As horas que passava a devorar os programas de vida selvagem da BBC faziam prever que Cláudia se tornaria uma dedicada veterinária no futuro, mas afinal, quando chegou a hora de decidir, optou por Gestão. O primeiro emprego foi como guest relation manager numa unidade hoteleira no Camboja e foi essa experiência em turismo que a conduziu à Nanyang Technological University, onde está atualmente. Foi convidada para integrar uma equipa que trabalha na área de opinion mining, uma área tão inovadora que a atraiu de imediato. A sua função é tentar compreender a opinião dos consumidores através das redes sociais, “uma área que vai ser de extrema relevância para o futuro das empresas”, garante Cláudia Guerreiro. A menos de um mês de completar 26 anos, a jovem portuguesa não pensa regressar a Portugal brevemente. “Singapura é uma cidade-estado extremamente moderna que atrai profissionais vindos de locais relativamente mais próximos como o Japão, mas também longínquos como Itália”, o que lhe dá a oportunidade de conhecer pessoas de cada canto do mundo. O facto de ter feito uma amiga nacional de Singapura quando fez o programa de intercâmbio entre a Católica Lisbon e a ESC Toulouse (École Supérieure de Commerce de Toulouse), facilitou bastante a sua integração numa cultura tão diferente e tão longe de casa. Admite que tem saudades da família, dos amigos (e do seu cão!) e da boa cozinha portuguesa, mas para já vai continuar na cidade que a fascina.
O que a levou a Singapura e exatamente o que faz nessa cidade?
Singapura é uma cidade-estado com apenas 52 anos, e sempre senti um certo fascínio em compreender como se tornou uma potência económica em tão pouco tempo. De facto, foi necessário muita dedicação, esforço e disciplina para Singapura ser um país desenvolvido como é hoje em dia: uma paisagem viva de modernidade. Trabalho como investigadora na faculdade Nanyang Technological University, na área de opinion mining, que consiste em compreender a opinião de consumidores nas redes sociais, estando focada na área do turismo (por exemplo, TripAdvisor, Booking.com, entre outras).
Que restaurante recomenda para um almoço ou jantar de trabalho?
Recomendaria o LeVeL33 que é um restaurante elegante e tranquilo com uma vista extraordinária para a icónica zona de Marina Bay. Considero-o um ponto de paragem deslumbrante que combina a tradição europeia com a modernidade de Singapura.
Qual o café ou casa de chá que recomendaria?
O meu café preferido é o Atlas Coffeehouse, que fica pertíssimo do célebre Singapore Botanic Garden, um lugar a visitar também uma vez que faz parte do património mundial da UNESCO! O Atlas Coffeehouse é um local descontraído para um brunch e diria que não pode perder a deliciosa panqueca de banana que é feita no momento.
A livraria onde gosta de se perder?
Não tenho nenhuma livraria preferida, mas sim uma biblioteca. A National Library of Singapore é um edifício espetacular com 16 andares de livros de todas as categorias. Um local único para perder-se em livros! No entanto, a biblioteca tem ainda à disposição CDs, DVDs, cassetes, revistas, entre outros itens. O meu andar de eleição é o 11º não só pela sua vista excecional da cidade, mas também por estar repleto de quadros e fotografias atinentes à cultura asiática.
A sala de espetáculos obrigatória?
Como amante de música clássica, a sala de espetáculos que recomendo vivamente é o Victoria Concert Hall. O último concerto que tive a oportunidade de assistir foi A Weekend With Beethoven onde foram tocadas obras famosas de Beethoven. Apesar de ser uma sala de espetáculos relativamente pequena e antiquada quando comparada a Esplanade ou Marina Bay Sands Theatre, a sua arquitetura colonial faz-me pensar em Lisboa e para mim música clássica é como estar em casa, tornando este edifício ainda mais relevante.
Um museu que merece ser visitado?
O meu museu preferido é decididamente o Art and Science Museum. É extremamente interessante porque combina arte e ciência. A última exibição que tive oportunidade de visitar foi referente ao trabalho de Escher, artista gráfico holandês, denominada Journey to Infinity: Escher’s World of Wonder, que expôs as suas obras mais conhecidas, como por exemplo os padrões entrecruzados e as transformações geométricas. Fantástica!
As lojas favoritas para comprar roupa, sapatos e carteiras?
Na verdade, não tenho uma loja preferida, mas sim uma rua preferida: a Orchard Road, equivalente aos Champs-Élysées em Paris (ou ainda maior!). É uma rua repleta de centros comerciais e lojas de todo o tipo, desde Prada a H&M. Aconselho vivamente uma pausa neste paraíso de compras.
Os beauty spots?
Diria que os beauty spots de Singapura que mais frequento são essencialmente cadeias locais como Banyan Tree Spa (spa), Amore Boutique Spa (fitness e spa), Rupini’s (centro de estética e cabeleiro) e Jean Yiep Beauty Group (manicure, pedicure, tratamentos de pele e cabeleireiro).
O local para comprar bons produtos alimentares?
Os melhores produtos podem ser comprados na cadeia de supermercado Cold Storage, onde é possível adquirir produtos alimentares de luxo, tanto asiáticos como europeus.
O que mais gosta na cidade?
O mais surpreendente e agradável nesta pequena cidade-estado é estar sempre extremamente limpa. De acrescentar que a rede de transportes públicos em Singapura é impecável e acessível em qualquer lugar.
E o que menos gosta?
O facto de Singapura ser uma fine city, isto é, uma cidade-estado extremamente fiscalizada que se baseia num conjunto desmedido de normas e respetivas coimas. O exemplo perfeito é a venda de pastilhas elásticas ser interdita.
O que só os locais sabem sobre Singapura?
A maior parte dos locais faz as suas refeições em sítios denominados por food hawker centres onde é possível degustar uma refeição tradicional deliciosa por um preço económico. Costumo ir periodicamente ao Maxwell Food Centre, em Chinatown, que tem o melhor chicken rice de Singapura!
Como define as mulheres da cidade?
Penso que Singapura fomenta a igualdade de oportunidades de carreira, como tal as mulheres são caraterizadas por ambição, dedicação e independência, especialmente quando comparadas com os países vizinhos. Apesar do clima tropical, em geral, as mulheres vestem-se para impressionar, adotando um código de vestuário formal.
Que hábito ganhou nessa cidade que não tinha anteriormente?
Não tinha o hábito de comer comida picante, contudo acabei por me tornar uma apaixonada por comida indiana e malaia, uma vez que Singapura se distingue pela multiplicidade de etnias que vivem numa união pacifica, particularmente, as chinesa, malaia e indiana.
Do que acha que vai ter mais saudades quando deixar Singapura?
Penso que o mais importante como mulher a viver num país estrangeiro é o facto de me sentir extraordinariamente segura a qualquer hora do dia, devido essencialmente à vigilância máxima que esta cidade-estado adota. É algo que verdadeiramente destaca Singapura e de que decididamente vou sentir falta.
Que conselho daria a uma executiva que foi convidada a trabalhar em Singapura?
Recomendaria vivamente a experiência uma vez que penso que é uma cidade-estado onde é possível crescer na carreira rapidamente se aplicar o devido esforço e dedicação.
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