A ditadura do digital está instalada e perante este cenário mais vale aceitar isso e andar na linha. E isto nada tem a ver com dietas. Tem a ver com o uso adequado das redes sociais que são hoje uma importante ferramenta de procura de empregos, recrutamento e gestão de carreira.
Claro que já se sabe que mesmo em ambientes mais informais, como são estas plataformas de contacto, há limites para o comportamento. Ninguém vai “postar fotos de embriaguês no Facebook”, escreveu recentemente a Fast Company. “Mas o que talvez nem todos percebam é que a abordagem às redes sociais deve mudar à medida que a carreira profissional avança”, adianta esta revista especializada em tecnologia e informação. O que funciona para quem procura o primeiro emprego ou acabou de o arranjar não é o mesmo para quem é promovido a vice-presidente. “Da mesma maneira que se deve mudar o foco no desenvolvimento de novas competências, também devemos readaptar periodicamente a abordagem às redes socais”. A consultora de marcas Talaya Waller deixou alguns conselhos que ajudam a orientar a carreira ao longo do tempo.
Não pense na posição que ocupa agora, mas na que quer vir a ocupar dentro de determinado período de tempo.
Primeiro emprego
Nesta altura não andar nas redes sociais é quase um bandeira vermelha não só à juventude como ao arranque profissional. Quando se é jovem é esperado algum tipo de presença social, até porque ainda não se é conhecido. A meio da carreira esta necessidade não é tão premente.
É verdade que há que ter cuidado com o que não se quer que os superiores hierárquicos vejam e leiam, mas também se deve dar especial atenção ao que se quer que se veja. E por isso deve-se gastar algum tempo a postar conteúdos de interesse.
Pode-se fazer assim, aconselha Talaya Waller, que se assume como “uma crente firme em benchmarking” (busca das melhores práticas numa determinada indústria): pesquisar os perfis de lideres da indústria em que se trabalha, não para fingir que se é veterano aos 22 anos, explica ela, mas para se associar a comparações favoráveis. Depois, encontrar colegas nas áreas de trabalho que se admiram (ou invejam), ver que plataformas usam para tirar ideias e marcar uma presença ao lado deles. “Não se deve pensar na posição que se ocupa na altura mas sim na que se quer ter dentro de determinado período tempo. Muitas empresas querem ver quem é empreendedor e nas redes sociais pode-se mostrar quem se é e quem consegue fazer por conta própria”, explica a consultora.
A meio da carreira use o on-line para marcar encontros off-line e para dar uma cheirinho do que anda a fazer – conferências ou livros
Subir à gestão
A meio da carreira tem de haver domínio dos relacionamentos e o objetivo é levá-los do on-line para o off-line. Ou seja, “deve-se usar a plataforma social para construir relacionamentos fora do espaço digital, usando-a para mensagens e marcação de reuniões que acontecerão pessoalmente e fora das redes sociais”, explica Talaya. O que é o contrário do que se andou a fazer na primeira etapa da carreia, com a construção do perfil digital e reunindo seguidores.
Mas nesta segunda fase a única coisa que levará ao próximo nível é a construção desses relacionamentos, diz ela. E para isso é importante marcar encontros em tempo real com pessoas importantes.
Isto não significa que deve haver um grande afastamento do digital. Mas nas plataformas digitais, nesta altura, deve-se mostrar o que se faz. Mesmo que já o conheçam é sempre interessante mostrar o vídeo de uma palestra que se deu ou aguçar o interesse pelo livro que se está a escrever.
Mesmo os líderes precisam de manter as relações que os levaram ao topo e detectar potenciais talentos nas redes sociais.
Liderança e topo
Há quem ache que as redes sociais não devem ser usadas por quem tem um lugar de topo numa empresa e mais de 60% dos CEOs da Fortune 500 não têm nenhuma presença pessoal nas redes, explica. Mas elas podem dar uma grande ajuda ao negócio e ser uma ferramenta de produtividade, um canal de difusão geral, uma fonte de consumo e de relações públicas. Mas também podem tornar vulnerável a carreira profissional. Tudo depende da forma como são utilizadas.
A verdade é que mesmos os líderes precisam de manter as relações que os levaram ao topo, acrescenta. E as redes sociais são também importantes para detetar talentos em ascensão que poderão ser úteis nas empresas, ou serem concorrentes. Por isso, o aviso desta consultora é simples: não perpetuar o afastamento. Os executivos ocupados ou que não querem navegar nas redes sociais devem contratar quem os ajude ou faça por eles. E fica um conselho para quem acha que só irá perder tempo: “Em cinco minutos uma carreira profissional pode ser apagada como resultado de uma “crise de relações” e quem não está presente nas plataformas não pode dar a sua perspetiva e fica totalmente exposto”.
Por isso, o melhor é não esperar que tal aconteça e começar a entrar na rede. Nunca é tarde avisa Talaya.