Por Mercè Gonzalo, Licenciada em Ciência e Tecnologia dos Alimentos e diplomada em Dietética e Nutrição Humana, é nutricionista consultora da Advance Medical.
Há certos alimentos que, geralmente, são pouco aceites pelas crianças e um deles é o peixe. Seja pelas espinhas, pelo pouco sabor de algumas espécies ou pelo sabor intenso de outras, de uma forma geral não é fácil para a maioria das crianças comê-lo com agrado e sem queixas. Se as refeições se transformam em momentos de discussão e não consegue que os seus filhos comam certos alimentos, tente estás táticas.
Comer na companhia de outras crianças. Frequentemente, o comportamento das crianças varia em função do ambiente em que se encontram. Por isso, aceitarão melhor um alimento novo ou pouco apreciado na companhia de outras crianças que o comam também.
Envolvê-los na preparação da refeição. Geralmente, a cozinha é uma tarefa reservada aos adultos e as crianças não contactam com os alimentos até eles chegarem à mesa. É importante incentivá-las a colaborem em todo o processo prévio: comprar, lavar, descascar, cozinhar, apresentar. Quando as crianças participam na preparação de um prato, valorizam mais o trabalho e aceitam muito melhor o resultado final, animando-se para experimentar coisas novas.
Preparar uma apresentação apetitosa. Quando pensa em peixe não pense apenas em pescada cozida. Jogue com todas as possibilidades ao seu alcance para dar novas formas, cores, texturas e sabores ao prato. Uma apresentação atrativa contribui para uma maior aceitação.
Evitar as espinhas. Um dos principais problemas do peixe são as espinhas, pois para as crianças é difícil retirá-las. Escolha peixes com poucas espinhas, como o tamboril ou a pescada, e partes do peixe sem espinhas (lombo). Também pode optar por filetes congelados sem espinhas. O peixe congelado tem qualidade nutricional, desde que a sua congelação e conservação no frio tenham sido corretas.
Inclui-lo nos pratos mais populares. Pode introduzir o peixe nos pratos que os seus filhos mais apreciam: pasta com pedacinhos de salmão, rissóis de pescada e camarão, pasteis ou croquetes de bacalhau, sandes de calamares, hamburgers de peixe, tamboril com o seu molho preferido, etc.
Apresentar pouca quantidade e quando tenha fome. Às vezes, o problema que pode representar um alimento novo ou pouco apreciado pode ser agravado com o facto de se oferecer demasiada quantidade ou quando a criança tem pouca fome. Evite estas coincidências.
Dar o exemplo. As crianças são imitadoras natas, nada melhor para que aceitem um alimento do que comerem todos o mesmo e verem que todos os outros (pais, irmãos, amigos) comem peixe como elas e com total normalidade.
Oferecer diferentes variedades de peixe. Existem muitas variedades de peixe e muitos tipos de preparação possíveis. Talvez o bacalhau não seja bem aceite, mas a pescada já pode ser. Provavelmente o sabor das sardinhas é muito intenso, mas talvez aceite bem o da dourada. Jogue com a variedade e vá introduzindo maior diversidade na dieta, pouco a pouco.
Não perca a calma e o bom humor. Apesar das refeições representarem muitas vezes motivo de preocupação e tensão, procure não perder a calma e manter sempre um sorriso, que favorecem sempre um bom resultado.
Crie um ambiente favorável, descontraído e aberto a mudanças. É difícil que uma criança que não seja um “bom garfo” coma bem num ambiente com birras, tensão, má cara, agitação, desatenção ou atenção excessiva. Tente proporcionar um ambiente mais tranquilo, se for necessário deixe o seu filho trocar a ordem pela qual deseja comer os alimentos. Resumindo: procurar que a refeição corra de forma descontraída ajuda a que as crianças aceitem melhor os alimentos que não estão no top das suas preferências.
Há que incentivar as crianças a comer de tudo e nunca se render. É fundamental que a sua alimentação seja bastante variada para que contemple todos os nutrientes necessários a um desenvolvimento saudável.