Joana Schenker: estofo de campeã

É a nossa figura de proa do bodyboard, modalidade que adoptou há mais de 15 anos. Depois de ter ganho duas vezes o campeonato da Europa da modalidade, conseguiu superar as expetativas com um quarto lugar mundial no ranking em 2016, ano em que conseguiu reunir os apoios suficientes para fazer o circuito integral.

Aos 15 anos, Joana Schenker foi campeã nacional de esperanças pela primeira vez. Depois, nunca mais parou.

Joana Schenker, 28 anos, várias vezes campeã nacional e duas vezes campeã europeia de bodyboard, começou este ano a fazer o circuito mundial de bodyboard na íntegra. A Câmara Municipal de Vila do Bispo tinha sido, até agora, a sua principal patrocinadora. Mas após várias vitórias no campeonato nacional e duas no campeonato da Europa da modalidade, onde foi também duas vezes vice campeã, esta desportista conseguiu reunir os patrocínios necessários para tentar voar mais longe. Em boa hora o fez, dado que conseguiu este ano alcançar o 4.º lugar no Circuito Mundial de Bodyboard, segundo o ranking final da Association of Professional Bodyboarders (APB), divulgado em Outubro. O resultado iguala o melhor de sempre de um atleta português de bodyboard, o de Catarina Sousa, em 2010. Além disso, está de novo à frente, de forma destacada, no ranking nacional e europeu deste desporto. Para o ano, “sinto que tenho legitimidade para sonhar com a disputa mundial”, afirma Joana Schenker.

Filha mais velha entre quatro meninas de um casal alemão radicado na zona de Sagres há 30 anos, começou a praticar bodyboard, o desporto preferido pelos locais, com os amigos de escola, aos 13 anos. Integrada num grupo coeso, que já competia, apaixonou-se pela modalidade. No ano seguinte também já o fazia e, aos 15 anos, foi campeã nacional de esperanças pela primeira vez. Depois, nunca mais parou. Como só conseguia fazer os circuitos nacional, europeu, e as provas mundiais que se realizam no velho continente, e almejava ir mais longe, lembrou-se da ligação da Vila de Sagres à marca de cerveja portuguesa, e pediu ajuda a Adelino Soares, presidente da Câmara de Vila do Bispo, capital do concelho, para a ajudar a estabelecer contato com a Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (SCC), a sua proprietária. A 5 de Maio deste ano, o protocolo de apoio foi formalizado no Forte de Beliche, em Sagres. Foi o passo essencial para a atleta se poder lançar no circuito mundial, que terminou recentemente.

Joana Schenker dedica, pelo menos, quatro horas à sua preparação.

 

A preparação diária

No seu dia-a-dia quem manda é o mar, a maré, o vento. Escolhe sempre a melhor altura para surfar, e o resto do tempo é dedicado a tudo o mais que tem de fazer, como dar as aulas de bodyboard e realizar outro tipo de treinos. Faz isso em casa e também corre na rua conforme a disponibilidade. Mas não tem rotinas. Por dia, dedica pelo menos quatro horas à sua preparação, mas “pode ser muito mais tempo”.

Segundo Joana Sechenker, Sagres é um lugar muito bom para bodyboard especialmente no Inverno. Revela que nesta zona do sul de Portugal o fundo é de areia e as ondas rebentam de forma mais aleatória que noutros locais em todo o mundo onde se pratica a modalidade. Isso faz com que seja mais difícil de treinar manobras de forma repetida. Por outro lado, “em algumas etapas há zonas de rocha, onde as ondas são muito diferentes e surfar é mais perigoso que em Sagres. É preciso conhecimento, algo que Joana Schenker pretendeu adquirir este ano nas provas do circuito mundial que não conhecia. Antes de partir para as provas iniciais, na América do Sul, o seu sonho era ficar entre as 10 primeiras.

Cada atleta só pode apanhar no máximo 10 e só são contabilizadas as duas melhores: “Temos de entrar em sintonia com o mar, para escolher a melhor onda”

Uma prova de consistência

Segundo Joana Schenker, uma competição de bodyboard é uma prova de consistência. Cada atleta tem de permanecer totalmente focado, de forma a tomar as melhores decisões ao longo dos 20 minutos que dura cada heat. “Temos de entrar em sintonia com o mar, para escolher a melhor onda”, defende, pois cada atleta só pode apanhar no máximo 10 e só são contabilizadas as duas melhores. Quando se possui a técnica necessária e se tem a experiência suficiente, consegue-se tirar partido de cada onda, fazendo as manobras mais adequadas, como tubos, piruetas e outras. Mas também “há que controlar os adversários, pois em cada etapa competem quatro de cada vez”, explica ainda a atleta.

Alimentação vegetariana

Não destacando nenhum dos muitos sucessos que tem tido ao longo da sua carreira, a atleyta não deixa d reconhecer que sente sempre algo especial quando consegue ganhar, depois de ter lutado muito por isso. Aos 28 anos, está ciente que não poderá ficar para sempre no topo de modalidade que pratica. A formação é uma hipótese para o futuro dos atletas de alta competição, mas o seu sonho também não é dar aulas de bodyboard para sempre. Como gosta muito de culinária e é vegetariana desde os 10 anos, sente que “podia ter um restaurante vegetariano”. Já dedica muito do seu tempo a pesquisar sobre o tema, a tentar aprender cada vez mais em livros e sites. Também cozinha para festas de amigos. “Gosto imenso”, conta, defendendo “que há um espaço cada vez maior na sociedade para esse tipo de alimentação e há pouca oferta”. No fundo, o que quer é demonstrar que a cozinha vegetariana pode transformar alimentos, ingredientes e temperos em coisas aliciantes e apetecíveis.

Uma carreira brilhante

Desde que iniciou a sua carreira competitiva, em 2003, aos quinze anos, Joana Schenker foi:

  • 3 vezes campeã nacional de juniores, em 2003, 2004 e 2005;
  • 3 vezes campeã nacional de seniores em 2013, 2014 e 2015;
  • 3 vezes Vice-campeã Nacional em 2004, 2009 e 2010;
  • Campeã da Europa de Juniores em 2004;
  • 2 vezes vice-campeã da Europa, em 2009 e 2010;
    2 vezes campeã da Europa, em 2014 e 2015;
  • Medalha de Bronze no Campeonato do Mundo de Bodyboard por equipas em 2015;
  • 4º lugar no Mundial de Bodyboard de 2016, primeiro ano em que participou.
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