Etienne Huret: “Mulheres na liderança podem ter um papel libertador”

O director-geral da Natixis em Portugal partilhou a história pessoal de como se interessou pelas questões da diversidade e inclusão, de género e não só. Na 6.ª Grande Conferência Liderança Feminina contou como foi uma mulher que o ajudou a revelar todo o seu potencial de líder.

Etienne Huret, da Natixis, fez uma talk sobre Por que todos os homens devem ser campeões da diversidade.

Etienne Huret, director-geral da Natixis em Portugal, falou à audiência sobre a importância de os homens serem campeões da diversidade de género e da promoção das mulheres nas lideranças empresariais. Partindo da sua experiência pessoal, contou como ganhou interesse pela importância da inclusão e diversidade nas organizações. Quando era jovem, o pai, um muito bem sucedido homem de negócios francês, ficou tetraplégico na sequência de um acidente grave. “Foi muito estranho porque, de um dia para o outro, o olhar das pessoas para ele mudou. Já não falavam mais diretamente com ele, mas dirigiam antes as perguntas a mim, à minha mãe ou irmãos. Ele continuava a ser a mesma pessoa super inteligente que tinha sido toda vida. Isso fez-me entender que o nosso olhar está totalmente direcionado pelas condições das pessoas que temos à frente. Esse foi o início do meu caminho no tema da diversidade. O meu pai viveu mais 37 anos depois do acidente e todo o seu caminho na vida, daí em diante, foi o de recuperar o respeito das pessoas, mostrando-lhes que as suas capacidades mentais não tinham sido afetadas.”

“Foi uma mulher que ajudou a libertar a minha voz enquanto profissional e que me disse que eu não podia ficar calado, que eu tinha coisas importantes e diferentes a dizer e que me encorajou a fazê-lo.”

As empresas do séc.XXI, e sobretudo do mundo globalizado e digital, necessitam também de diversidade multicultural entre os seus colaboradores e as lideranças, afirmou. “Hoje, preciso de talentos vindos de todo o mundo para potenciar as transformações necessárias. Se apenas privilegio os homens brancos com mais de 35 anos, não vamos conseguir transformar nem ser disruptivos perante as necessidades. Precisamos estar alerta para os enviesamentos inconscientes quando recrutamos.” 

Mas as mulheres líderes podem ainda assumir um papel libertador em relação aos próprios homens, notou Etienne Huret. “Elas têm um olhar diferenciado e importantíssimo, porque aportam uma nova energia às empresas. A partir do momento em que chegam ao board toda a empresa ganha, não apenas elas. Muitas vezes calamo-nos e castramo-nos nas nossas opiniões e isso não é produtivo. Foi uma mulher que ajudou a libertar a minha voz enquanto profissional e que me disse que eu não podia ficar calado, que eu tinha coisas importantes e diferentes a dizer e que me encorajou a fazê-lo. Eu percebi que as minhas opiniões diferentes não eram populares com outros líderes. Mas desde o momento em que a minha chefe me disse isso, a minha carreira mudou totalmente.”

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