piadas e histórias engraçadas e divertir os outros.

Foram ainda identificados alguns exemplos de “Humor Autodestrutivo”, presente em gestores com sentimentos de insegurança laboral e menor perceção sobre o cargo que exercem, o que significa que quanto mais satisfeitos estejam os colaboradores com o seu cargo de gestor, mais seguros se sentem em relação ao seu próprio emprego, em período de crise.

Outra conclusão interessante deste estudo prende-se com o facto de, dos quatro estilos de humor descritos pelas investigações anteriores (auto-realçador, afiliativo, agressivo e autodestrutivo), não terem sido encontrados nesta amostra exemplos de “Humor Agressivo”, ou seja, o tipo de humor caracterizado por depreciar e manipular os outros. Esta premissa representa, de certa forma, uma ótima notícia, já que podemos induzir que os gestores portugueses não recorrem a esta tipologia.

Assim, o humor pode e deve ser uma das estratégias do futuro para os Recursos Humanos captarem talento. E esta premissa tem ainda mais importância quando nos dirigimos à Geração Z, os techs, inovadores, empreendedores e pragmáticos. Esta geração procura organizações com as quais se identificam, com um forte employer branding, e que apostam num clima organizacional positivo e na evolução de carreira. Este último ponto é particularmente relevante, pois a Geração Z já não vê o emprego como um trabalho apenas, mas sim, como uma extensão da vida pessoal e uma experiência.

Por fim, a investigação em humor organizacional é uma fantástica área de fusão científica, que abraça a psicologia, o marketing interno, a gestão, o comportamento organizacional e, por isso, representa também o futuro do sucesso das organizações: quando todas as áreas se unem para fazer emergir novas soluções e abordagens.

Ficou curioso/a? Que tal testar os seus estilos de humor no site oficial do investigador Prof. Rod Martin? Pode fazê-lo aqui.

 

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