Marta Guedes não tem formação de Chef – fez apenas algumas formações pontuais e curtas – e já tentou ser muitas outras coisas. Nasceu numa famíliacom jeito para a cozinha e desde pequena que sonha ter um restaurante. Conseguiu concretizar o sonho antes dos 30, mas na verdade, aos 17 já servia petiscos e bifes do lombo num café que arrendou próximo da faculdade, onde se formou em Direito. E começou logo a marcar a diferença trocando os óbvios hamburgers, pizas e sandes, por propostas mais fora da caixa como o camembert derretido e os peixinhos da horta. Com esta ementa e com um horário que se alargava até às duas da manhã – o que a obrigava a gerir dois turnos de empregados -, a trabalhadora-estudante Marta atraiu um público com palato mais exigente.
Conciliou os tachos com os livros até terminar o curso e decidiu tentar outros voos. Aterrou na banca, onde durante três anos integrou o programa assure finance e ganhou dinheiro a sério. “O céu era o limite” diz, mas ainda assim passado algum tempo decidiu voltar aos tachos. Entreteve-se a fazer caterings e a organizar eventos até se deixar seduzir por um novo negócio: a venda de tempo. “O conceito de personal assistant já estava bastante difundido lá fora e achei que era altura de o trazer para Portugal, mas foi antes de tempo”, admite. Quando desistiu… voltou novamente à cozinha.
Cozinhar com amor
Corria 2010 e Marta decidiu testar um novo modelo de negócio. Foi ao Facebook e escreveu ‘Ementa para amanhã’. Todos os dias partilhava as suas propostas e recebia as encomendas. A 5€ o ménu não lhe faltaram encomendas durante mais de um ano. Acordava de manhã cedinho, ia ao mercado fazer as compras, cozinhava e, enquanto a máquina da louça ficava a lavar, Marta ia entregar os seus menus a escritórios. Foi isto – e os caterings – que fez até que o desejo de voltar a ter um local aberto ao público voltou a tentá-la. Quando lhe apresentaram um bar próximo da Avenida de Roma não resistiu. Dois dias depois de assinar o contrato de arrendamento descobriu que estava grávida, e até a filha nascer foi ali que se divertia enquanto trabalhava. “O que me apaixona na cozinha é a diversidade, os sentidos e as emoções que a comida me transmite e que não consigo ter com outras coisas”, confessa. Tinha uma cozinha muito pequena mas que não a impedia de servir ostras às quatro da manhã e fois gras.
Depois do nascimento da filha ficou um ano em casa – sempre a fazer caterings e eventos – até que chegou a altura de se deixar tentar por um projeto mais ambicioso. Começou em A Pateira como gerente, mas rapidamente assumiu a cozinha e depois ficou também com a sua exploração. Nos últimos dois anos já serviu mais de 120 eventos e os fins de semana de julho de 2017 já estão reservados para casamentos. “O ingrediente principal é o entusiasmo que ponho na minha cozinha e, em alguns casos, ponho até amor”, reconhece. É desta forma apaixonada que Marta irá cozinhar no dia 21 de junho para o jantar vínico da Executiva. Esse amor pela arte da cozinha que a ser transmitido à filha que, com apenas trêsanos, já revela um gosto inusitado pela cozinha. Os genes dos avós de Marta Guedes continuam a propagar-se.