Mesmo que para muitos este seja um nome estranho, para as mulheres a palavra mioma faz torcer o nariz. A fertilidade é um assunto muito importante e evitar uma histerectomia também. Dois milhões de mulheres em Portugal sofrem com estes tumores, que não se sabe porque aparecem, e foi apresentado recentemente um tratamento que dispensa cirurgia e reduz miomas e hemorragias, uma das consequências mais comuns e desconfortáveis. “Porque as mulheres estão cada vez mais interessadas em preservar o corpo num todo”, explica o ginecologista Daniel Pereira da Silva.
Um novo tratamento em comprimidos pode ajudar a reduzir os sintomas associados aos miomas uterinos.
A abordagem terapêutica depende dos sintomas, da idade e também da vontade de cada mulher. Entre as várias técnicas cirúrgicas existem as minimamente invasivas, por laparoscopia e robótica, e a cirurgia convencional que pode retirar o mioma e preservar o útero, ou realizar a histerectomia.
Mais recentemente surgiu uma nova opção terapêutica sob a forma de comprimidos de acetato de ulipristal (um modelador seletivo dos recetores da progesterona) que é administrado diariamente com a duração máxima de três meses por cada ciclo de tratamento. Com o tratamento intermitente espera-se uma redução significativa dos sintomas associados a este problema, como a fadiga, a pressão abdominal, a frequência urinária e as hemorragias muito abundantes.
Melhorar a qualidade de vida
Esta novidade pode evitar uma cirurgia ou converter uma cirurgia radical (como a histerectomia, que implica a remoção do útero) numa conservadora, a miomectomia (retira apenas o mioma). E “é efetiva na supressão da hemorragia uterina, na correção da anemia e na redução do volume do tumor”, confirma Daniel Pereira da Silva.
Embora na sua maioria benignos, os miomas provocam sintomas que podem afetar seriamente a qualidade de vida da mulher.
Especialmente nos casos em que as mulheres são afetadas no dia-a-dia esta pode ser uma excelente notícia. Embora maioritariamente benignos, os miomas provocam sintomas desagradáveis e até incapacitantes que podem chegar a comprometer a vida profissional e social de uma mulher. Apesar dos sintomas e do desconforto, um quarto da população demora mais de um ano a procurar ajuda e a vergonha é o principal obstáculo, dizem os especialistas. “Precisamos de reduzir o estigma do sangramento porque isso tem um enorme impacto na qualidade de vida”, disse a especialista Helena Kopp Kalner, do Instituto Karolinska de Estocolmo.
Felizmente, a maioria deles são assintomáticos e apenas descobertos num check-up ou durante a realização de exames por outro motivo. Contudo, cerca de 30% dos casos provocam manifestações que podem variar consoante a localização, tamanho e número, e assim afetam a saúde e a qualidade de vida.
5 FACTOS SOBRE MIOMAS
- Afetam 30-60% da população feminina em geral e 20 a 40% das mulheres em idade reprodutiva
- Têm maior incidência nas mulheres entre os 40 e os 50 anos
- Cerca de 2 milhões de portuguesas têm miomas uterinos
- A sua incidência é 10% a 20% superior na raça negra
- Estão associados com a disfunção reprodutiva em 2% a 3% dos casos