Isabel Borges é licenciada em Gestão e Planeamento de Recursos Humanos, pelo ISCSP, e iniciou a sua carreira, em 1990, como consultora nesta área no Grupo Egor, Grupo P.E. e na Deloitte & Touch. Em 1995, foi convidada a integrar a equipa de gestão que criou o projeto da Multitempo – Empresa de Trabalho Temporário (associada da RHmais – Organização e Gestão de Recursos Humanos), assumindo a Direção Comercial e Técnica até 2003. Foi responsável pela expansão do negócio na região da Grande Lisboa e pelo alargamento da intervenção geográfica da Multitempo através da abertura das suas diversas delegações e escritórios. Atualmente é diretora-geral da Multitempo e administradora da RHmais.
“O primeiro confinamento apanhou-nos de surpresa, mas não desprevenidos, uma vez que na Multitempo tínhamos implementado em fevereiro um plano de contingência que vínhamos a cumprir, internamente e ao nível dos nossos clientes. Nessa fase, concentrámos toda a capacidade operacional em assegurar o funcionamento regular das diversas áreas de atividade para, de forma responsável, garantir a continuidade dos nossos serviços, nalguns setores da economia que nunca pararam.
A aposta de crescimento da empresa sempre teve por base uma estrutura descentralizada, com uma dinâmica que permita respostas rápidas e adaptadas às necessidades do mercado, sendo o nosso foco a proximidade com os clientes com uma dispersão geográfica em mercados emergentes, mas nunca perdendo a nossa matriz de referência. Daí que a imposição do confinamento não afetou de sobremaneira o normal funcionamento da atividade, já que continuámos ágeis e a funcionar com serviços mínimos presenciais, apenas os que não puderam ser realizados à distância. Toda a restante estrutura permaneceu a trabalhar remotamente.
Os nossos processos sempre foram geridos com recurso às plataformas digitais. A grande alteração foi processual e no desenvolvimento e fortalecimento da tecnologia, dos seus sistemas de controlo e segurança, e na adaptação aos novos modelos de gestão das equipas. Na realidade, a empresa passou a adotar um modelo híbrido de trabalho por precaução, alternando entre a presença física e a gestão à distância. A principal preocupação tem estado na intensidade do dia-a-dia das equipas, daí que tenhamos apostado em programas de desenvolvimento das competências técnicas e interpessoais das equipas, bem como em programas de bem-estar para ajudar a manter o equilíbrio e o foco, assegurando, assim, a tranquilidade e a motivação. Tem sido um enorme desafio organizacional e individual que exige a todos uma rápida capacidade de adaptação, entre a gestão da vida pessoal e a manutenção da elevada exigência profissional.
O atual confinamento não trouxe sobressaltos, ainda que perdure a incerteza e o desconhecido. Desta vez, a grande alteração tem sido a aposta na comunicação e no reforço qualitativo do nosso plano global, agora direcionado em particular para os colaboradores. Esta tem sido a nossa principal missão: assegurar um acompanhamento e presença constante junto de cada colaborador e de cada cliente no acolhimento, no decurso e no fim do contrato, promovendo o desenvolvimento de competências de empregabilidade e garantindo, sempre que possível, o processo de reintegração do colaborador noutros clientes. Fazer chegar a comunicação através de novos canais criados para o efeito, garantir a continuidade de comportamentos seguros, informar sobre a evolução da pandemia, falar do futuro e dar conforto quando os receios dos colaboradores são reportados.
Esta análise de proporções também ampliou sentimentos, reações, partilhas, entre muitas outras coisas boas. Tudo isto contribuiu para se estabelecer melhores e maiores relações de confiança. Afinal estamos onde sempre estivemos: junto dos colaboradores e dos clientes durante todo este período.”