Profissão: Catarina Fonseca, diretora de hotel

Catarina Fonseca, diretora do Hotel Vila Galé em Alter do Chão, foi distinguida como Melhor Jovem Diretor de Hotel no Congresso da ADHP. A paixão pela hotelaria começou num trabalho de verão aos 16 anos.

Catarina Fonseca é diretora do Hotel Vila Galé em Alter do Chão.

Catarina Fonseca foi distinguida como Melhor Jovem Diretor de Hotel, nos prémios atribuídos durante o Congresso da ADHP (Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal). A diretora do Hotel Vila Galé em Alter do Chão partilha como chegou a este lugar. Começou a trabalhar aos 16 anos como chefe de sala e bar e rapidamente percebeu que a hotelaria seria o seu futuro. Enquanto se licenciou em Turismo e fez o mestrado em Direção e Gestão Hoteleira, Catarina Fonseca foi ganhando experiência em várias funções — desde relações públicas e assistente de direção até participar na abertura do Vila Galé Collections Elvas, em 2019 e ser depois desafiada a abrir a unidade em Alter do Chão, de que é hoje diretora.

 

O que a levou a escolher hotelaria? 

A hotelaria surgiu como trabalho de verão aos 16 anos, e foi-se entranhando. Sempre gostei muito daquilo que fazia, dos locais onde trabalhava e queria sempre aprender a fazer o que os outros faziam muito bem. Quando estava como chefe de sala de um restaurante, o meu diretor, que sabia que também adoro estudar, sugeriu a hipótese de conciliar as duas atividades. Falou-me das Escolas Hoteleiras do Turismo de Portugal e do seu profissionalismo. Percebi que havia um mundo a explorar, um mundo que tem tanto de versátil como de dogmático, e isso fascinou-me. Aos 18 anos tomei a decisão de me inscrever na Escola de Hotelaria e Turismo de Viana do Castelo, que superou todas as minhas expectativas em relação a esta área. É um método de ensino que não trabalha só o saber fazer, mas também o saber ser e a disciplina, e isso motivava-me imenso a sair da minha zona de conforto constantemente. É verdade que neste percurso tenho tido sempre o grande privilégio de trabalhar com profissionais que vibram tanto com a hotelaria como eu, e isso é ótimo, porque é feito de equipas, com pessoas… e quando isso acontece, trabalhar em hotelaria não é só trabalhar, é fazê-lo com paixão e garra, dar de nós o nosso melhor e ver as coisas acontecerem.

A hotelaria é muito completa, e a gestão hotelaria é um desafio muito giro, diário e que toca em muitas áreas — na formação de recursos humanos, de que gosto imenso, na entrega dos serviços de forma a potenciar a satisfação de clientes,  e o equilíbrio dos resultados operacionais. Tenho desde os meus 16 anos, a sensação que estou a aprender todos os dias em áreas muito distintas, e ainda hoje, seja de recursos humanos, seja de FB, seja de jardins, quartos, revenue, manutenção, cultura e história, há sempre qualquer coisa onde posso saber mais. É uma área que me surpreende e me desafia todos os dias.

Como foi evoluindo o seu interesse pelas diferentes áreas da hotelaria ao longo da sua formação?

A minha primeira paixão na hotelaria foi o F&B, e é algo de que gosto muito. Com os estágios que fiz tive hipótese de passar por vários departamentos e perceber do ponto de vista operacional como se constroem. Com a formação e a experiência passamos a ter cada vez mais uma visão macro e percebemos que todas as áreas interferem no resultado final. A vontade que esse resultado final seja o que queremos faz com que todos os pormenores sejam bastante importantes e desafiantes, porque é um caminho que se constrói todos os dias.

Comecei a trabalhar aos 16 anos e aos 18 percebi que seria este o meu caminho e a paixão pela área foi-se desenvolvendo.

 Como se desenrolou a sua carreira até chegar à função de diretora de hotel?

Com muitos altos e baixos. Comecei a trabalhar aos 16 anos e aos 18 percebi que seria este o meu caminho e a paixão pela área foi-se desenvolvendo. Ser assistente de direção do Vila Galé Lagos foi uma enorme aprendizagem. É um hotel muito completo, com uma excelente reputação, logo um grande desafio. Aprendi imenso nesse período, com todas as equipas, que tinham excelentes profissionais. Entretanto, passei por outras unidades do Grupo até fazer a abertura do Vila Galé Elvas. A experiência de participar na construção de uma equipa e de uma operação do zero, num local como o interior alentejano é inigualável. Foi um trabalho muito bem conseguido por todas as equipas e respetiva direção e daí surgiu a oportunidade de voltar a fazer uma nova abertura também no interior do Alentejo, mas desta vez como diretora. Neste tipo de projetos não aplicamos apenas os nossos conhecimentos técnicos, damos também de nós aquilo que somos em prol de um bem maior, em que acreditamos.

Em que medida a sua anterior experiência como assistente de direção a preparou para a sua função de diretora de hotel?

Quando és assistente de direção e tens oportunidade de ver os diretores a realizarem todo o tipo de atividades, tens de acompanhar. Como assistente de direção sempre tive uma equipa que me desafiou a responder às responsabilidades ao mais alto nível. Os diretores sempre me incentivaram a participar em todas as decisões — o que me ajudou imenso a ir mais longe —, por isso a responsabilidade sentia-a sempre como minha. Quando trabalhamos em equipa só queremos que as coisas resultem, as funções são muito importantes tecnicamente, mas a vontade de querermos que as coisas aconteçam leva-nos a que quando há necessidade todos pomos a mão na massa.

Que características considera fundamentais para ser uma boa diretora de hotel?

Acredito que o mais importante numa diretora de hotel é a vontade que se tem de fazer acontecer. Cada personalidade com as suas características mais diversas tem coisas muito boas, e por isso devemos potenciá-las ao máximo.

É importante sermos nós próprios desde que haja sempre foco. A enorme vontade de fazer bem feito, de inovar com bons resultados é o que me apaixona. Para isso, e nestes tempos de crise é necessária essa garra e vontade, uma boa capacidade de adaptação e muito autocontrolo.

Há desafios todos os dias, mas o maior é sem dúvida a gestão e desenvolvimento das equipas.

Em que circunstâncias é que os clientes procuram a diretora do hotel?

Sou muito presente na operação dos hotéis e por isso lido muito com os clientes. Diria que sou mais eu que os procuro, do que o contrário.

Quais os principais desafios da sua profissão?

Há desafios todos os dias, mas o maior é sem dúvida a gestão e desenvolvimento das equipas.

Consegue destacar um aspeto positivo e um aspeto negativo de se ter estreado como diretora de hotel em plena pandemia?

Não sei como teria sido doutra maneira, e apesar de querer sempre fazer melhor no futuro estou muito contente com os resultados do presente. Acredito que de forma geral todos nós respondemos com o melhor que tínhamos à pandemia, enquanto diretora, enquanto equipa, enquanto grupo, etc. Há muito aspetos positivos e um deles foi aceitar a vulnerabilidade que tinha enquanto ser humano, enquanto jovem diretora, que necessitava de dar respostas e tomar decisões sobre o desconhecido. Isso passamos todos e só nos fez crescer.

Foi um ano bastante exigente, com mudanças muito radicais. O hotel abriu pela primeira vez no dia 13 de março de 2020, fechou três dias depois por causa da pandemia, e só voltou a reabrir em junho. Muitas vezes, comunicávamos à noite alterações que tínhamos dado de manhã, a uma equipa que estava a trabalhar connosco “há poucos dias”, ou seja, que podia ainda não ter a confiança no ritmo de trabalho normal do grupo, fora da pandemia. Desde a formação inicial de uma equipa muito jovem, aos standards do grupo Vila Galé, à adaptação ao edifício, às mudanças de planos de contingência, à integração e espírito de entreajuda… foi com muita garra que a equipa se dedicou todos os dias para fazer acontecer. Isso é fantástico. Foi muito exigente, sem dúvida, um desafio enorme, mas o espírito e a união da equipa foram fundamentais para ultrapassar as adversidades e tornar tudo muito gratificante.

Os impactos que uma gestão desta traz no interior do pais é muito gratificante!

Como é o seu dia típico?

Todos os dias são mesmo muito diferentes, e isso é uma das partes mais interessantes da minha atividade.

Qual a parte mais aliciante do seu trabalho?

Verificar que as equipas que estão comigo se estão a desenvolver, estão satisfeitas e os clientes também.

Qual a parte mais surpreendente da sua função que ninguém imagina?

Sinto que me desenvolvo não só como profissional, mas sem dúvida como ser humano todos dias. Ver as equipas desenvolverem o seu trabalho e crescerem, os efeitos disso no resultado dos hotéis, mas também na vida das pessoas. Os impactos que uma gestão desta traz no interior do pais é muito gratificante!

Quem é para si a grande referência na sua área?

As minhas grandes referências são pessoas com quem posso dizer que tenho o privilégio de lidar todos os dias. As pessoas que puxam por mim, e que me querem bem são as minhas maiores referências e não posso deixar de dar destaque à direção de operações do Grupo que todos os dias me inspira a ser melhor. O grupo Vila Galé por tudo aquilo que tem alcançado e pelo percurso que está a fazer, com todas as equipas de direções, são grande parte das minhas referências.

Qual o hotel que gostaria de vir a dirigir um dia?

Penso que qualquer operação tem os seus desafios e coisas que podemos aprender. Quero muito manter esta vontade de poder continuar a desenvolver-me, profissionalmente e pessoalmente também, contribuindo no melhor daqueles que me rodeiam. As áreas da hotelaria, da formação e das pessoas são as que sempre me apaixonaram.

É um enorme privilégio estar no Vila Galé em Alter do Chão e sentir isto, ajudar a dar a conhecer a região, ver o impacto nas vidas e economias locais. Estar no interior no país, com esta missão de poder contribuir na alavancagem daquilo que já se faz de melhor, é sem dúvida uma experiência incrível.

Como se mantém atualizada? 

Hoje, as nossas plataformas de atualização são muitas, mas também gosto de ver coisas fora da minha área, onde posso me inspirar com novas ideias.

Que conselho deixaria a uma jovem que ambicione chegar a diretora de hotel?

Acreditar sempre no melhor que tem para dar e nunca se conformar com o alcançado. É importante termos sempre foco, uma boa capacidade de adaptação e autocontrolo. Ter vontade e garra de fazer acontecer coisas boas. Acima de tudo, ser feliz com o que faz.

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