Como ter o look de uma parisiense

As francesas são um caso sério de popularidade, não apenas entre os homens, mas também entre as mulheres. O mito de que não tomam banho deve ser tão verdade como o de que as portuguesas têm bigode ou de que as inglesas não depilam as axilas. No fundo, não passa de dor de cotovelo, porque as francesas continuam a seduzir meio mundo com o seu estilo. Só isso justifica as vendas vertiginosas do livro que Caroline de Maigret escreveu com as amigas Anne Berest, Audrey Diwan e Sophie Mas, para satisfazer a curiosidade de outras mulheres. Lemos e escolhemos as partes que podem ser mais facilmente copiadas. Inspire-se.

Como cuidam do corpo

A pele quer-se o mais natural possivel. Não há razões para esconder as sardas que aparecem no verão ou o rubor na face quando diz uma pequena mentira ou se sente intimidada.

Seria um crime se Isabelle Huppert camuflasse as suas sardas

As parisienses evitam a base o mais que podem, e recorrem a outros truques, mais subtis. Antes de sair cuidam do rosto como um pintor prepara a tela antes de iniciar o trabalho.

Um batom vermelho no tom certo é perfeito para esconder as marcas de uma noite mal dormida

Uma boa hidratação é a melhor base que há. Quando há pequenas imperfeições a ocultar recorrem ao corrector ou a um BB Cream. Para quem não consegue mesmo viver sem base, o truque é misturar um pouco de produto com o hidratante diário para obter um efeito natural.

Máscara nas pestanas de cima e de baixo em quantidades generosas iluminam o olhar e disfarçam os papos por baixo dos olhos, e um batom vermelho no tom certo esconde as marcas de uma noite mal dormida.

Nas mãos, o verniz é algo a que recorrem raramente. As unhas usam-se curtas e limpas. O mais simples possível. Se há algo que nunca entenderão é a french manicure. As parisienses nunca admitiriam perder um segundo a construir um look sofisticado ou não fossem elas que fazem questão de manter qualquer pequena imperfeição como um nariz proeminente, umas grossas sobrancelhas ou os dentes separados à Vanessa Paradis!

O cabelo é um dos seus traços distintivos. Apesar dos grandes cabeleireiros serem franceses, a verdade é que o brushing não parece fazer parte da rotina das sua compatriotas. O look casual, mas estudado, é conseguido aparentemente longe do secador.

Mesmo no Festival de Veneza, Léa Seydoux descarta o brushing

No verão o cabelo seca ao ar e no inverno a toalha dá uma ajuda. O ideal é lavar o cabelo à noite para evitar sair com ele molhado, mas também para aproveitar as ondas conseguidas com o “efeito almofada”. Lavar o cabelo todos os dias também não é seu apanágio, pois sabem que os fios ficam melhores dois ou três dias após a lavagem, fase em que ganham volume e ondas mais marcadas. Quanto à cor, o princípio é evitá-la ao máximo. Cultiva-se o primado da cor natural, dando apenas uns toques para a destacar ou para disfarçar os cabelos brancos quando começam a aparecer. Na época de praia, conseguem tirar ainda mais partido do look natural, aproveitando os efeitos do sal, do vento e da areia, que deixam o cabelo com um ar suavemente selvagem, mas irresistível.

“A natureza deu-lhe a cara que tem aos 20, depende de si a que terá aos 50″, dizia Coco Chanel

No que respeita ao passar dos anos, têm uma valiosa máxima: lutar contra a corrente não leva a lado nenhum, mais vale deixar-se levar por ela. Perante isto, assumem-se como são e não tentam esconder imperfeições ou rugas na sala de operações de um célebre cirurgião plástico ou por baixo de camadas de maquilhagem. Para elas um rosto conta uma história de vida, com altos e baixos, que não deve ser disfarçada. Mas a frase impiedosa de Coco Chanel “a natureza deu-lhe a cara que tem aos 20, depende de si a que terá aos 50″ está bem presente nas suas vidas. Por isso, o segredo é cuidarem-se o melhor possível. Sabem que a beleza vem do interior para fora e que é preciso evitar os cigarros, o álcool e fazer uma alimentação saudável. Nunca vão dormir sem limpar bem o rosto e têm um produto específico para cada centímetro de pele, do contorno de olhos ao pescoço, ao colo, ao peito, às coxas, aos pés…

O que as distingue na forma de vestir

As parisienses são femininas ao limite, no entanto os jeans são omnipresentes nas suas vidas. Se os eliminassem do roupeiro iriam sentir-se nuas! O que melhor combina com esta peça básica é o blazer preto, a que recorrem naqueles dias em que querem estar impecáveis mas sem mostrar grande esforço. A camisa branca é outro aliado de peso. No inverno, a sua companhia é um trench longo. É claro que não agasalha tão bem quanto um casaco comprido, mas tem muito mais estilo. Por isso, andam sempre com um cachecol bem quente, porque na verdade, às vezes, têm mesmo frio!

A camisola de malha que escorrega dos ombros é a peça ideal para o dia a seguir a uma festa. É larga como um ecrã de cinema, quente como um urso de peluche, acalma como um Xanax, e perfeita para aqueles dias em que sente o corpo todo.

Emmanuelle Béart recorre ao conforto das malhas mesmo em grandes eventos

Os óculos de sol gigantes são outro complemento indispensável do look de uma parisiense. Mesmo nos dias de chuva há sempre uma boa razão para os usar: demasiada luz, uma dor de cabeça, lágrimas a escorrerem pelo rosto, um desejo de parecer misteriosa.

Os sapatos masculinos, que são a essência do seu estilo, e a uma boa carteira, também não podem faltar. Mais do que um acessório, a carteira é o seu mundo. Por fora é linda, mas ninguém imagina o caos que reina dentro. No interior pode encontrar-se qualquer coisa, desde uma fatura da eletricidade a uma pashmina ou um lenço de seda para complementar um look monocromático, sem risco de um faux pas.