Nasceu a 26 de Janeiro de 1935 em Lisboa e em 1952 rumou à Slade School of Fine Art, Londres, Reino Unido, onde conheceu o artista inglês Victor Willing, ainda estudante, com quem viria a casar e teria três filhos. Em 1976, Paula Rego e a sua família fixam residência em Londres e, em 1988, realiza a sua primeira grande exposição individual na Serpentine Gallery, Londres ganhando uma maior projeção internacional.
Em 2005 seis litografias da série Jane Eyre (2001-2002) são usadas pela Royal Mail para uma coleção de seis selos. Em 2009 abre a Casa das Histórias Paula Rego em Cascais, dedicado à obra de Paula Rego e Victor Willing. No ano seguinte é nomeada Dame Commander of the Order of the British Empire pela sua contribuição para as Artes pela Rainha do Reino Unido.
O seu pai disse-lhe para ir para Inglaterra e seguir os seus sonhos, porque Portugal não “era lugar para uma mulher”. Era mais fácil ser pintora e mulher em Inglaterra?
Naquele tempo sim. Mas não era fácil também. Levou muito tempo até conseguir uma galeria que mostrasse os meus quadros.
O Museu Paula Rego em Cascais chama-se Casa das Histórias, a sua filha Cas Willing diz que “usa as histórias dos outros para pintar a sua própria vida”. Que história conta a sua vida?
É difícil dizer e preciso ver o filme do meu filho Nick Willing para entender melhor. Não estou sempre a contar a mesma história. A história é só para começar o quadro e depois a história muda por si e continua. Só depois de acabar é que entendo o que o quadro me quer dizer.
Que momento considera ter sido de viragem na sua carreira?
Foi a exposição que eu fiz com o Eduard Totah das meninas com cães em 1982. Foi depois desta exposição que a Marlborough me convidou para me juntar a eles. E foi assim que eu tive uma exposição em Nova Iorque.
O seu filho Nick diz que “foi sempre artista primeiro, pessoa depois e mãe em terceiro”. Este seria o seu conselho de carreira que daria a uma jovem pintora?
Trabalhar o mais possível. Com filhos ou sem filhos. Os filhos fazem parte do trabalho.
A sua pintura reflete algumas preocupações com situações sociais como o aborto, a violência doméstica, o tráfico humano, maus tratos a crianças ou a excisão feminina. O que é que significa para si a luta das mulheres pela igualdade de género? A sua pintura quer revelar “tudo aquilo sobre o que jamais se ousou tocar – a experiência das mulheres”?
A igualdade das mulheres é necessária para todos. Para os homens também.
Alguma vez sentiu a tirania da beleza e do físico? Como é que viveu como mulher a passagem do tempo?
O melhor que pude.
Disse que “é muito difícil ter-se ideias!” Quais são as suas fontes de inspiração?
Muitas vezes vêm de contos tradicionais portugueses, que são tristes e violentos.
Entrevista concedida em Abril 2017
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