Quando o melhor currículo não é a melhor contratação

Regina Hartley, diretora de recursos humanos da UPS, explica numa TED porque se deve dar uma oportunidade a quem tem um currículo 'arriscado' e não apenas aos 'certinhos'.

Regina Hartley sabe bem do que fala nesta TED.

O melhor candidato nem sempre é o que tem o melhor currículo ou o currículo perfeito, disse Regina Hartley, diretora de recursos humanos da multinacional UPS, numa das TED talk em que já participou. A executiva defende que “aquele que nem sempre parece tão bem no currículo pode ser a pessoa certa para contratar”. O problema está em saber quem é o candidato ideal no meio de centenas de currículos e como conseguir perceber isso nas entrelinhas.

Como a área de recrutamento nas empresas pode ser uma grande dor de cabeça, Regina optou por uma distinção particular. Dividiu os candidatos a emprego em duas categorias. Aos candidatos A chamou-lhes “berço de ouro” aos B chamou-lhes “rafeiros” e explicou depois que procura sempre chamar para uma entrevista “os rafeiros”, cujos currículos são a maior parte das vezes atirados para o lixo sem se pensar duas vezes.

Os ‘rafeiros’ já fizeram um pouco de tudo mas nunca desistem de lutar por um futuro melhor.

Os “berços de ouro” representam o perfil que à partida está em clara vantagem e parece mais destinado ao sucesso: uma boa média de uma das melhores universidades do país e um currículo exemplar. Já os “rafeiros” são aqueles que tiveram de superar grandes obstáculos para chegarem à mesma posição: não se formaram numa faculdade de excelência (alguns nem sequer se formaram), já tiveram os empregos mais mirabolantes mas nunca desistem de lutar por um bom futuro. “Um currículo conta uma história e eu aprendi ao longo dos anos que as experiências profissionais que se parecem com uma manta de retalhos devem ser observadas com cuidado antes de serem postas de lado”.

Claro que saltar de emprego em emprego pode indicar inconsistência, falta de concentração ou imprevisibilidade, considera ela. Mas  também podem significar empenho na luta por obstáculos. Por isso, um “rafeiro” merece sempre uma entrevista, argumenta a executiva. “Não tenho nada contra os ‘berços de ouro’ que têm de ser aplicados e trabalhadores para entrarem numa universidade de elite. Mas se toda a vida foram projetados para o sucesso como vão lidar com tempos difíceis?”, interroga.

As piores circunstância podem levar ao crescimento e à formação das pessoas.

Regina Hartley aconselha a audiência a entrevistar sempre o “rafeiro”, até porque ela sabe por experiência própria  que as piores circunstâncias “podem levar ao crescimento e à transformação”. E dá o exemplo de alguém que foi dado para adoção, nunca terminou a faculdade, saltou de emprego para emprego, fez uma viagem espiritual à Índia durante um ano e ainda por cima sofre de dislexia. “Vocês contratariam uma pessoa assim’?”, perguntou. “Pois essa pessoa chama-se Steve Jobs”.

Os “rafeiros” norteiam as suas vidas com a pergunta “o que posso fazer de diferente para ter um resultado melhor?”. Por isso, ela não só aposta neles como deixa mais um conselho: as empresas comprometidas com a diversidade e com as práticas de inclusão tendem a apoiar os “rafeiros” e conseguem superar a concorrência.

Escute os seus argumentos e perceba porque ela sabe tão bem sobre o que fala.

 

 

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