Céline Abecassis-Moedas: A liderança do futuro tem um rosto feminino

A administradora e responsável pela formação de executivos da Católica Lisbon inaugurou a manhã de palestras e debates da 6.ª Grande Conferência Liderança Feminina. Explicou porque é que as mulheres são escolhidas para lideranças em alturas de crise e o que aportam de diferente e de mais humano às organizações.

Céline Abecassis-Moedas, da Católica-Lisbon, deixou pistas para a pergunta Is women's leadership the future of leadership?

Céline Abecassis-Moedas foi a responsável pela primeira palestra individual da manhã, feita em inglês e intitulada “Is Women’s Leadership a Leadership for the Future?”. Administradora não executiva de diversas empresas, Céline Abecassis-Moedas assumiu a direção da formação de executivos da Católica Lisbon em fevereiro de 2019, depois de um percurso de 14 anos nesta universidade. “Este é um tema que me é muito caro e vejo o meu papel aqui, na Católica, como uma agente de mudança — sinto-me responsável por fazer com que as coisas mudem a partir de dentro”, começou por dizer usando como exemplo a série de ficção The Chair, onde disse rever muitos dos desafios mais prementes da liderança feminina numa instituição académica.

“Os cargos de liderança são muitas vezes oferecidos às mulheres em alturas de crise, quando as hipóteses de fracasso são grandes.”

“Porque é a liderança feminina é um desafio? Primeiro, porque os cargos de liderança são muitas vezes oferecidos às mulheres em alturas de crise, quando as hipóteses de fracasso são grandes. Tal como uma das protagonistas da série diz, ‘sinto que alguém me entregou uma bomba-relógio porque queriam assegurar-se que era uma mulher que a tinha nas mãos quando explodisse’. Isto soa familiar a algumas de vós?” Outra razão para ser desafiante é o facto de “as mulheres terem que escolher muitas vezes entre serem vistas como competentes ou agradáveis. As mulheres pagam um preço alto pela competência, sendo geralmente vistas como arrogantes e não como amáveis.” Em terceiro lugar, o desafio também está no facto de as mulheres que assumem estes papéis nas organizações quererem ser vistas como agentes de mudança. 

Será esta então uma liderança para o futuro da humanidade? Céline Abecassis-Moedas acredita que sim e lembrou o exemplo de Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu e um dos seus modelos inspiradores, que já admitiu em entrevista que é comum as mulheres conseguirem cargos de liderança quando todos pensam que o êxito é impossível, dando conta, no entanto, da diferença notória entre o discurso feminino e masculino nas reuniões das grandes instituições financeiras que liderou: enquanto os homens economistas falavam sempre muito mais de estatísticas, as mulheres falavam mais de vidas e famílias. “Daqui podemos retirar que a liderança feminina é mais humana, tem uma maior complexidade e aporta uma perspectiva diferente.”

As lideranças do futuro podem inspirar-se muito nestas visões, para a administradora e académica, marcadas por três grandes características: capacidade de inovação, resiliência e maior inclusão e de pensarem nas necessidades do coletivo. 

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