Para além do lado mais conhecido da maioria dos portugueses, como autora de três livros sobre nutrição, e apresentadora do programa Naturalmente, que estreou recentemente no 24Kitchen, dedicado transformar pratos do dia-a-dia em opções mais saudáveis, ao mesmo tempo que dá dicas para uma dieta tão nutritiva quanto deliciosa, Iara Rodrigues é também empreendedora.
Licenciada em Ciências da Nutrição e Alimentação e Mestre em Nutrição, Iara entusiasmou-se com o sucesso dos seus livros – “A Dieta Simples” (2012), “Dieta 1,2,3” (2013) e “Emagreça Sem Fome”, atualmente na sua 6ª edição – e, em 2016, fundou a Clínica Iara Rodrigues, que através de uma equipa multidisciplinar, desenvolve uma abordagem holística para garantir o bem-estar dos pacientes, e, em 2018, inaugurou “Iara Kitchen”, um espaço onde se realizam workshops, formações e eventos relacionados com cozinha saudável.
Quando e como começou a despertar a vontade de abrir uma clínica?
Até 2016, não pensava nisso. Estava feliz no meu trabalho, na equipa que integrava e nada fazia prever que isso fosse acontecer.
Foi depois do lançamento do meu último livro, o Emagreça Sem Fome, em 2016, e com base nas reações do público e no sucesso de vendas, que senti que aquele era o meu ponto de viragem profissional. Tinha chegado o momento de dar o “salto”. A ideia começou a ser cozinhada na minha cabeça, mas estava longe de imaginar que ainda nesse ano iria abrir a minha própria clínica.
Quando dei por mim já pensava seriamente no assunto e na sua viabilidade. E sem mais nem menos atirei-me de cabeça num projeto que no dia 1 de agosto já faz 3 anos.
Sendo a sua formação em Nutrição, como se preparou para se lançar no mundo dos negócios?
Não preparei. Estaria a mentir se dissesse que me preparei. Segui o meu instinto e agarrei-me à vontade que crescia em mim.
Como é evidente, fui falando do assunto com o meu marido e com a minha família. Assim como pedi ao meu tio (advogado e “pai” de coração) e ao meu contabilista que me aconselhassem e orientassem nesta decisão. Foi assim que aconteceu. De forma espontânea e natural.
Vou conseguindo ultrapassar as dificuldades com base em duas regras que me impus “obedecer”: ser produtiva e saber priorizar.
Quais as principais dificuldades que sentiu e como as ultrapassou?
Ainda hoje lido com as mesmas dificuldades. Porém, com a força das circunstâncias e a experiência, já consiga neutralizar esses obstáculos.
Mas posso partilhar que os meus maiores desafios são a falta de tempo, porque dou consultas a tempo inteiro, pelo que as vezes sinto que é mais fácil ser reativa ao momento do que proativa; não dominar áreas essenciais para a gestão e organização de um negócio; e ser uma empresa unipessoal, não tendo por isso com quem partilhar algumas dúvidas e me apoiar em determinadas decisões cruciais.
Vou conseguindo ultrapassar estas dificuldades com base em duas regras que me impus “obedecer”: ser produtiva e saber priorizar.
Quais as principais lições que aprendeu enquanto empresária?
Tantas… mas diria que as duas regras que me impus obedecer ajudam-me a focar. A minha primeira regra é ser produtiva! E com base nisso tenho sempre comigo duas listas. A primeira lista é a das tarefas que tenho de assegurar diariamente, que inclui número de consultas, contactos, follow-ups, número de vendas, dos valores gerados, reuniões, etc. O meu dia de trabalho não pode terminar até ter completado todas essas tarefas. A segunda lista é a das coisas que me estão a distrair, como arranjar momentos para responder a emails e identificar tudo o que me faz perder tempo e tornar essas coisas secundárias, se elas me distraem.
Já a minha segunda regra é a de saber priorizar. E com base nela sei o que vou fazer antes e o que vou fazer depois, porque consigo distinguir o que é importante do que é urgente e faço primeiro o que é importante e deixar para depois o que é urgente.
O fim-de-semana é meu e da minha família. Os restantes dias faço o melhor que posso e sei pelos meus projetos.
Como é que consegue conciliar estas diferentes atividades e ainda a sua vida familiar e pessoal?
Com muita ginástica emocional e física. Faço por ser muito organizada e planificar o mais possível a minha agenda. O fim-de-semana é meu e da minha família. Os restantes dias faço o melhor que posso e sei pelos meus projetos.
Neste momento, qual das suas facetas lhe dá mais satisfação, a de nutricionista ou a de gestora?
É uma pergunta difícil. Diria que é equivalente a perguntar a uma mãe que tem dois filhos, qual dos filhos gosta mais… A satisfação é igual. Ambas as situações têm as suas partes boas e menos boas, como em tudo. Mas ambas me enchem de prazer e orgulho.
O que procura com o seu novo programa?
É um programa que tem como principal objetivo fazer com que os portugueses comam melhor, façam mais por si e pela sua saúde, mas, também, que se sintam capazes de o fazer, sem que para isso deixem de ter prazer a comer.