Médica da Universidad de Buenos Aires, Mariana Palma Ferreira fez o Juramento de Hipócrates há escassas semanas e está a fazer a especialidade em Gastroenterologia. Mudou-se com a sua família para a Capital Federal ou Cidade Autónoma, como a apelidam os argentinos, há oito anos. Aí tem raízes familiares e hoje domina melhor a escrita em espanhol que em português. “Sei que falo um bocado de portunhol”, confessa. Como muitos habitantes de Buenos Aires, todos os dias vai passear o seu cão Shifu, um schnauzer mini.
A cidade cresceu em torno do seu porto e os seus habitantes (cerca de 13 milhões) são conhecidos por porteños, definidos como “um italiano que fala espanhol e pensa que é inglês”. É considerada “a Paris da América do Sul”, pois é uma metrópole única pela arquitetura de influência europeia e intensa vida cultural, em que se destacam os espectáculos de teatro, música e dança (tango, claro, mas não só) e os muitos museus. A vida noturna é agitada. Eis o roteiro de Buenos Aires.
Onde gosta de passear nos momentos de lazer?
Junto ao rio pela zona norte da chamada “Grande Buenos Aires”. Há jardins, restaurantes, bares, espetáculos na altura do verão. Vale a pena sair do centro da cidade e ir até à zona Norte, San Isidro, Tigre e passear (fora do centro da cidade, pode-se ir de comboio).
O prato que não podemos deixar de experimentar?
Para os carnivoros: a carne! Um simples asado (carne grelhada). Há vários restaurantes na zona de Puerto Madero que valem a pena, como por exemplo Cabaña Las Lilas. Obviamente, empanadas também. É arriscar e experimentar. Está cheio de lugares para comprar empanadas. E também doces. Os argentinos adoram doces (eu também), e os estrangeiros costumam achar que põem demasiado açúcar em tudo. Os gelados são muito bons. Agora, estão a surgir em palito como as Guapaletas, mas o típico é o gelado que se compra ao quilo! Lugares como Fredo, Volta, Persico, Daniel. Também vale a pena ir tomar el té (lanchar) a Pani e pedir uma chocotorta (atenção que as porções são gigantes; tudo no menú é para dividir). Não se pode deixar de experimentar medialunas e sandwiches de miga (lugares como Maria Victoria, Maru Botana, Defayne também para lanche ou pequeno almoço). E mate, uma infusão que se toma de forma partilhada. A não perder.
Qual o melhor programa na cidade?
A zona a não perder?
E o local muito recomendado mas que não vale a pena?
Para mim, não vale muito a pena é Caminito, no bairro La Boca. É demasiado turístico e consiste numa só rua com edificios coloridos que retratam os conventillos, casas onde viviam os primeiros imigrantes.
Onde faz as suas compras de roupa e sapatos?
Para roupa e sapatos há muitas marcas nacionais. É fácil encontrá-las nos centros comerciais como Alto Palermo, Unicenter. Devido à inflação os preços agora estão muito exagerados.
Onde faz as compras diárias ou semanais?
As compras semanais fazem-se em supermercados como Disco ou Coto e verdulerías para frutas e vegetais.
O que podemos comprar em BA?
Algo típico para comprar são alpargatas como as Paez, mas que estão por todo o lado de marcas variadas porque são os típicos sapatos que se usam no campo, cintos de couro, facas, bijuteria (pulseiras de prata para as meninas) que se podem conseguir em talabarterías (como Arandú) ou numa loja que se chama Cardon que também está em centros comerciais.
O que mais gosta na cidade?
O que mais gosto em Buenos Aires é a vida da cidade. A possibilidade de fazer programas com amigos, seja pela oferta seja pela predisposição das pessoas.
O que menos gosta?
O tamanho da cidade. No dia-a-dia é fácil fazer quilómetros e quilómetros e perder muito tempo no trânsito.
Como define as mulheres da cidade?
As mulheres são muito seguras de si mesmas, com uma forte preocupação estética. Estão a profissionalizar-se cada vez mais e isso vê-se na relação de alunos/alunas que existe nas universidades. Justamente é o que está a mudar na cidade.
Qual a mulher que melhor retrata o espírito de BA?
Prefiro escolher várias mulheres argentinas que se destacam na área das ciências: María Alejandra Molina, Andrea Quiberoni e Natalia Andersen. Ganharam o prémio L’Oréal – Unesco à excelência científica. Desde o seu nascimento, a Argentina destacou-se na área da investigação e é emocionante ver cada vez mais mulheres serem reconhecidas.
Paula Pareto é uma judoca com medalha de ouro olímpica e, também, médica. Creio que representa bem esta cidade e o país em geral, pois reflete a cultura do desporto e a capacidade de trabalhar em vários campos ao mesmo tempo. É uma sociedade muito activa, as pessoas têm muitos hobbies, participam em actividades muito diversas.
Que hábitos ganhou nessa cidade que não tinha em Portugal?