Elsa Carvalho é Head of Business Development na WTW Portugal, empresa especializada em consultoria, corretagem e soluções empresariais, e vice-presidente da APG – Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas e tem já uma carreira de 25 anos. Iniciou-se como consultora na Mercer, em 1998, foi administradora do Grupo Egor, diretora central do Grupo Caixa Geral de Depósitos e diretora de Recursos Humanos da REN – Redes Energéticas Nacionais, do Grupo SAG e do Grupo Português de Saúde. Docente universitária convidada e autora de diversos artigos de opinião, Elsa Carvalho é Licenciada em Psicologia, pela Faculdade de Psicologia na Universidade de Lisboa, Pós-graduada em Gestão, pelo INDEG-ISCTE, e em Direito do Trabalho, pela Universidade Católica, Elsa Carvalho fez também formação avançada nas áreas de Gestão e Liderança pela Universidade de Harvard, London Business School, Kellogg e IMD. Atualmente, está a frequentar o doutoramento, é docente universitária e autora de diversos artigos de opinião.
“Tenho alguma dificuldade em determinar o meu maior desafio. Ao longo da vida e da carreira vão surgindo diferentes situações que temos de superar e que, muitas vezes, nos obrigam reinventarmo-nos. Colocar em causa certezas e voltar a interrogações que nos permitem explorar novos caminhos.
Talvez pela aprendizagem que me permitiu, e porque hoje tive algumas dores de joelho, escreva sobre uma situação que remonta há quase 17 anos. O dia 27 de Dezembro de 2006 tinha tudo para ser um dia de sky na Serra Nevada bem passado. Com um grupo de amigos, uma tarde de sol e uma temperatura muito agradável para a época do ano.
Um choque e uma queda violenta na primeira descida da tarde mudaram as férias. No posto médico da estância de sky e, horas mais tarde, no Hospital de Granada, o diagnóstico foi surpreendente: fratura do planalto tibial, fratura longitudinal da tíbia e arrancamento do ligamento cruzado anterior. A viagem para Portugal, onde optei por fazer a cirurgia com um médico ortopedista conhecido, foi dolorosa, mas cheia de esperança.
A atitude otimista (e algo irrealista) com alguma negação da gravidade da lesão conduziram-me à decisão de aceitar uma nova proposta de emprego, com início logo em abril de 2007. Foram meses intensos, dedicados à passagem de pasta no emprego anterior e a intervenções cirúrgicas. Iniciei o novo emprego numa cadeira de rodas e com uma recuperação que se adivinhava lenta. Um motorista, entretanto contratado, conduzia-me de manhã a uma nova situação profissional e, ao final do dia, às horas de fisioterapia.
O entusiasmo do novo emprego, os desafios, os novos colegas e uma função que me apaixonava não me permitiam desanimar. Os dias eram intensos e cheios de energia. O final da tarde dava lugar a horas de fisioterapia, na tentativa de recuperar a funcionalidade e a autonomia.
Na função de Recursos Humanos, aprende-se a olhar para os outros e para o futuro. A valorizar e potenciar o melhor de cada um. A desenvolver o potencial individual e coletivo. E assim era durante todo o dia.
A recuperação foi lenta, mas quase total. E a aprendizagem profunda. Uma aprendizagem potenciada pela experiência individual e coletiva.
Aprendi o significado da palavra resiliência. Um caminho de determinação, persistência e consistência. A não desistir do que depende de nós e do que é importante, mesmo quando o caminho é longo e difícil. Aprendi sobre a força que reside na autoconfiança e esperança. A confiar e reconfortar. A reconhecer a fragilidade e humanidade que reside em nós e nos outros.
Em criança, aprende-se a cair, levantar e continuar. E assim é pela vida fora. Como se o propósito da adversidade e de cada queda que damos seja o de crescimento.”
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