“Boston, good jobs. Portugal, family!”

Na véspera de voar para Portugal, onde vou ficar seis semanas, apanhei um uber para me deslocar à estação de metro. O condutor, um senhor da Albânia muito simpático mas com um Inglês muito limitado, pergunta-me, em conversa de circunstância, se eu gosto de viver nos Estados Unidos. A minha resposta apanha-me desprevenida. Sem responder sim, ou não, digo que “preferia viver em Portugal”. E acrescento num inglês que se faça entendido “Boston, good jobs. Portugal, family!” Ele riu-se, deu-me os parabéns pelo bebé e pediu-me que quando saísse do carro lhe desse cinco estrelas “5 stars important in America”, como se eu não soubesse que aqui o que conta é a excelência do trabalho. O resto, em bom ou mau inglês, ambos sabemos que temos que “figured it out!”.

Gosto de viver em Boston. Digo e, repito, que é a cidade dos meus sonhos de investigadora. É aqui que vejo o meu trabalho como cientista ter um impacto no mundo das novas terapias. Mas eu não sou só a Ana cientista e se, até Fevereiro, era a Ana filha, esposa, neta, irmã e amiga, no dia 12 fiquei também a ser a Ana mãe. E, isso, muda tudo. Continuo a gostar de Boston, mas nos últimos meses, o que eu gostava mesmo era de ter a minha mãe ao pé de mim. De ver o meu filho Frederico brincar com o primo Afonso. De ter estado presente no dia em que a minha sobrinha Amélia nasceu. De ir almoçar ao fim de semana a casa dos meus pais ou sogros, de passear pela margem do rio sem me sentir tão sozinha, de ter quem dê colo ao meu filho. E quem me dê colo a mim.

Acho que é este colo que me faz preferir Portugal. Porque por mais incrível que seja trabalhar aqui, é em Portugal que tenho o apoio que preciso para ser a Ana mãe.

Saí do uber, dei-lhe 5 estrelas e 5$ de gorjeta. Afinal, não precisamos de falar inglês perfeito para entendermos que não há nenhum lugar do mundo como aquele onde temos a nossa família.