Por vezes o cabelo cai tanto que é difícil não pensar em que algo deve estar errado com a saúde. A queda, e as alterações da espessura e da densidade capilar podem ter causas clínicas, confirmam as especialistas Alexandra Osório, dermatologista, e Paula Chambel, nutricionista. Mas a época do ano e os cuidados diários com o cabelo determinam também a quantidade de fios caídos no chão.
Se é daquelas pessoas que não vive sem escovas, secadores a altas temperaturas, ferros de alisar, e os mais variados procedimentos químicos que existem no mercado – ondulações, alisamentos, permanentes, colorações -, é altura de se deixar dessas “dependências”. Ou se vive a saltar de dieta em dieta, saiba que o seu cabelo é dos primeiros a ressentir-se. Por outro lado, o outono é uma das épocas por excelência para a queda capilar que “segue a regra universal da renovação das folhas”, explica Paula Chambel. E como ele já chegou, é altura de tratar o cabelo como ele merece, antes de ficarem mechas tão fininhas que deixam o couro cabeludo à vista e arrasam a autoestima.
Começar por atacar os inimigos mais fáceis, como a má alimentação, o stresse, penteados e tratamentos químicos, e falar com um dermatologista especialista em cabelos (Tricologista ) ajuda a ultrapassar este contratempo sazonal e a detetar patologias.
O cabelo deve ser mimado, tratado com suavidade, hidratado e nunca esfregado com uma toalha.
Prevenir é o melhor remédio
A dermatologista Alexandra Osório sublinha as regras de ouro que previnem a queda de cabelo: fugir de “dietas intempestívas”, ter uma vida saudável, manter o cabelo limpo e cuidado. No capítulo da manutenção, deve-se evitar esticar o cabelo definitivamente, ter atenção às temperaturas elevadas dos secadores e aos penteados com tração (tranças e rabos de cavalo muito apertados, por exemplo).
O cabelo deve ser tratado com suavidade, hidratado, e nunca esfregado com uma toalha, principalmente quando está molhado porque fica mais frágil e quebra facilmente. O truque é encostar apenas a toalha ao cabelo ou envolvê-lo de modo a retirar o excesso de água, mas nunca esfregar. E antes de pentear, deve ser sempre desembaraçado para não partir.
O secador é um dos grandes vilões. Como as secagens mal feitas podem ressecar bastante o cabelo, aconselha-se a que a distância entre a saída de ar e os cabelos deva ser, no mínimo, de 10 centímetros. Um jato de ar frio no final deixa-os mais brilhantes, fecha as cutículas dos fios e protege de agressões como a poluição e os raios UV. Um truque simples com bons resultados. Mas idealmente o cabelo deve secar ao ar.
ACABAR COM A DÚVIDA
Muitas pessoas receiam que pentear e lavar o cabelo acentue a queda. Mas tal não é verdade. Explica a médica Alexandra Osório: “o problema é que o cabelo já se desprendeu do bulbo porque o sistema de ancoragem está deficiente e, por isso, há uma expulsão prematura do cabelo”. A solução é tratar, lavando com produtos suaves, hidratando, e ir à causa do problema.
Assunto sério
A queda que se arrasta durante meses ou anos provoca uma perda progressiva da densidade e da qualidade do cabelo e pode causar danos na imagem e na autoestima, especialmente feminina.
Sabia que a febre alta e as noites sem dormir interferem na qualidade do cabelo?
As causas de um cabelo fino podem ser nutricionais, hereditárias, traumáticas (ondulações, desfrisagens, pinturas agressivas consecutivas). As alterações na textura do cabelo podem ser provocadas por doenças como a alopecia androgénica (cálvice), alterações hormonais, ou ambas. O padrão mais comum de cálvice feminina é o rareamento mais visível dos fios no topo da cabeça (o local onde o cabelo é repartido vai alargando e mostra cada vez mais a pele).
De facto, a queda de cabelo não deve ser olhada de ânimo leve. Sabia que a febre alta e as noites sem dormir interferem na qualidade do cabelo?
A dermatologista Alexandra Osório criou um método novo de tratamentos de “biorevitalização capilar”, que aplica na Clínica Dermage, em Lisboa (http://www.dermage.pt), que “ não só faz parar a queda como fortalece o cabelo e ajuda-o a crescer mais forte”.
A verdade é que este problema afeta tanto mulheres como homens, e nesta altura do ano as farmácias estão cheias de produtos e novidades anti-queda. Um conselho: consultar o dermatologista se a queda for anormal (é normal cairem 100 a 120 cabelos por dia) e não tomar suplementos nutricionais sem aconselhamento.
DIETAS DESIQUILIBRADAS
As dietas muito restritivas podem provocar queda de cabelo pois não permitem ingerir as quantidades necessárias de macro e micro nutrientes. O problema surge em qualquer idade e deve ser tratado com suplementos nutricionais.
Onde estão os aliados
Com a ajuda de champôs, loções capilares, e nutracêuticos (nutrientes específicos presentes nos alimentos) podem-se travar os problemas do cabelo. A utilização de produtos tópicos com vitaminas (C, E, D + licopeno, zinco) normaliza a queda e aumenta a densidade e a grossura da haste capilar.
A alimentação deficiente retira qualidade ao cabelo.
Os champôs devem ser hidratantes e antioxidantes e fazer uma higiene suave, sem secar o couro cabeludo e tratando a cutícula da fibra capilar. Com estes cuidados, o cabelo é nutrido e fica mais resistente ao stresse mecânico das escovagens, explica a dermatologista.
Mas uma alimentação com boa ingestão proteica também ajuda a saúde capilar. As proteínas de origem animal encontram-se na carne vermelha, no frango, aves e peixes, ovos, leite e derivados como o iogurte. As de origem vegetal nas leguminosas (ervilha, lentilha, feijão, grão, soja e aveia).
O ferro é o segundo nutriente mais importante para o cabelo e encontra-se também na carne vermelha, e nos vegetais escuros, castanhas, nozes e amêndoas, aveia. Existe um aminoácido muito importante para a saúde do cabelo, informa a nutricionista Paula Chambel, chamado metionina, que está presente principalmente no feijão, na cebola e nas carnes.
O zinco (ostras, camarão, carne vermelha, frango, peixe, ovos, leite, grãos integrais, castanhas, cereias, tubérculos), a vitamina A (manga, damasco, cenoura, alface), silício (morango, pepino, cebola, alho, nabo), as vitaminas do complexo B (principalmente a biotina, cuja boa fonte é a levedura de cerveja), e os ácidos gordos (peixes, azeite, aveia, oleaginosas), são também fundamentais.
A alimentação deficiente retira qualidade ao cabelo e pode ser irreversível. E o objetivo é a melhoria e a manutenção da saúde capilar. Não só agora como em qualquer época do ano.
8 DICAS PARA UM CABELO SAUDÁVEL
- Usar sempre champôs adequados ao tipo de cabelo, idade e estilo de vida
- Pentear os cabelos suavemente, “com respeito”, duas vezes por dia, com uma escova ou pente de dentes largos
- Tratar as pontas três vezes por semana com um produto hidratante, vitaminado e adequado à idade
- Nunca secar o cabelo a temperaturas altas e evitar penteados com tração
- Ter uma alimentação equilibrada com proteínas, ácidos gordos, vitaminas, minerais e água
- Não usar medicamentos e suplementos sem prescrição médica, que podem desencadear ou agravar o problema
- Fazer exercício físico para reduzir o stresse
- Evitar banhos com água muito quente