O alvoroço criado pelo press release lançado há uns dias pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que relaciona o aumento do risco de cancro, especialmente do colon e do reto, com o consumo de carne vermelha e processada, deixou uma pergunta na boca do mundo: temos de deixar de comer carne vermelha? Desde a “angústia dos mais carnívoros ao ‘bem te dizia’ dos menos aficionados à proteína animal”, como referiu o suplemento YoDona, do jornal El Mundo, o burburinho ficou lançado.
Mas é mesmo necessário um corte radical? Os especialistas em nutrição, área científica que tanto informação tem publicado nos últimos anos, vieram acalmar os ânimos dizendo que não é necessário eliminar a carne vermelha desde que não se abuse dela. “É uma grande fonte de proteína e minerais, como o ferro, fósforo, magnésio, e selénio (que favorece o crescimento e o desenvolvimento das células e da massa muscular) e de vitaminas do grupo B. Como a B12, essencial para o organismo”, explica a nutricionista Lorena González ao suplemento espanhol.
Nem todos os enchidos apresentam as mesmas caraterísticas.Há que distinguir os altamente processados dos enchidos mais naturais.
Mas o mesmo já não acontece com as carnes processadas, também elas alvo de reparo pelo relatório da OMS, porque “não trazem nenhum benefício à saúde, são excessivamente manipuladas, cheias de corantes, conservantes, aditivos e produtos químicos”, reforça esta especialista.
O nutricionista João Lacerda, da Clínica do Tempo, em Lisboa, corrobora com esta opinião e dá alguns pistas para se continuar a consumir esta carne tão apreciada por muitos (veja caixa).
Até porque, diz a nutricionista espanhola, “consumida uma vez por semana não há razão para que o seu consumo se repercuta negativamente na saúde e podem aproveitar-se todos os seus benefícios. E nem todos os enchidos apresentam as mesmas caraterísticas. Há que distinguir os fiambres altamente processados e com baixo valor nutricional de outros enchidos mais naturais como o presunto ibérico”. Mas mesmo este, por muito famoso que seja, continua a não ser aconselhado diariamente pois não deixa de ser carne processada.
5 DICAS PARA COMER CARNE SEM REMORSOS
O nutricionista João Lacerda, da Clínica do Tempo, aponta um caminho saudável que evita o corte radical com uma carne que também tem benefícios, desde que consumida com conta, peso e medida.
. Ingerir no máximo 3 vezes por semana
. Usar preferencialmente carne biológica
. Preferir vitela a porco, que é menos gorda e usa menos químicos
. Evitar carne fumada e enchidos (o processamento incluir muitos químicos)
. Evitar o churrasco a carvão (presença de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos que são cancerígenos)