Resoluções de Ano Novo

Todos os anos é a mesma coisa: antes do dia 31, ou mesmo no próprio dia, começo a pensar nas resoluções para o ano seguinte. Tenho doze passas para comer, uma por cada objetivo ou desejo. Revejo mentalmente o que me fará uma melhor pessoa, me poderá preencher o ano, ensinar-me coisas novas, etc.

O ano passado desejei ler mais livros, fazer mais ginástica, fazer uma formação nalguma coisa diferente.

Tudo isso se concretizou, ou melhor, eu fiz por isso: peguei nos livros todos que tinha por ler e pu-los na minha mesinha de cabeceira. Todos os dias, ou sempre que entrava no quarto, via a pilha de papel para folhear e, confesso, punha-me nervosa. Não descansei enquanto não diminuí a torre e, depois, desleixei-me. Mas li mais do que em 2023, é um facto, e foi bom.

Já fazer mais ginástica também, fui mais coerente, encontrei horários que fui cumprindo e tive amigas a puxar por mim quando me sentia a desmotivar.

Já a formação, contei aqui que fiz um curso de cake design, que me deu um gozo enorme e acabei por descobrir que fazer bolos é a minha meditação ativa. Também é a minha fonte de stress e nervos, mas antes a fazer bolos que no resto, não é?

O que eu não vos estou a contar é das outras resoluções todas que eu não cumpri. Estão escritas no meu telemóvel e fazem-me sentir mal, até porque muitas delas só dependiam de mim.

Isso fez-me parar para pensar se, afinal, estas resoluções são assim tão benéficas para o ano que começa?

Se optar por um objetivo concreto, importante para nós, que temos vindo a atrasar, e que possa ser razoável de estabelecer como prioridade para o ano que se avizinha, será que fazer uma lista de metas tão exigente nos ajuda, de facto?

Senão, vejamos o meu caso:

  • A pressão para atingir o resultado criou-me stress facilmente evitável. No caso da leitura, por exemplo, ter o monte de livros por ler não foi relaxante nem uma fonte de prazer, mas antes ver a leitura como uma obrigação
  • A vida acontece por entre as nossas resoluções – muitas das que não atingi foi porque não tive em conta os obstáculos normais de uma vida profissional e pessoal atarefada.
  • Fui demasiado ambiciosa – fazer tudo aquilo em 12 meses era praticamente impossível, até financeiramente.

Não consegui apagar a sensação de fracasso no imediato, mas depois, friamente, analisei concretamente porque não fiz tudo a que me propus. E, enfim, lá me desculpei.

Diz um estudo que apenas 19 % dos nossos propósitos de final do ano são ultrapassados. Provavelmente, o melhor é abraçarmos esta estatística e sermos mais gentis connosco na sua definição ou na sua avaliação, quando chegamos ao fim dos 12 meses e nos apercebemos que ficou tanto por fazer.

Por isso, este ano decidi que não ia tomar resolução nenhuma.

Ou melhor, minto, escolhi uma só: vou fazer o melhor que puder. E logo se verá.

 

Inês Brandão é fundadora e Global Business Manager da Frenpolymer. Leia mais artigos de Inês Brandão.

Publicado a 09 Janeiro 2025

Partilhar Artigo

Parceiros Premium
Parceiros