Há cinco anos que Rita Mourinha é o rosto da Seresco em Portugal, marca que atua no mercado nacional há 16 anos e que reforçou a sua presença com uma representação física em Portugal. Licenciada em Psicologia Social das Organizações pelo ISPA, Rita Mourinha começou a sua carreira na área dos Recursos Humanos, que aliou mais tarde a funções comerciais, nomeadamente no Holmes Place e na Egor — Trabalho Temporário, até que na empresa de origem espanhola teve a sua primeira experiência de gestão geral, reportando ao director-geral ibérico (Espanha e Portugal), Manuel Busto. Dedicada ao outsourcing do processamento salarial e serviços de RH para grandes multinacionais e PME nacionais, a Seresco ainda não sentiu os efeitos da crise pandémica, mas já criou cenários para os enfrentar.
Quando e como surgiu o convite para head da Seresco em Portugal?
O convite para head da Seresco em Portugal, surgiu no momento da abertura da empresa no nosso mercado, que até 2015 realizava todas as operações através de Espanha o que, com crescimento do negócio, começou a tornar-se mais difícil de gerir. O objetivo era e é claro, apostar na atividade comercial em Portugal, para termos um leque de negócios mais variado, mais abrangente, ou seja, termos uma carteira de clientes conseguirmos estender não apenas a internacionais e ibéricos, mas oriundos do tecido empresarial Português. Desta forma acreditamos que conseguimos alcançar maior solidez e sustentabilidade no nosso negócio. De igual forma, o facto de estarmos fisicamente no país onde atuamos, passou a ser imperativo com o crescimento de negócio, pois a área salarial tem que estar sempre a par da legislação em vigor, estar atualizada, agir em conformidade e ter recursos humanos especializados nela.
Esta é a sua primeira experiência de direcção. Que principais aprendizagens fez ou que lições retira da experiência destes cinco anos?
Esta é a primeira experiência que implica a responsabilidade da direção comercial de um mercado, neste caso o português. São desafios constantes, principalmente no que respeita em implementar uma marca que seja reconhecida pelo seu valor e trabalho desenvolvido. Em Espanha temos 52 anos de existência, o que para uma empresa tecnológica e com componente de Outsourcing Tecnológico Salarial, que gere mensalmente 165 mil salários de vários setores de atividade, é um marco e uma conquista importante, mas em Portugal a marca não está ainda nesse nível de maturidade, para isso trabalhamos.
O trabalho tem de ser constante e a capacidade de resiliência grande, pois os objetivos não são alcançados de um dia para o outro, o tempo fala pela qualidade de serviço, mas até sermos reconhecidos demora o seu tempo. Essa capacidade foi, sem dúvida, uma das grandes aprendizagens que retiro, pois até à data sempre tinha “vestido a camisola” de empresas que já eram conhecidas e totalmente implementadas no mercado empresarial, o que tornava a presença no mercado mais fácil.
Quais as fases e conquistas mais importantes destes cinco anos?
A grande conquista é, sem dúvida, a confiança e o reconhecimento. A confiança dos clientes que acreditaram em nós, uns logo no início e outros mais tarde, que apostaram em nós e decidiram tornar-se nossos parceiros nesta área de Outsourcing Tecnológico de Salários, pois sem eles não teríamos crescido. O reconhecimento, pelo trabalho desenvolvido, pela equipa que todos os dias está disponível para o cliente e para a própria Seresco. Este ano fomos eleitos um dos Melhores Fornecedores de RH para a área de Outsourcing e tal não podia ter acontecido sem eles, os nossos clientes e a equipa que trabalha connosco diariamente e que tornam tudo possível.
Fico muito grata e feliz, pois quando se está na liderança de uma equipa não podemos esperar melhor, colaboradores e clientes satisfeitos.
A tendência para externalização de serviços é notória.
Em que fase está hoje a Seresco em Portugal?
Continuamos numa fase de crescimento e afirmação no mercado. A tendência para externalização de serviços é notória e inclusive existem já vários estudos que apontam nesse sentido, embora o nosso mercado tenha ainda algum caminho a percorrer, mesmo já seguindo essa tendência, e os nossos resultados reiteram essa tendência.
Mas não nos podemos esquecer que vivemos também num setor altamente competitivo que nos impõe outros desafios diários, quer a nível de Operações quer a nível de Recursos Humanos. A retenção de talento e a sua formação, é para nós cada vez mais importante, ou não fosse um dos nossos valores as Pessoas, o seu desenvolvimento e a criação de um sentimento de compromisso e pertença.
Nas Operações, continuamos a focar-nos, e teremos que o fazer sempre, na gestão de procedimentos, que asseguram e suportam o compliance, a qualidade de serviço, para que a “geringonça” esteja devidamente estruturada e suportada. No fundo, sem isto não podemos ter com os nossos clientes a relação de proximidade, confiança, responsabilidade e respeito que nos propomos desde o início de qualquer parceria.
Continuamos também a inovar a nível tecnológico, para que um cliente possa ter as ferramentas corporativas necessárias a nível de um departamento de Recursos Humanos, que o permite estar na vanguarda, mesmo estando em regime de outsourcing.
Que parte do negócio é captada directamente em Portugal e que parte chega por alinhamento internacional?
A parte internacional tem um peso de cerca de 30% do nosso volume de negócios. Cada vez mais é notória a tendência das grandes multinacionais não negociarem localmente e, sim, através de projetos massificados para vários países, em que lançam RFP com vários cenários integrados, isto é, em que concorremos não só com serviços de payroll mas também com alianças com partners de outras áreas de atividade, como Time Keeping.
As alianças com parceiros e com a Payroll Service Alliance (da qual somos membros fundadores) é preponderante, uma vez que não estando nós presente em todos os países, não conseguiríamos competir internacionalmente se assim não fosse. Tal também nos permite acompanhar os nossos clientes, quando estes se internacionalizam, com as alianças locais que temos a nível de payroll. Sem dúvida que é uma situação win-win, em que conseguimos assumir os compromissos com os nossos clientes, continuando a entregar o serviço de qualidade e inovador a que nos propomos em todos os projetos.
Qual o principal desafio que enfrenta enquanto head da Seresco?
Desafios são vários e parece que nos surgem novos todos os dias, mas elegendo apenas um aliado à fase que atravessamos mundialmente é, sem dúvida, a incerteza. A incerteza do que poderá vir. Nunca conseguimos prever o futuro, mas conseguimos trabalhar com planos a 2 / 3 anos, mas neste momento temos de fazer uma gestão diária e a curto prazo de praticamente todo negócio, pois ele depende dos negócios dos nossos clientes e sabemos que a economia mundial está bastante afetada. Até à data não sentimos o impacto desta crise, mas já equacionamos vários cenários de atuação, face ao que poderá advir no futuro próximo, de bom e de mal.
Tudo isto gera grande incerteza e receio na equipa, como é normal, pois têm receio pelos seus postos de trabalho. Até à data não tivemos necessidade de diminuir a equipa, até porque temos novos negócios e outros para iniciarem em 2021, mas o sentimento de incerteza fase ao futuro é notório em todas as pessoas. Temos de saber geri-lo da melhor forma, passar uma mensagem de tranquilidade, falando abertamente sobre as angústias que algumas das pessoas das equipas passam, pois essa é também nossa missão. Não conseguiremos dar um serviço de qualidade aos nossos clientes com colaboradores nervosos e receosos com o ambiente envolvente.
Como estima fechará o ano de 2020 e quais os objetivos para o futuro próximo?
Contamos encerrar o ano com um aumento do valor de faturação de cerca de 22%, sendo que ainda estamos a encerrar novos contratos para o próximo ano. Os objetivos são claros, queremos continuar a crescer nesta área especifica em que trabalhamos, tornando-nos a marca líder em Portugal e não apenas na Península Ibérica.