Women Empowerment Talk: “Mindfulness e criatividade” com Vanda de Sousa e Cristina Jorge de Carvalho

Juntámos Cristina Jorge de Carvalho, designer de interiores, e Vanda de Sousa, lead mindfulness instructor, em mais uma Women Empowerment Talk, by Executiva, para conversarmos sobre mindfulness e criatividade.

Cristina Jorge de Carvalho, designer de interiores, e Vanda de Sousa, lead mindfulness instructor.

A Executiva e a Cupra promoveram mais uma Women Empowerment Talk, sobre “Mindfulness e criatividade”. Uma plateia de executivas acorreu ao CUPRA City Garage Lisboa para assistir a uma conversa entre Vanda de Sousa, lead mindfulness instructor, e Cristina Jorge de Carvalho, designer de interiores. Na abertura do evento, Teresa Lameiras, diretora de Comunicação e Marca da SIVA|PHS, deu as boas vindas a este stand de automóveis tão especial, no coração de Lsiboa, e congratulou-se pelo facto de as vendas dos automóveis da marca cor de cobre terem triplicado num ano, ancoradas nos valores de design, performance e sofisticação.

A coragem de mudar

Logo no início da conversa, ficou claro que Vanda de Sousa e Cristina Jorge de Carvalho têm duas vidas, uma antes e uma depois de terem decidido “fugir aos números”. Vanda de Sousa teve uma primeira fase da sua carreira na indústria farmacêutica, e uma segunda fase, na qual se encontra, como instrutora de mindfulness. Cristina Jorge de Carvalho foi durante sete anos professora de Contabilidade Geral no ISCTE e depois comercial na TVI, até decidir tornar-se designer de interiores, onde se considera realmente feliz. Estas duas mulheres não se deixaram paralisar pelo status quo, quando perceberam que não eram felizes no que faziam e foram atrás do sonho.

Com uma licenciatura em Farmácia e uma pós-graduação em Marketing, Vanda de Sousa trabalhou durante cerca de 20 anos em multinacionais farmacêuticas, passando por diferentes funções nas áreas de vendas, marketing e desenvolvimento de novos negócios na Glaxo, na Roche e na BSK.  “Gostava muito do que fazia, mas sentia que quanto mais progredia na carreira mais me afastava das pessoas e mais me aproximava dos números. E fui sentindo que talvez o meu caminho não continuasse por aí”, contou.

Aos poucos, o mindfulness foi entrando na sua vida. Começou por lhe despertar a atenção pelos seus benefícios na saúde e bem-estar e depois também por necessidade (para a ajudar a lidar com o stresse, perfeccionismo e burnout). “Teve um impacto tão positivo (e sustentável em mim) que tive vontade de investigar, aprofundar e entender como o podemos incluir no contexto profissional”. A transição começou a acontecer na sua vida: Vanda recusou uma promoção para a direção da área de negócio em que trabalhava e tornou-se professora certificada do programa Search Inside Yourself, desenvolvido na Google. Deixou para trás a estabilidade duma carreira na indústria farmacêutica, criou a sua empresa, a The School of We, e nos últimos anos tem-se dedicado ao desenvolvimento de programas corporativos que permitem uma maior eficiência empresarial, ao mesmo tempo que cuidam do seu bem mais precioso: as pessoas.

Cristina Jorge de Carvalho licenciou-se em Gestão de Empresas mas rapidamente descobriu que a sua paixão era outra. A arquitetura e o design de interiores eram mais apelativas do que os números e Cristina voou para Londres para fazer uma especialização em Design de Interiores na Inchbald School of Design.

Desde que fundou o seu atelier há mais de 15 anos já perdeu a conta aos trabalhos. Os clientes chegam-lhe de todas as partes do mundo e por isso o seu talento pode ver-se em hotéis, Spa’s, mas também em escritórios, lojas e residências privadas, e nas páginas de grandes revistas internacionais de arquitetura e design. Os prémios que tem recebido são mais uma confirmação de que seguir a sua paixão foi uma decisão acertada.

 

A importância da atenção plena

Vanda de Sousa começou por definir o mindfulness como a capacidade de observar, de colocar atenção no que acontece dentro de nós e ao nosso redor, com curiosidade, amabilidade e não julgamento. É um treino de atenção que pode ser feito de forma dedicada (meditação) e integrada (em tarefas do dia a dia). “O mindfulness ajuda-me a regular o stress (recupero mais rapidamente dos picos de stress), a gerir melhor as emoções, a ver tudo de forma mais clara e isso permite-me vivenciar as experiências (mesmo as simples) com maior intensidade e deslumbre e também reconhecer e lidar melhor com o que não é tão agradável”, partilhou.

Cristina Jorge de Carvalho não pratica mindfulness, mas conhece os benefícios da meditação já há alguns anos, de tal forma que o que começou por ser uma prática feita quase exclusivamente em grupo, passou a ser incorporada no seu dia a dia e ainda hoje, embora já não praticando diariamente, recorre a ela sempre que precisa de se focar ou acalmar.

 

O mindfulness na criatividade

Assumindo que todos têm potencial criativo, mas uns mais do que outros, Vanda de Sousa defendeu que certas ferramentas de mindfulness podem ajudar o processo criativo, como a atenção plena ao que vemos e ouvimos à nossa volta e o não julgamento das ideias dos outros e das nossas, mesmo quando parecem demasiado fora da caixa.  Mas há outros fatores que também influenciam, como ter uma personalidade curiosa e que convive bem com o risco, estar integrado numa cultura empresarial que promova a segurança psicológica, onde o não julgamento, a discussão saudável, a aceitação do risco sejam aceites, e estar motivado ou apaixonado por algo, pois permite entrar num estado de fluidez que facilita a criatividade.

“A inspiração não tem uma receita única para mim, tanto pode partir da arquitetura do espaço, como do briefing do cliente, da envolvente, de uma peça e, como já aconteceu, no ginásio a ver um videoclip de Madonna!”, contou Cristina Jorge de Carvalho. Como qualquer mente criativa, a designer de interiores gosta que os clientes lhe deem espaço para criar e por isso diz que uma das suas “melhores criações” é uma casa no Algarve, que decorou num estilo minimalista para um cliente com mais de 80 anos, que não só lhe deu carta branca desde o início do projeto, como vibrou com todas as suas propostas. O resultado final foi também validado pelo prémio de Melhor Residência Europeia nesse ano.

Num artigo no site do IMD, Faisal Hoque, autor do livro Everything Connects – Cultivating Mindfulness, Creativity, and Innovation for Long-Term Value (Fast Company, 2022), cita Leonardo da Vinci — que foi pintor, escultor, engenheiro, anatomista e arquiteto — como um perfeito modelo de criatividade, defendendo que conseguia unir diferentes pontos pela sua poderosa capacidade de foco na experiência do momento. Isto ainda é possível hoje? “Depende das pessoas, dos ambientes, das tarefas, mas no geral, o mundo movimenta-se numa força contrária e temos cada vez mais dificuldade de foco”, respondeu Vanda de Sousa. “Estamos saturados de informação que não temos tempo de integrar, a tecnologia aumentou exponencialmente os estímulos e as distrações e fazemos cada vez menos pausas naturais, onde se inclui uma menor atenção à importância do sono para a nossa capacidade de foco”.

Partilhando a sua experiência, Cristina Jorge de Carvalho contou que quando começa um novo projeto ou quando algo a bloqueia a meio, para, respira fundo, “escuta” o que está a sentir e volta ao que estava a fazer, mas já de forma mais consciente para poder encará-lo sob uma nova perspetiva. Ainda que o faça empiricamente, está a usar os princípios de uma conhecida técnica de mindfulness conhecida como STOP – Stop what you’re doing, Take a breath, Observe, Proceed.

 

O momento Eureka!

Questionadas no final desta conversa sobre o seu momento Eureka!, Vanda de Sousa referiu o momento em que recusou a promoção proposta pelo seu diretor regional e que marcou o início do seu processo de saída do mundo corporativo. “Era algo que já está a ser ‘trabalhado’ há muito tempo interiormente, e aquele foi o momento em que foi preciso verbalizar a decisão.”

Cristina Jorge de Carvalho identificou também a decisão de ter deixado de lado uma carreira nas empresas para abraçar o design de interiores. “Assim que entrei na Inchbald School of Design percebi que tudo fazia sentido. Era mesmo aquilo que eu queria fazer!”, recordou.

Veja a fotogaleria do evento aqui.

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