Chefes tóxicos fazem mal à saúde e à empresa

Chefes com traços de psicopatia ou de personalidade narcisista afetam negativamente o bem estar dos colaboradores e podem prejudicar seriamente a organização.

Este tipo de pessoa comporta-se, em geral, de forma agressiva.

Quem já teve o azar de trabalhar para um chefe tirânico não precisa de grandes confirmações da ciência para saber o quanto a sua estabilidade mental e níveis de energia podem ressentir-se. Mas um estudo recente da Manchester’s Business School, apresentado na conferência anual de psicologia ocupacional da British Psychological Society, no Reino Unido, vem lançar nova luz sobre o assunto.

A investigadora Abigail Phillips entrevistou mais de 1200 participantes que responderam a questionários detalhados acerca do seu bem-estar psicológico, prevalência de bullying na organização para a qual trabalhavam e sobre a personalidade das suas chefias. A investigação abrangeu trabalhadores de vários sectores económicos e de vários países.

Chefes que pontuam alto nestes traços de personalidade representam más notícias para as organizações.

A equipa liderada por Phillips concluiu que as pessoas que trabalhavam para chefes com traços de personalidade narcisistas ou psicopatas demonstravam níveis inferiores de satisfação profissional e alcançavam pontuações mais elevadas em escalas clínicas de medição da depressão. Além disso, ainda manifestavam mais comportamentos contraproducentes em ambiente de trabalho e os incidentes de bullying entre colegas eram mais frequentes.

“Chefes que pontuam alto nestes traços de personalidade representam más notícias para as organizações”, disse a investigadora principal na apresentação do seu estudo, citada pelo Science Daily. “Os que mostram níveis mais altos de narcisismo e psicopatia têm um grande desejo de poder e, frequentemente, mostram falta de empatia. Esta combinação tóxica resulta em que estes indivíduos se aproveitem dos outros, fiquem com o crédito do trabalho de outras pessoas, sejam excessivamente críticos e que, em geral, se comportem de forma agressiva.”

Os colaboradores preocupam-se mais em proteger-se do que com o desempenho na empresa.

Estas chefias têm mais probabilidade de serem bullies, conclui Phillips. E não se trata de uma situação assim tão incomum. Um estudo australiano de 2016, da Bond University, concluiu que um quinto dos dirigentes empresariais de topo demonstravam níveis significativos de traços de personalidade psicopata, taxas similares às encontradas entre a população prisional.

“É óbvio que o bullying no local de trabalho é desagradável para os alvos dele, mas também gera um ambiente de trabalho tóxico para todos. Chefes maus, com estes traços, têm colaboradores infelizes e insatisfeitos que procuram, acima de tudo, defenderem-se apenas a si próprios na empresa”, concluiu a investigadora.

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